Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

terça-feira, 21 de janeiro de 2020

em Luanda, a cidade em miniatura e o comboio electrico


* Victor Nogueira

Foto de família - Em Luanda, na Praia do Bispo. Durante algum tempo a garagem foi o Gabinete de Engenharia do meu pai, até mudá-lo para um arranha-céus na Marginal de Luanda. Depois passou a albergar a biblioteca paterna (a minha, na altura muito mais reduzida, estava parcialmente no meu quarto).

Simultaneamente era a sala da música (nela estavam a discoteca de vinil, o pickup (gira-discos) e os gravadores paternos e as bobines que gravávamos, para além do rádio que se vê na foto.

Era também o meu salão de estudo, com parte da minha biblioteca na estante por detrás do estirador, a minha mesa de trabalho. No estirador em 1º plano o comboio eléctrico Marklin e a "cidade", com as casa, os serviços públicos, as viaturas automóveis e peões, da "Lego" e da Matchbox". A maioria das casas eram construções de armar em cartolina que pacientemente o meu tio José João montava.

A minhas biblioteca e ludoteca ficaram em Luanda, creio que como "vingançazinha" do meu pai. Contudo alguns dos livros que eu mais estimava, o comboio, e as miniaturas de automóveis (Matchbox) e da "Lego" salvaram-se porque as tinha trazido anteriormente comigo. Tal como os álbuns de cromos, que desapareceram pois a Celeste levou-os para a Escola do Magistério Primário de Évora onde ambos leccionávamos, para mostrar aos alunos, tendo desaparecido entretanto.

Para além dos brinquedos que lá ficaram e que hoje valeriam algum dinheiro, também lá ficou a minha enorme colecção de revistas de banda desenhada (histórias aos quadrinhos, como lá se dizia) editada em Portugal, Brasil (os "Gibis") e França.



foto de família - Em Luanda, na Praia do Bispo, a cidade do comboio eléctrico. A maioria das casas eram em cartolina, montadas pelo nosso tio José João, o arquitecto. Tirando o comboio e uma ou duas casas, o resto da cidade e dos brinquedos bem como a maioria da minha biblioteca ficaram em Luanda, quando da independência de Angola.

À direita, a minha biblioteca de então e o estirador onde estudava.

Para além de casas de habitação, a "cidade" tinha estação ferroviária (em 1º plano), Câmara Municipal(à direita), Escola Primária e Quartel (este ao fundo), Igreja (ao fundo, no cato à direita) , Posto da Cruz Vermelha, para além de estação dos Correios.

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