* Victor Nogueira
Braga - Estação ferroviária perto do centro histórico, que agora ficou excêntrico face ao desenvolvimento urbano. Porta Nova, dando acesso ao centro histórico e ligando a outra praça, no outro extremo. Edifícios característicos, predominando o granito nos cantos ou em todo o edifício, e janelas de guilhotina. Ruas relativamente largas. Fachadas em pedra trabalhada, poucas c/ azulejos. Sé com duas torres sineiras, não com telhados mas sim com espécie de coros. Obras em parte da parte velha -» calcetamento -» rede de ferro coberta com cimento. Tábuas para peões passarem.
Largo do Conde de Agrolongo - em tudo o que é beiral e cornija dormem pombos à noite. Estátua de bronze com verdete, do Marechal Gomes da Costa, olhando em frente, botas de cavalaria, o pé direito sobre uma pedra, em pose de caçador, pingalim na mão direita - resistiu ao 25 de Abril, tal como a ponte Marechal Carmona, em Vila Franca de Xira. Lar do Conde de Agrolongo, emigrante no Brasil no século XIX
Aqui foi o antigo campo da vinha, rectangular, com enorme edifício numa face, noutra uma igreja e convento e nas duas restantes casas como no Porto antigo. Edifício "moderno", dissonante, espelhado, no centro, da Pizza Hutt. Estacionamento subterrâneo. Janelas com molduras brancas de madeira, trabalhadas.
No alinhamento da avenida central, arborizada, lá ao fundo, o monte verdejante do Bom Jesus. Nesta avenida edifícios pesados, de granito. Um tem dois cães alados. É a rua das sapatarias e da moda. Café Sporting em frente à Casa do Benfica. (Note-se que perto do Hotel da Estação fica o Café ... Benfica).
Em vez de adufas as janelas têm gradeamento de ferro trabalhado até meia altura.
Fonte do Raio - acesso temporariamente interdito, por motivo de obras. Nas fotografias parece-me esteticamente desinteressante. Só vi verdura e o rumor de água a correr. Ao lado será instalada a videoteca municipal, num edifício também em obras. A seguir ao edifício "rocaille" fica o Largo Carlos Amarante - 2 igrejas - uma pertencendo ao antigo Hospital de S .Marcos - e uma fonte estilo obelisco.
Não há livrarias no Centro, onde se situa a Universidade do Minho (!). Igreja do Carmo, insólita com a sua torre sineira central. Igreja da Senhora a Branca, com azulejos na fachada - no interior o padre celebra a missa para um único assistente, um miúdo. Igreja de S. Victor, com duas estátuas na fachada, talha dourada no interior, azulejos historiados; a assistência à missa é mais numerosa.
Rua dos Chãos, 48/50. Igreja de S. Vicente (fachada e interior). Rua de S. Marcos (Casa das tabuinhas) Porta de S. Tiago e Igreja dos Jesuítas, despojada face ao barroquismo da maioria das restantes igrejas.
Rua D. Frei Caetano Brandão - casa com torre "romântica" + 3 casas.
À confusão da cidade moderna, o sossego do centro histórico merece referência. O que deveria ser talvez designada por Rua Direita dá origem às ruas D. Diogo de Sousa e do Souto, ligando respectivamente o Campo das Hortas (e Arco da Porta Nova) ao Largo do Barão de S. Martinho (Café a Brasileira) e à Praça Central. Paralela, uma rua mais pequena, de D. Paio Mendes, no topo da qual se encontra a Sé, como que “encravada” nos edifícios. Fundada pelo Conde D. Henrique e anterior à fundação de Portugal, foi embelezada por sucessivos arcebispos que nela também queriam deixar marca e memória, numa simbiose de vários estilos, desde o românico ao gótico passando pelo barroco.
Na praça do Município destaca-se o barroquismo do edifício dos Paços do Concelho tendo defronte o antigo edifício do Paço Episcopal, hoje arquivo e biblioteca municipal. No interior do edifício municipal painéis de azulejos representam e perpetuam a memória de monumentos já desaparecidos. A praça, outrora dos Arcebispos e depois dos Touros, das touradas a que os prelados assistiam das sacadas do seu palácio, é hoje ajardinada, com a Fonte do Pelicano ao Centro. Outra Fonte se encontra no Largo do Paço, quase defronte da Igreja da Misericórdia e numa reentrância da Rua m. Diogo de Sousa. Aliás fontes é que não faltam no centro histórico. Não faltam fontes e largos, diga-se em abono da verdade, consequência da demolição de prédios que atravancavam a cidade e os caminhos, cada bispo procurando fazer mais, melhor e mais lindo que o seu antecessor.
Contudo na Sé nem sempre os resultados terão sido os melhores: o actual claustro é pobre, o frontal do altar mor, em pedra de anção, com delicadas e expressivas figuras, é apenas uma parte do primitivo que se perdeu, os túmulos dos fundadores do condado portucalense foram desalojados para que o sítio albergasse a nobre capela mortuária dum bispo. Também o claustro não tem grandeza, substituindo o primitivo românico, e nele se encontram várias capelas tumulares, entre as quais as de D. Teresa e D. Henrique. Aliás são de referir pela sua beleza os túmulos do Príncipe D. Afonso (gótico-flamengo), do conde D. Henrique (sec. XVI), do Bispo D. Gonçalo Pereira (séc. XIV). Por um pátio exterior acede-se à chamada capela de S. Geraldo, sob cuja arca tumular se encontra o corpo incorrupto do bispo homónimo.
O recheio do Museu de Arte Sacra, anexo, é exemplificativo do luxo e sumptuosidade que cercavam a maioria dos bispos bracarenses, contrastando com a pobreza doutros bispados como os de Castelo Branco ou da Guarda.
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