Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

terça-feira, 29 de março de 2022

Fotos de capa em março 29

 * Victor Nogueira


F2022 03 29 - foto victor nogueira - Coimbra - Painel azulejar evocativo de José Afonso (2000)

«Nesta casa viveu o trovador da Liberdade, José Afonso (o Zeca) // Em cada esquiina um amigo / Em cada rosto igualdade / O Povo é quem mais ordena / Dentro de ti, ó cidade» (Comissão Promotora das Comemorações Populares do 25 de Abril 1987) -autor do retrato - J M Duarte


Grândola Vila Morena, por José Afonso


2021 03 29 foto victor nogueira - luz e sombras ao amanhecer


2020 03 29 Foto Victor Nogueira - Sé de Braga - 1998.06.07  (rolo 349) -

Na Idade Média muitas das Sés estavam cercadas de ruelas estreitas. Ao longo do tempo foi-se defrontando o espaço em torno delas, designadamente na frontaria, como sucedeu no Porto. Mas aqui em Braga não há defronte da Sé qualquer adro mas uma rectilínea rua.
~~~~~~~~~~~~~~~~~
À confusão da cidade moderna, o sossego do centro histórico merece referência. O que deveria ser talvez designada por Rua Direita dá origem às ruas D. Diogo de Sousa e do Souto, ligando respectivamente o Campo das Hortas (e Arco da Porta Nova) ao Largo do Barão de S. Martinho (Café a Brasileira) e à Praça Central. Paralela, uma rua mais pequena, de D. Paio Mendes, no topo da qual se encontra a Sé, como que “encravada” nos edifícios. Fundada pelo Conde D. Henrique e anterior à fundação de Portugal, foi embelezada por sucessivos arcebispos que nela também queriam deixar marca e memória, numa simbiose de vários estilos, desde o românico ao gótico passando pelo barroco. 

Contudo nem sempre os resultados  terão sido os melhores: o actual claustro é pobre, o frontal do altar mor, em pedra de anção, com delicadas e expressivas figuras, é apenas uma parte do primitivo que se perdeu, os túmulos dos fundadores do condado portucalense foram desalojados para que o sítio albergasse a nobre capela mortuária dum  bispo. Também o claustro não tem grandeza, substituindo o primitivo românico, e nele se encontram várias capelas tumulares, entre as quais as de D. Teresa e D. Henrique. Aliás são de referir pela sua beleza os túmulos do Príncipe D. Afonso (gótico-flamengo), do conde D. Henrique (sec. XVI), do Bispo D. Gonçalo Pereira (séc.XIV). Por um pátio exterior acede-se à chamada capela de S. Geraldo, sob cuja arca tumular se encontra o corpo incorrupto do bispo homónimo.

O recheio do museu de arte sacra anexo é exemplificativo do luxo e sumptuosidade que cercavam a maioria dos bispos bracarenses, contrastando com a pobreza doutros bispados como os de Castelo Branco ou da Guarda.  (NOTAS DE VIAGENS - 1998.06.03)


2019 03 29 auto-retrato em 2019.03.29

2019 03 29 foto victor nogueira - o Bairro do Troino, em Setúbal, visto do Outeiro da Saúde. À esquerda a Igreja da Anunciada e ao fundo o Forte de S. Filipe, na Serra da Arrábida

2017 03 29 foto victor nogueira - Oeiras - Quinta da Junção do Bem - moinho de vento, americano


2016 03 29 foto victor nogueira - Setúbal - põr do sol com o Estuário do Sado e a Serra da Arrábida


2014 03 29 foto victor nogueira - o rui e as suas magias (com  fato e a gravata do pai) - [...] 


1.
Os livros e as pessoas
Dizem que os livros são os nossos melhores e maiores amigos.
Mas os livros não se sentam á nossa beira,
nem têm olhos, nem sorriem
nem nos abraçam,
nem connosco passeiam pela rua, pelo campo.
Nada podemos dar aos livros
senão as letras dos nossos pensamentos
ou um pouco de nós
para que chegue aos outros.
.
Os livros têm os olhos que nós temos.
E os seus lábios são os nossos lábios.
Porque se os livros tivessem olhos
e lábios e mãos e dedos
seriam talvez pessoas
mas nunca livros.
Victor Nogueira (1969, exilado, em évioraburgomedieval)


Sem comentários: