Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

O bailado sinuoso das labaredas e a linha do horizonte

* Victor Nogueira

Não, não estamos em tempo de festas juninas, apesar de em vésperas do Verão de S. Martinho. É apenas a queima do restolho, antes que fique empapado em água, incomburente. Fica o bailado sinuoso das labaredas, embora contidas, não avassaladoras, animado pelo crepitar da matéria que vai sendo reduzida a cinza.



Até ao momento saíram furadas as previsões meteorológicas; apesar do dia cinzentonho, ainda não choveu e da parte da tarde o sol tentou irromper por entre as nuvens para nos dar um arzinho da sua graça. Um pássaro negro, um melro, pousou além no muro mas alçou voo antes de conseguir fotografá-lo. Surpreendentemente este ano não tem havido revoadas de aves ali no campo de milho após a ceifa e debulha mecânicas. No quintalejo vão-se sucedendo as fases da vida na roseira: desde o botão que se vai abrindo até desabrochar completamente para de seguida fenecer com as pétalas, esparsas e sem viço, pelo solo.






- foto victor nogueira - 

Muitas vezes tomo as refeições na cozinha, numa mesinha que também é a mesa de apoio para prepará-las. Esta é a vista que tenho então defronte de mim, similar á da sala de jantar.

No plano de obras que venho concretizando desde há anos, e para cuja fase inicial e de arranque contei com a colaboração prestimosa do Sérgio, no plano de obras está pois e neste momento a modificação da cozinha, que inclui a mudança do lava-louças e criação duma bancada de apoio.

Será esta a vista e não uma parede aulejada (que remonta ao tempo em que o meu avô Barroso a mandou edificar, a dois passos da estação ferroviária do então comboio suburbano da Póvoa de Varzim, hoje em dia estação do metro de superfície do Porto).

Claro que a paisagem vai variando, ao sabor das estações climáticas e dos trabalhos agrícolas no campo que se estende até ao horizonte,

imagens captadas em 2019.10.27/28

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