Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

A Gosto da Fotografia traz registros variados do povo baiano

entretenimento |30.07.2009 - 10h04
. Redação CORREIO | Ivan Dias Marques

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São quase 80 anos de história registrados pelas lentes de fotógrafos de diferentes gerações. A 5ª edição do A Gosto da Fotografia traz, a partir desta sexta-feira (31), um panorama do cotidiano do povo baiano ao longo de todo esse tempo.“É uma malha visual sobre uma malha geográfica”, pontua Diógenes Moura, 52, curador do evento. As mostras, com acesso gratuito, ocorrem até 13 de setembro no Palacete das Artes Rodin Bahia, Galeria Solar do Ferrão, Santa Casa de Misericórdia, Galeria Acbeu e Galeria do Conselho Estadual de Cultura.

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Rua Chile tinha lojas com luminosos típicos das décadas de 30 e 40

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Além disso, na Sala Walter da Silveira (Barris) serão exibidos curtas e acontecerá uma oficina na Escola Pracatum (Candeal). O grande destaque do A Gosto da Fotografia é a exposição Abundante cidade - Dessemelhante Bahia, do baiano Voltaire Fraga (1912-2006), homenageado desta 5ª edição, que atraiu 250 mil pessoas entre novembro de 2008 e fevereiro deste ano na Pinacoteca de São Paulo.

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Através de um convênio entre a Casa da Fotografia (organizadora do A Gosto) e a instituição paulista, a mostra com cem imagens foi trazida para Salvador, onde ficará em cartaz no Palacete das Artes.

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Baiana da primeira metade do século XX

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A visitação pública começa no sábado (1º). Voltaire fez milhares de registros entre a década de 30 e 70, mas nunca teve reconhecimento na Bahia. Antes de falecer, muito triste, deixou 2.043 fotos catalogadas e apenas uma mostra individual no currículo. “A exposição é um resgate da história e da memória do país. Mais do que intuitiva, Voltaire mostra a Salvador que ama e que hoje desapareceu”, diz Moura, curador também da Pinacoteca.

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Levi-Strauss fotografou o cotidiano paulista entre 1930 e 1935

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VOLTAIRE X VERGER

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Impossível não fazer um paralelo entre as imagens dele e do franco-brasileiro Pierre Verger (1902-1996), que durante quase 50 anos registrou o povo baiano. “A fotografia dos dois anda de mãos dadas. É uma irmã da outra”, atesta o curador. Verger terá o livro Fotografia para não esquecer, que tem texto de Moura, lançado também sexta-feira (31) no Palacete. Além de Verger, outros dois franceses que revelaram o Brasil terão imagens na mostra À procura de um olhar: Jean Manzone Marcel Gautherot.

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Pierre Verger terá livro 'Fotografia para não esquecer'

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A exposição - parte da programação do Ano da França no Brasil - traz ainda fotos de Claude Lévi-Strauss (na São Paulo dos anos 30) e trabalhos de Bruno Barbey, Olívia Gay e Antoin D'Agata. “Cada trabalho, dentro da sua própria linguagem, mostra a emoção. É um retrato belo, e muitas vezes perverso, desta busca pela identidade do Brasil”, acredita Moura.

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Os fotógrafos brasileiros Tiago Santana, Luiz Braga e Mauro Restiffe completam a mostra.

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Porto da Barra é ponte entre mostras

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Para Moura, a exposição de Marc Dumas, Porto da Barra, em cartaz a partir do dia 5 na Galeria Acbeu, e a de Vânia Toledo, Diário de bolsa - Instantâneos do olhar, que começa no dia 7 na Galeria Solar Ferrão, tem como ponto de conexão a famosa praia frequentada por todo tipo de gente.

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O mesmo local é palco para o público de diferentes épocas. “É o mesmo Porto da Barra que foi retratado por ela nos anos 70, só que são os filhos daqueles personagens, ou até mesmo eles esse tempo todo depois”.

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Marc Dumas registrou banhistas e barco no Porto da Barra

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As belíssimas fotos do francês Marc foram feitas entre 2003 e 2008 e registram, de dentro do mar, os frequentadores da praia. Entre saltos de trampolim ou simples banhos, o colorido das águas e dos personagens e os barcos e a cidade foram paralisados pelo fotógrafo, que já havia feito trabalho semelhante em Fortaleza.

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Já Vânia clicou amigos, famosos - como Caetano Veloso, Gal Costa e Roberto Carlos - e desconhecidos, sempre em momentos espontâneos e instantâneos. A artista carregava a câmera na bolsa, sempre pronta para uma foto diferente. O registro de uma época.

Vânia Toledo registra Roberto Carlos num quarto de hotel

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in Jornal Correio24 horas

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