Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

sábado, 24 de abril de 2010

Fotografia: os Encontros que “mudaram” a imagem, em Coimbra

 
Lídia Pereira


Coimbra, 1980. Numa das secções culturais da AAC nascia um evento que, como outros pensados no edifício da Padre António Vieira, haveria de fazer história.

Quando as portas do Centro de Artes Visuais (CAV), em Coimbra, no Pátio da Inquisição, se abrirem amanhã à noite para darem lugar à inauguração de mais uma das suas produções, estarão a marcar um momento que ficará na história do projecto e da cidade.

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Então, com as exposições “Dessine-moi un voyage”, de Jean-François Pirson, e “A$T”, mais um momento Projectroom, desta vez assinado por Joana Bastos, o CAV assinala os 30 anos passados sobre a criação dos Encontros de Fotografia de Coimbra. Oportunidade para recuperar a memória de um evento que, partindo de Coimbra, marcou como poucos a dinâmica cultural do país.

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Não será muito, mas três décadas - das quais uma é de “interregno” - são suficientes para introduzirem um vácuo imenso na memória cada vez mais efémera de uma comunidade urbana maioritariamente estudantil. O que não é verdade para toda uma geração que “nasceu” para Coimbra com os “encontros” e que alimenta, hoje ainda, alguma nostalgia, muito fomentada pela desatenção crescente da cidade para alguns dos seus mais estruturantes projectos culturais.

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Nascidos em 1980, os Encontros de Fotografia de Coimbra moldaram a cultura da imagem fotográfica em Portugal, mas não conseguiram resistir a um conjunto de condicionalismos locais e nacionais que, cruzados, ditaram há uma década a “suspensão” do festival.

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Ainda que sem o projecto que criou em Portugal a cultura da imagem fotográfica, Coimbra “herdou” dos Encontros de Fotografia um espaço e uma colecção, notáveis, ambos. Espaço que amanhã irá abrir-se de novo, para mostrar duas novas exposições nascidas da teimosa persistência de uma equipa, liderada desde sempre por Albano Silva Pereira.

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Desta vez, a grande proposta centra-se no “universo da viagem”. Através da obra de Jean-François Pirson, todos são convidados a um longo itinerário a passar por lugares tão díspares como Bruxelas, Montreal, Lisboa, Porto, Marraquexe, Cairo, Alto Atlas, Daca, Damasco, Teerão ou Pequim. 

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Ao longo dos últimos 30 anos - todos os que passaram desde que, em Maio de 1980, aconteceu a primeira edição dos Encontros de Fotografia de Coimbra -, muito mudou na cultura da imagem fotográfica em Portugal. Estabelecida e cimentada com o festival que transformou Coimbra e, por consequência, Portugal, num dos mais significativos pólos de divulgação da vanguarda mundial da arte fotográfica, nem por isso foi possível manter o evento que, durante duas décadas, criou públicos e permitiu a emergência de nomes hoje fundamentais.

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Para bem da memória e do percurso, ficou o Centro de Artes Visuais - esse espaço magnífico que Coimbra tem a obrigação de tratar melhor ou, pelo menos, com mais eficácia -, e ficou ainda uma colecção invejável a todos os títulos.

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Mantendo acesa a esperança que o bom senso prevaleça e o trabalho fundador e fundamental dos Encontros de Fotografia de Coimbra seja retomado e, desejavelmente, ampliado a outros campos que durante anos foram alimentado sonhos e projectos, há que festejar o facto de ciclicamente, as portas do Centro de Artes Visuais se abrirem para um novo encontro com a fotografia.
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http://www.asbeiras.pt/?area=cultura&numero=82346&ed=23042010
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CAV de Coimbra mostra obra fotográfica do belga Jean-François Pirson

por Agência Lusa, Publicado em 23 de Abril de 2010  |  Jornal i - Actualizado há 8 horas


O Centro de Artes Visuais (CAV) de Coimbra inaugura sábado uma exposição do fotógrafo belga Jean-François Pirson, que retrata as errâncias do artista por vários locais do mundo.
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“Dessine-moi un voyage” é o título da exposição, que se centra no universo da viagem. Um diário de viagem do artista que tem início em Bruxelas e passa por lugares tão distintos como Montreal, Lisboa, Porto, Marraquexe, Cairo, Alto Atlas, Daca, Damasco, Teerão ou Pequim.
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Trata-se de “um itinerário longo, com características culturais, sociais, humanas e paisagísticas diversas e complexas”, refere uma nota de divulgação do CAV.
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“Um diário de viagem. É o que Jean-François Pirson nos apresenta, através de desenhos, colagens, pequenos textos, de um ou outro objeto, mas, sobretudo, através de fotografias”, acrescenta.
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Arquiteto de formação e pedagogo, segundo os organizadores - Jean-François Pirson “trabalha em torno da pesquisa sobre o espaço e o movimento, na sua relação com o individual e com o social, num mapeamento de lugares, modos de vida, paisagem, pessoas”.

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