Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

sábado, 28 de maio de 2011

← Ford 1935 em NiteróiHarley Dogs M.C. → 1925










Essa notícia é boa.
Eu não sei se você lê o jornal O Globo por aí. Se não mora no Rio, é provável que não.
Mas, se leu, deve ter se encantado com o caderno de automóveis de hoje, assim como eu.
Se não, eis aqui, nobre amigo, a surpresa que veio estampado em bom e velho processo de impressão sobre o conhecido e admirado papel.
A surpresa é que, semana que vêm, completam-se os 85 anos da Primeira Exposição de Automobilismo do Rio de Janeiro, que aconteceu entre 1º e 16 de agosto de 1925. Alguém tinha ouvido falar nisso?
As fotos que ilustram a matéria, pelo visto os únicos registro deste acontecimento, são parte de um álbum com 104 imagens que pertenceu ao engenheiro Adelstano Porto d’Ave (1890-1952), projetista e presidente do Clube dos Bandeirantes, que promovia reides pelas trilhas e poucas estradas de então. O livro foi emprestado por Rodolfo, neto deste que é um dos pioneiros da nossa paixão e mania de organizar clubes e formas de apreciar o automóvel. Com isso, o nome dele está resgatado para a posteridade. E também o do saudoso Automóvel Club, que promoveu o evento a fim de estimular as importações e vendas por aqui. Era preciso forçar a indústria e o governo a construir estradas.
O evento teve a participação da Ford, General Motors, Chrysler, Gray, Packard, Hudson, Itala, Lancia e Voisin. Duro de acreditar que os Hispano-Suiza não participaram por um atraso no navio que os trazia da Europa. A Exposição de 1925 utilizou as instalações da de 1922. Assim, os pavilhões da Itália e Portugal de 22, localizados na esquina de Presidente Antonio Carlos e Presidente Wilson, abigaram este evento que deve ter sido motivo de muita conversa e curiosidade no bucólico Rio de Janeiro de 1925. Com tantos fantasmas históricos me assombrando pelas caminhadas pela cidade, este é mais um que se soma à minha imaginação quando for atravessar aquele canto perto do Santos Dummont.
Entre tantos fatos extraordinários, é de virar a cabeça o fato de que, para a Exposição, a Ford montou uma linha de montagem inteira, completa, em pleno centro da cidade do Rio, para produzir ao vivo os seus Modelos T. Pelo que se lê na reportagem, dezenas deles foram produzidos, imagino que para assombro e deleite de quem testemunhou esta cena absolutamente extraordinária: máquinas que andam sozinhas surgindo na sua frente como que por encantamento.
Bom, em sendo assim, é um fato histórico que eu ignorava este de que a Ford teve uma linha de montagem no Rio de Janeiro! Sensacional. Paulistas, mesmo que por apenas duas semanas, não estraguem minha alegria. Nós também tivemos a Ford aqui. Claro que ninguém anotou os chassis que foram fabrincados ali perto da Igreja de Santa Rita, mas a partir de agora eu vou olhar para os Ts que cruzarem meu caminho com um ar suspeito. Me pergunto ainda se e quando a Ford fez esse tipo de coisa novamente. Será que nos EUA fizeram isso? Nunca soube. Com o tanto de dealers já em 1913 canalizando a oferta do Henry Ford para a insaciável demanda do consumidor americano pelos T, acho improvável. Mas quem saberá dizer? Vou cutucar os gringos lá fora e ver o que descubro.
A última curiosidade dá conta de que o Pavilhão de Portugal, que sediou parte da Exposição, ainda existe. Em estrutura metálica, foi desmontado e levado para Lisboa, onde hoje se chama Pavilhão Carlos Lopes. Veja como era na primeira foto abaixo e como ele está hoje. Ainda bem que está em Lisboa. Se aqui não sobreou nem o Palácio Monroe, o que dizer deste.
Pois bem, eu não escrevo mais. Só republico o texto na íntegra e deixo para quem quiser os comentários e elogios que suscitam a Exposição em si e mais esta iniciativa de O Globo, que muito têm se empenhado em resgatar a história do automóvel. Vou escrever ap Jason Vogel, que assina a matéria, agradecendo pela oportunidade.
Abaixo, as duas páginas da matéria, para os internautas do futuro. Clique sobre elas para ampliar, estão em tamanho natural.
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