* Victor Nogueira
Vista de Leceia e mesmo doutros pontos, o que sobressai em Barcarena é a sua enorme igreja, de S. Pedro, no centro da povoação, com um adro com vista para a ribeira e para um pequeno jardim público, bem como o edifício que foi do quartel dos Bombeiros Voluntários. O primitivo templo foi destruído pelo terramoto de 1755, que na área de Oeiras e Paço d'Arcos provocou grandes prejuízos. Uma outra igreja, arruinada e em processo de recuperação, a capela de S. Sebastião, protector das pestes e dos artilheiros, caracteriza-se por dois corpos, o anterior cilíndrico e o posterior de secção rectangular. No centro algumas casas antigas demonstram a importância doutrora. Mais para a extrema, a sul, um cemitério. A povoação é atravessada pela malcheirosa ribeira do mesmo nome (ou de Agualva) e a sua zona central é incaracterística e confusa, nela sobressaindo o edifício dos bombeiros voluntários, estilo Estado Novo, com alpendre de arcada na fachada central.
Perto de Barcarena, à entrada de quem vem de Porto Salvo, em Ribeira Abaixo, à sombra da igreja lá no alto, um tanque coberto para a lavagem de roupa, junto aos canaviais que marginam cá em baixo a ribeira de Barcarena. Perto de Barcarena e de Tercena situa se a desactivada fábrica de pólvora que vem dos tempos do senhor D. Manuel I, cuja reutilização está em curso, incluindo a criação dum espaço museológico. Esta fábrica deu alguma importância a esta povoação, relarivamente às circunvizinhas.
Nas cercanias da fábrica, perto da ponte que atravessa a ribeira, encontram se a Quinta da Ponte (na Estrada de Leceia) e a Quinta de S. Miguel (na Estrada do Cacém), esta em estilo romântico (manuelino), oitocentista. Por estas bandas os caminhos são vicinais, estreitos, tortuosos e bordejados por altos muros. Tudo tem ainda um ar rural e verdejante, abundando oliveiras e algumas figueiras, contrastando gritantemente com os viadutos e autoestradas que cada vez mais cruzam esta região.
De Barcarena para norte parte uma rua estreita e curvilínea, rumo a Tercena, com algumas casas mais nobres, uma das quais tem na sua fachada um colorido painel de azulejos representando o Palácio da Pena em Sintra. Já fora da povoação, na estrada municipal 578 e á direita encontramos a Quinta do Sobreiro, do século XVII, debruçada sobre o vale, murada, mas permitindo ver uma escadaria exterior dando para uma varanda de alpendre, coberta, no 2º piso (loggia).
Daqui avistamos os campos cultivados e, mais para lá, a mole imensa e "urbana" de Cacém. (Notas de Viagem, 1997)
Igreja de S. Pedro
Cruzeiro
Um dos mais antigos templos existente no concelho de Oeiras, era já referido numa Carta de Escambo em 1369, anos mais tarde possuía já um cemitério nos terrenos adjacentes. Durante alguns anos era a Igreja que recolhia os pobres e os doentes da freguesia, pois possuía um hospital de cuja origem se desconhece. Por volta de 1840, com a extinção das ordens religiosas e irmandades, passaram os seus bens para a Junta da Paróquia.
A Igreja foi totalmente remodelada no século XVIII, altura de que são alguns dos elementos ornamentais, como a talha da capela-mor ou os azulejos, tendo os tectos sido madeirados, a sacristia alargada, aumentada a casa da irmandade, tendo ainda sido reconstruida a torre do lado sul e totalmente construida a do lado norte. De destacar o arquibanco em madeira do século XVII, o lavabo de mármore branco do século XIX, várias imagens de madeira estofada e policromada e o rico espólio de paramentos para a celebração do culto.
Com significativas proporções, este templo destaca-se do casario da zona antiga de Barcarena.
In https://www.guiadacidade.pt/pt/poi-igreja-de-sao-pedro-de-barcarena-837
Capela de S. Sebastão
A Capela de São Sebastião ergue-se na periferia da povoação de Barcarena, de acordo com a localização habitual das capelas da mesma invocação, dedicadas ao padroeiro dos doentes infecciosos. Porém, a sua presença recorda sobretudo a devoção dos Artilheiros ao santo mártir, conhecendo-se o papel das importantes fábricas da pólvora que existiram em Barcarena, tendo aquela que chegou aos nossos dias sido fundada durante o reinado de D. Manuel, na mesma época em que se começaram igualmente a fabricar armas nas Ferrarias d'el-Rei. Também a capela terá sido fundada no século XVI, em data incerta, mas anterior a 1599, ano inscrito num lápide sepulcral ainda conservada no pavimento. Será este, de resto, o único vestígio do edifício primitivo, já que o templo actual resulta de uma reconstrução de finais do século XVIII.
Destaca-se antes de mais a interessante volumetria da capela, composta por vários volumes articulados e escalonados, com alternância entre corpos de planta quadrangular e circular, realçados pelos rebocos pintados de branco. A nave longitudinal está adossada a uma rotunda mais elevada, que assume internamente a função de cruzeiro; este espaço centralizado abre-se a Oeste para um terceiro corpo longitudinal, onde funciona a sacristia, e a Norte para a última estrutura do conjunto, uma abside de planta semicircular. O templo é acessível através de um lanço de escada murado, disposto perpendicularmente ao alçado. A rotunda do cruzeiro é iluminada por uma janela rasgada acima da nave, e por um lanternim, que remata o telhado e a abóbada do interior.
A capela-mor semicircular, mais elevada, é coberta por abóbada em concha. Como recheio, merecem destaque o púlpito e a pia de cantaria, ainda do século XVI, os silhares de azulejos de finais do século XVIII e do século XIX, e o retábulo de madeira pintada e dourada da capela-mor, que alberga escultura de São Sebastião em madeira estofada.
A capela foi, como fica evidente, muito intervencionada ao longo do tempo. Embora não haja informação sobre o edifício original, o corpo circular mais elevado, que constitui a primeira referência visual do conjunto, fez com que se quisesse ver na génese do monumento um moinho de vento. Da mesma forma, e dada a singularidade da planta, podemo-nos interrogar em que medida esta será construção nova, ou resultará do aproveitamento de uma estrutura anterior, assim ampliada. Seja como for, no interior conservaram-se os únicos vestígios visíveis do seu passado, nomeadamente a já referida laje quinhentista, e o púlpito e pia, anteriores à reedificação setecentista em cerca de um século.
A última intervenção ocorreu nos nossos dias, entre 1999 e 2001, quando a Câmara Municipal de Oeiras procedeu à recuperação total do templo, então extremamente degradado.(SML - DGPC)
Fábrica de Pólvora
Capela azulejos
São quatro os santos representados no painel, estão de pé sobre pedestais e empunham os ícones que os identificam. Temos Santa Catarina em cima no lado esquerdo é invocada em doenças, perigos e diversas aflições. Do outro lado à mesma altura está Santo António, com o livro (evangelhos) onde se senta o menino. Em baixo à esquerda está Santo Adriano, soldado romano, com a espada do martírio na cabeça, é invocado contra a morte súbita. No lado oposto, está Santo André com a cruz do suplicio um santo guerreiro e curador. (https://olharescruzados.blogs.sapo.pt/18883.html)
Santo André e Santo Adriano
Pátio de Santa Bárbara
Relógio de Sol
Nicho
Placa toponímica do ACP
Registo de azulejos
Quartel dos Bombeiros Voluntários
Fotos em 1997, 2014 e 2017
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