Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

terça-feira, 28 de setembro de 2021

Templos religiosos 19 - Mosteiro de São Simão da Junqueira (Vila do Conde)

 Victor Nogueira

Numa curva da estrada e ao cimo duma ladeira situa-se a igreja do Mosteiro de S. Simão da Junqueira, dos cónegos regrantes de Santo Agostinho, também conhecidos como Frades Crúzios, que remonta à segunda metade do século XI - com casas laterais, uma delas com escadarias exteriores. Em 1770 o mosteiro foi extinto pelo Papa Clemente XIV, transitando os seus bens para o Convento de Mafra. A igreja passou a ser paroquial e o convento foi vendido a privados, passando a ser usado como casa solarenga. Os edifícios profanos encontram-se em estado de degradação, a caminho da ruína, conttrastando com a boa conservação da igreja.As fotos são de 2014.09.















Marco quilométrico



Cruzeiro

Google Maps e Street view

«A instituição do Mosteiro de São Simão da Junqueira, dedicado aos apóstolos Simão e Judas Tadeu, datará ainda do século X, tendo a comunidade adotado a regra de Santo Agostinho em meados do século XII. O declínio do mosteiro teve início no século XVI, quando esteve sujeito ao regime comendatário, sendo extinto em 1770.

À extinção seguiu-se a utilização do cenóbio como casa particular, reconstruída com características solarengas e organizada em torno do claustro, com três alas revestidas de azulejos e uma quarta formada por pérgula, e ocupado por um jardim formal rodeando um imponente chafariz. No interior mantém-se tetos de caixotões, estuques lavrados e bons silhares de azulejos seiscentistas e setecentistas.

A atual igreja foi construída em finais de Seiscentos, quando se ergueu igualmente a cerca conventual, um novo dormitório e a capela da Senhora da Graça, já classificada como imóvel de interesse público (IIP). A obra fez desaparecer todos os vestígios dos edifícios medievais anteriores, dando origem a um templo barroco com fachada rasgada por interessante portal maneirista encimado por janelão ovalado entre nichos com imagens dos santos patronos. No interior destacam-se os retábulos de talha joanina, e sobretudo o retábulo-mor, revelando a influência da talha lisboeta do período.

A cerca interior conserva a primitiva estrutura, incluindo jardins e alamedas de buxo, bosque de tílias, tanques, chafarizes, muros e aqueduto, e compondo um espaço harmonioso e unitário, animado por jogos e contrastes de volumes, luz e sombras.  »


 

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