Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

quarta-feira, 23 de março de 2022

Fotos de capa em março 23

 * Victor Nogueira


2022 03 23 Foto victor nogueira -Penedono - Castelo e pelourinho (Rolo 438 - 1999 10 31)


2021 03 23 100 Mil Anos de Lutas Mil Luís Cília, John Lennon, Mercedes Sosa, Leo Ferré, Joan Manuel Serrat, Pete Seeger, Joaquín Diaz


2020 03 23 Antero de Quental no Tesouro Poético da Infância

Vozes dos Animais, por Pedro Diniz (1839?-1896) e recolhido por Antero de Quental no Tesouro Poético da Infância.
Palram pega e papagaio
E cacareja a galinha;
Os ternos pombos arrulham;
Geme a rola inocentinha.
Muge a vaca; berra o touro;
Grasna a rã; ruge o leão;
O gato mia; uiva o lobo,
Também uiva e ladra o cão.
Relincha o nobre cavalo;
Os elefantes dão urros;
A tímida ovelha bala;
Zurrar é próprio dos burros.
Regouga a sagaz raposa
(Bichinho muito matreiro);
Nos ramos cantam as aves;
Mas pia o mocho agoureiro.
Sabem as aves ligeiras
O canto seu variar;
Fazem às vezes gorjeios,
Às vezes põem-se a chilrar.
O pardal, daninho aos campos,
Não aprendeu a cantar;
Como os ratos e as doninhas,
Apenas sabe chiar.
O negro corvo crocita;
Zune o mosquito enfadonho;
A serpente no deserto
Solta assobio medonho.
Chia a lebre; grasna o pato;
Ouvem-se os porcos grunhir;
Libando o suco das flores,
Costuma a abelha zumbir.
Bramam os tigres, as onças;
Pia, pia o pintainho;
Cucurica e canta o galo;
Late e gane o cachorrinho.
A vitelinha dá berros;
O cordeirinho, balidos;
O macaquinho dá guinchos;
A criancinha, vagidos.
A fala foi dada ao homem,
Rei dos outros animais.
Nos versos lidos acima,
Se encontram, em pobre rima,
As vozes dos principais.



2020 03 23 Foto victor nogueira   Caneças - caixa de alarme dos bombeiros - 1999 07 10

«CANEÇAS - Conhecida pela sua água e lavadeiras, estas do tempo em que vinham à cidade trazer a roupa lavada e levar a suja da burguesia, no tempo em que não havia máquinas de lavar.
A povoação tem algumas quintas, muitos fontanários e um imponente aqueduto. Para o arborizado largo da igreja matriz dão algumas quintas» (NOTAS DE VIAGENS - 1999.07.10)
As lavadeiras de Caneças ficaram imortalizadas no filme de Chianca de Garcia "Aldeia da Roupa Branca", protagonizado por Beatriz Costa, uma comédia de época, de meados de 1900.
Uma quadra popular retrata as lavadeiras de Caneças: "Mê ofício é lavadeira

Mê amor é aguadeiro
Ele vai vender a água
Eu vou entregar a roupa
Para trazer o dinheiro"


2019 03 23 foto victor nogueira - mini mercado em Vila do Conde


2017 03 23 foto victor nogueira - Oeiras Igreja de S. Julião da Barra, na Avenida D. João I - Decididamente não gosto da arquitectua exterior dste templo religiosos, que se assemelha vagamente aos açorianos


2015 03 23 Foto de família - Luanda - avenida da praia do bispo, nº 40 / 42

Conjuntamente com o do Cruzeiro, este era um dos bairros residenciais do Estado para funcionários públicos. Defronte ficavam a baía e a ilha do cabo e para lá destas o oceano atlântico e o brasil.
RAÍZES
.............Maianga Maianga
.............Bairro antigo e popular
.............Da velha Luanda
.............Com palmeiras ao luar ..."
.............''A Praia do Bispo
.............Cheiinha de graça
.............De manha á noite
.............Sorri a quem passa ..."
............(das Marchas Populares em Luanda)
.
Longo era o bairro ao longo da marginal
Longo era o bairro do morro de S. Miguel ao morro da Samba
Grande era o bairro e grandes as casas
No meio o bairro operário e a igreja de S.Joaquim,
estreitas as ruas, pequenas as casas.
Nas traseiras, o morro, [ou barrocas]
no alto o Palácio,
Na frente a larga avenida,
o paredão, as palmeiras e os coqueiros
a praia que já não era do Bispo
mas das pedras, dos limos e dos detritos.
Mais além a ilha que era península
com a sanzala dos pescadores
casas de colmo no areal
da extensa e boa praia
o mar sem fim.
Em Luanda nasci
Em Luanda vivi
Em Luanda estudei
Não Angola mas Portugal
Todos os rios e afluentes
Todas as linhas férreas e apeadeiros
Todas as cidades e vilas
Todos os reis e algumas batalhas
as plantas e animais
que não eram do meu país.
De Angola
pouco sabíamos
até ao 4 de Fevereiro, até ao 15 de Março
Veio a guerra e
....................a mentira
que alimenta
..................a Guerra,
Veio a guerra e a violência
veio a guerra e a liberdade.
Em Évora a 11 de Novembro
Em Luanda a bandeira do meu país
no mastro subiu.
Era o tempo da liberdade e da esperança.
No Porto
Em Lisboa
Em Évora estudei
Em Évora casei
Em Évora vivi e nasceram o Rui e a Susana.
Em Setúbal moro e no Barreiro trabalho
Perdidos os amigos,
perdida a infância
Estrangeiro ......sem raízes ......sou em Portugal.

Victor Nogueira
1989
Victor Nogueira
1989


2014 03 23 Vou apanhar sol. Quem vier a tempo - hoje - é meu convidado para lanchar - sem tretas - ali no café Bandarra, no cimo das escarpas de S. Nicolau, com a serra e o estuário e Setúbal e Tróia e o mar-oceano como fundo. Basta telefonarem-me, avisando.
😛

2013 03 23 Foto Victor Nogueira - nascer do sol em Setúbal, visto da casa onde moro, no cimo duma torre no alto duma encosta 

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