Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

quarta-feira, 3 de março de 2010

Hildegard Rosenthal - Fotos revelam SP dos anos 30 e Buenos Aires no auge



Estadão.com.br - segunda-feira, 1 de março de 2010, 12:02 | Online
 

Fotos revelam SP dos anos 30 e Buenos Aires no auge

AE - Agencia Estado
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SÃO PAULO - A cidade é sempre fascinante para olhares atentos. Um detalhe de uma janela, a fachada de um prédio, as pessoas que a habitam. Que dizer então quando olhares conseguem acompanhar o desenvolvimento e o crescimento dessas cidades que aos poucos, cada uma à sua maneira, vão se constituindo no hábitat, no centro das relações humanas, na certeza de pertencer a algum lugar.
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Com esse intuito, as imagens de dois fotógrafos que na mesma época registram, ou melhor, retratam cada um ao seu modo duas importantes cidades da América Latina: São Paulo e Buenos Aires. Uma fotógrafa alemã que descobre um novo lugar, Hildegard Rosenthal (1913-1990), considerada uma das pioneiras do fotojornalismo brasileiro, e Horacio Coppola (1906), que documenta sua cidade natal, Buenos Aires, no momento de seu apogeu, quando ela se constitui da maneira como a conhecemos hoje.
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Imagens diversas, que se distinguem na intencionalidade, mas se reencontram na forma: visões que procuram entender a cidade, a metrópole que começa a se apresentar à sua frente. Em São Paulo, a cidade vista por uma fotógrafa alemã que chega ao Brasil nos anos 30 fugindo do nazismo e já fotógrafa de profissão. Ao chegar aos poucos, até como forma de conhecer a cidade, ela começou a fotografá-la, a desvendá-la procurando ângulos inusitados, curvas, linhas, geometria. Não à toa, percebe-se em suas imagens influência da escola alemã Bauhaus.


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Mesmo assim, em seu olhar curioso, o retratar a cidade vai se desvendando, chamando sua atenção para o não conhecido, mas sem ser exótico. A câmara fotográfica como forma de conhecer, de se aproximar e, por que não dizer, de integração social. Uma São Paulo dos anos 1930, uma São Paulo da garoa, da moças comendo melancia no meio da rua, dos bondes, dos senhores engravatados, dos trabalhadores. Uma cidade em construção, uma metrópole que está por vir. Um olhar livre de uma fotojornalista que, sem pretensão nenhuma, procura trazer uma centelha de novidade ao que os nossos olhos estão habituados a ver. Não um registro oficial, mas um olhar jornalístico sem deixar de lado uma forma poética do descobrimento.

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Conversando com as imagens de Hildegard, o também fotojornalista Horacio Coppola fotografa sua cidade natal. Se ele não tem o descortinar do desconhecido, tem a vontade de mostrar ângulos inusitados que fogem ao déjà vu. O momento no qual Buenos Aires cresce e se coloca como cidade. Assim como sua colega, Coppola também registra a presença humana, já que sem ela a cidade não existe. As vitrines, os outdoors, o homem transformando e sendo transformado pela cidade. O fotógrafo que registra aquele momento que é seu, único e poético. Que deixa inscrita sua visão particular, seu retrato de uma cidade. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Serviço - Profissão: Fotógrafo. Museu Lasar Segall. Rua Berta, 111, Vila Mariana, São Paulo. Tel. 5574-7322. De 3.ª a sáb., das 14h às 19
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Instituto Moreira Salles

Hildegard Rosenthal

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Obra fotográfica constituída por cerca de 3.400 negativos da autora alemã (1913-1990), que começou a fotografar no Brasil, mais especificamente em São Paulo, no final da década de 1930. Considerada uma das pioneiras do fotojornalismo brasileiro, registrou paisagens e cenas urbanas de diversas cidades, tipos humanos e retratos de personalidades do meio cultural e artístico de sua época.
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 Imagens desta coleção em processo de catalogação
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Enciclopédia Itaú Cultural - Artes Visuais
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Rosenthal, Hildegard (1913 - 1990)        


Biografia
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Hildegard Baum Rosenthal (Zurique, Suíça 1913 - São Paulo SP 1990). Fotógrafa. Vive até a adolescência em Frankfurt, Alemanha, onde estuda pedagogia, de 1929 a 1933. Mora em Paris entre 1934 e 1935. De volta a Frankfurt, estuda fotografia com Paul Wolff (1887-1951) - um especialista em câmeras de pequeno formato - e técnicas de laboratório no Instituto Gaedel. Em conseqüência do regime nazista transfere-se para São Paulo, em 1937. Nesse ano, começa a trabalhar como orientadora de laboratório na empresa de materiais e serviços fotográficos Kosmos. Poucos meses depois, é contratada como fotojornalista pela agência Press Information, e realiza reportagens para periódicos nacionais e internacionais. Nesse período, documenta São Paulo, Rio de Janeiro, o interior paulista e cidades do sul do Brasil, além de retratar diversas personalidades da cena cultural paulistana, como o pintor Lasar Segall (1891 - 1957) e o escritor Guilherme de Almeida (1890 - 1969). Interrompe sua atividade profissional em 1948 com o nascimento da primeira filha. Em 1959, após o falecimento do marido, assume a direção da empresa da família. Suas fotos permanecem pouco conhecidas até 1974, quando o historiador da arte Walter Zanini realiza uma retrospectiva de sua obra no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo - MAC/USP. No ano seguinte, o Museu da Imagem e do Som de São Paulo - MIS/SP é inaugurado com a mostra Memória Paulistana, de Hildegard Rosenthal. Em 1996, o Instituto Moreira Salles adquire mais de 3 mil negativos de sua autoria.





Atualizado em 11/11/2008 
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Autores: Hildegard Rosenthal - Coleção Pirelli / MASP de Fotografia


Zurique, Suíça, 1913 — São Paulo, SP, 1990

Biografia

Estudou fotografia com Paul Wolf em Frankfurt. Veio para o Brasil em 1937, radicando-se em São Paulo. Trabalhou como correspondente da agência Press Information, produzindo reportagens culturais para o Brasil e o exterior. Colaborou com o jornal O Estado de S. Paulo e a revista A Cigarra. Em suas reportagens documentou a cidade de São Paulo e o interior do estado, além de algumas cidades do sul do país. Retratou ainda personalidades da cultura brasileira. Fotografou profissionalmente até os anos 1950. Em 1977 foi homenageada durante a 14ª Bienal Internacional de São Paulo. Em 1996 o Instituto Moreira Salles adquiriu seu arquivo de aproximadamente 3.000 negativos. 
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Mostras individuais

1974 – Hildegard Rosenthal: fotografias, Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo
1981 – Salão Fuji, São Paulo
1984 – Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo
1999 – Hildegard Rosenthal: cenas urbana, Instituto Moreira Salles, São Paulo

Exposições coletivas

1975 – Memória Paulistana, Museu da Imagem e do Som, São Paulo
1977 – 14ª Bienal Internacional de São Paulo
1979 – 15ª Bienal Internacional de São Paulo
1980 – O homem brasileiro e suas raízes culturais, Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand
1980 – 1ª. Trienal de Fotografia, Museu de Arte Moderna de São Paulo
1992 – Retrato de artista, Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand
1993 – Fotografia Brasileira Contemporânea: anos 50 a 70, 1º. Mês Internacional da Fotografia, Sesc Pompéia, São Paulo
1996 – Brasil, um refugio nos trópicos, Centro Cultural São Paulo
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