Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

sexta-feira, 19 de novembro de 2021

Pelourinhos 06 / Igrejas 68 - Valhelhas - Igreja de Santa Maria Maior e pelourinho

 * Victor Nogueira


Fotoa victor nogueira - Valhelhas (Guarda) Igreja de Santa Maria Maior e pelourinho

«O actual pelourinho é provavelmente uma construção de meados de Quinhentos, portanto bastante posterior ao foral manuelino que o concelho recebeu em 1514. O pelourinho levanta-se no largo principal de Valhelhas, diante dos antigos Paços do Concelho e cadeia comarcã, hoje edifício da Junta de Freguesia, e da Igreja Matriz. O soco é composto por sete degraus octogonais, que atestam da importância do concelho na época de construção do pelourinho; directamente sobre este soco ergue-se o fuste, também octogonal, sustentando um capitel composto por anéis octogonais e uma gola central, com a data de 1555 inscrita numa face, e números romanos quase totalmente ilegíveis nas restantes. O capitel serve de base a um tabuleiro circular e ao remate do pelourinho, que constava de cinco pináculos bojudos, quatro menores, dispostos em cruz e apoiados em pequenas mísulas sobressaindo do tabuleiro, e um central, de maiores dimensões. Dois dos pináculos pequenos encontram-se truncados.

A tipologia dos pelourinhos de tabuleiro é relativamente escassa, existindo alguns exemplos que melhor permitem entender exemplares como o de Valhelhas; a bandeja sustentando fogaréus encimava normalmente um grande ábaco, nos pelourinhos de bloco, como acontece no Prado (Vila Verde, Braga), representando a evolução da tradicional gaiola, rematada por um ou mais pináculos. Nos casos onde o tabuleiro da gaiola se torna no remate principal, este exibe geralmente colunelos (caso do pelourinho de Murça, Vila Real), evocações dos elementos estruturais da própria gaiola; no caso de Valhelhas, o tabuleiro sustenta directamente os pináculos do topo, como acontece em Fonte Arcada (Viseu). Esta é, no entanto, uma situação rara em pelourinhos quinhentistas, tornando algo dúbia a datação de 1555, aposta no capitel. » (SML - DGPC)

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