Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

domingo, 24 de outubro de 2021

Templos religiosos 39 - Alvorninha, Alpedriz e Amoreira

 * Victor Nogueira

Alvorninha





Igreja de N. Sra da Visitação, padrão/cruzeiro e painel de azulejos



Trabalhos agrícolas (painel de azulejos)

Placa toponímica (painel de azulejos)


Igreja não identificada - painel de azulejos numa ponte

No caminho para Rio Maior resolvi desviar-me para Almofala e Alvorninha. Da primeira não vi rasto, mas a segunda revelou-se uma pequena povoação simpática, no meio da serra, com duas igrejas, a matriz, com um portal manuelino, e a da Misericórdia, consagrada ao Espírito Santo, alpendrada (galilé), ao cimo duma escadaria, tendo adjacente o que terá sido o hospital, agora ocupado por uma sociedade recreativa. O interior desta última igreja está coberto de azulejos não figurativos.

Junto à outra igreja, de N. Sra. da Visitação, com um portal manuelino, existem um cruzeiro (1940) e um painel de azulejos que relembra a passagem de D. Afonso Henriques por estas regiões, bem como o amanho das terras. Padrão testemunho das comemorações dos 400 anos da independência de Portugal e dos 300 da sua restauração.

Alvorninha foi uma importante vila e município dos Coutos de Alcobaça, mais notável que as Caldas da Rainha, mas essa grandeza esfumou-se com o passar do tempo e das águas.

Nos arredores, numa encosta, o edifício duma quinta, que não sei se será a de S. Gonçalo. (Notas de Viagem, 1997.12.09)


2021 10 15 Foto victor nogueira - Alpedriz (Alcobaça) - Igreja de N. Sra da Esperança e cruzeiro (rolo 231 - 1998 02)

Alpedriz era uma vila e sede de concelho. extinto pelas reformas administrativas do século XIX, passando a freguesia, por sua vez extinta em 2013, originando a União das Freguesias de Cós, Alpedriz e Montes, com sede em Cós.

Santa Maria Madalena era a padroeira do templo, que nos meados do século XVII passou a ser Nossa Senhora da Esperança.. Com a mudança de orago mudou também arquitetonicamente a igreja, restando poucos vestígios quinhentistas.

Nesta vila teria nascido Pedro Hispano, o única papa português, conhecido como João XXI (1215 - 1277). Pedro Hispano foi um famoso médico, filósofo, teólogo, professor e matemático português do século XIII, cujo pontificado durou apenas 8 meses,

«Alpedriz não pertencia aos Coutos de Alcobaça. é uma povoação estendida, possivelmente fundada pelos árabes, e que pertenceu à ordem de Avis. Defronte do novo edifício da junta de freguesia três painéis de azulejos contam a sua história desde os tempos da fundação.

Consta que o papa João XXI era natural desta povoação, por onde também teria passado Santo António, descansando junto a um pinheiro, hoje frondoso, perto da ermida do mesmo nome, pinheiro que golpes de machado não teriam por isso conseguido derrubar. Outra personalidade era o "Brasileiro", feito Visconde de Alpedriz por D. Carlos I, por ser bondoso para com os pobres 

A povoação tem outra igreja, mais imponente e adjacente ao cemitério, ao cimo duma escadaria, dedicada a N. Sra. da Esperança. Do pelourinho resta um bocado, num cotovelo de ruas, colocado no local onde outrora se erguia a Capela do Santíssimo, derrubada por alturas da I Grande Guerra.

Da toponímia registo as ruas da Saboaria, do Rio Moinho, da Fonte Santa, do Lameirão e da Fábrica, para além da travessa do Hospital. (Notas de Viagem, 1998.02.22)

Amoreira





Cemitério e capela

Da estrada avista-se uma igreja, a de N. Sra de Aboboriz, com dois cruzeiros, duas varandas ou galilés alpendradas e cemitério adjacente, que fotografo. A igreja foi construída no local onde num dia de verão uma jovem pastora teria visto uma aparição da Virgem Maria no cimo dum loureiro. Consta que existe um túnel subterrâneo proveniente de Óbidos, que serviria de passagem de emergência e terminava nesta igreja. Esta povoação já teve um castelo e uma Misericórdia, hoje desaparecidos. (Notas de Viagem, 1997.10.30) 

Entrndo na povoação, longilínea, esta surpreende me pelo seu tamanho. Pertenceu à Casa da Rainha e não à Abadia de Alcobaça.  Algumas casas tradicionais, duas ou três bancas cobertas junto ao posto de transformação eléctrica, talvez para venda de peixe, e um largo, sem pelourinho mas com um fontenário dos finais do século XIX; não me sabem dizer onde terá sido o edifício da Câmara. 

Registam-se nomes de ruas:  da Capela, dos Portões, 28 de Maio (!), da Mina, do  Canto ... e travessas como a do Manjerico e da Praça, para não falar no beco do Bicho. Na esquina da rua principal com a rua António Gomes Pereira há uma casa com maior imponência, na qual fotografo os leões em baixo-relevo que encimam as molduras das janelas. Algumas casas ostentam vasos de flores nas paredes, como em Óbidos. (Notas de Viagem, 1997.12.05)

Nesta freguesia pode-se visitar a Igreja Matriz Nossa Senhora de Aboboriz e Ermida de Jesus, Maria e José como principais pontos de interesse. Possui também um fontanário datado de 1886, um cruzeiro do século XVIII e dois moinhos de vento. Em tempos existiu o Real Convento de Nossa Senhora da Conceição de Frades, atualmente em ruínas. Existem várias  várias casas senhoriais na freguesia. (Wikipedia)


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