Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

segunda-feira, 10 de agosto de 2020

Janelas em Beja



* Victor Nogueira



Nas minhas photoandarilhices fotografo sistematicamente pelourinhos e estações ferroviárias com painéis de azulejos. Mas para lá disso portas, janelas, aldrabas, cruzeiros, coretos, faróis, placas toponímicas em azulejaria, que se me afigurem interessantes ou de realçar. Se Águeda e Caldas da Rainha por exemplo, se distinguem pelas suas originais e diversificadas placas toponímicas, Beja tem um lugar especial quanto às janelas cujo formato despertou a minha atenção.

A janela à esquerda, de adufas de madeira, localiza-se na fachada lateral de um edifício, que dá para a Travessa do Ulmo. É exemplar único dos muitos que existiam no burgo, réplica de uma estrutura original que alguns autores datam do século XVIII. Este tipo de janelas tem origem árabe; permitiam a ventilação ou arejamento da casa e mantinham a privacidade, incluindo ver a rua sem ser visto. 











Para terminar, uma janela com história, a de Soror Mariana Alcoforado,  no Museu Regional de Beja (Convento de Nossa Senhora da Conceição); esta teria sido a janela referenciada numa das célebres Cartas Portuguesas, escritas ao cavaleiro Marquês de Chamilly., que na freira  despertou uma avassaladora paixão amorosa. 


fotos victor nogueira
em 1999.02
rolos 384 a 388

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