Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

quinta-feira, 20 de agosto de 2020

Feira da Luz, em Carnide, Lisboa

* Victor Nogueira

Situa-se no termo de Carnide;  no largo da Luz encontramos o Santuário de N. Sra da Luz, erguido sobre uma ermida construída em 1464, reconstruída com maior imponência em 1556, parcialmente destruída pelo terramoto de 1755, dele restando apenas a capela-mor, o que dá um aspecto insólito à traseira do edifício. 

(...) Defronte ao Santuário está um palacete rosa, transformado em Seminário dos Franciscanos - no muro tem uma pedra lápide da Câmara Municipal de Belém, indicando que foi ela que mandou construir o Largo da Luz em 1862. 

(...) O Largo, arborizado, tem marcado no chão os "lugares" para a feira anual para além dum pequeno lago de água esverdeada pelos limos e dum monumento ao Colégio Militar, do "Valor, Lealdade e Mérito". A feira, que remonta à Idade Média, realiza se anualmente durante o mês de Setembro. Ligando a Luz a Carnide situa-se o Largo da Pimenteira  arborizado e com pequeno fontanário, donde se avista, defronte ao Santuário, uma casa de dois pisos, arruinada, que possivelmente o camartelo destruirá e com isso vestígios doutros tempos. Quando voltei à feira da Luz, decorridos muitos anos, pareceu-me mais pequena, confinada ao largo e já não se estendendo ao longo da estrada da Luz, como supunha na minha memória.

Em zonas demarcadas, vende -e olaria e louças, artigos de cozinha, "comes e bebes", flores, roupa, cassetes de música pimba, mobiliário, candeeiros, brinquedos .... E não faltava o vendedor ambulante, espécie em extinção, em cima do camião cheio de mercadoria, de muita lábia e coração "generoso", aparentemente vendendo tudo ao desbarato, com (aparente) "desespero" da mulher, e que não deixou que o fotografasse, tapando ostensivamente a cara com a mercadoria sempre que via a máquina apontada. (Notas de Viagem, 1997)





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fotos em 1997 (rolo 203)

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