* Victor Nogueira
foto Armanda Meles (Mosteiro da Batalha)
Os veraneantes: Victor, Maria Luísa, Isabel, Esperança, Alexandrina, Zé Luís, Teresa e Armanda
foto JL Castro Ferreira - Em Monte Real, possivelmente com outros veraneantes
foto JL Castro Ferreira (Santuário de Fátima)
foto JL Castro Ferreira
foto Armanda Meles (Santuário de Fátima)
pormenor da foto anterior
foto Victor Nogueira (Santuário de Fátima)
foto Victor Noguera (Santuário de Fátima)
pormenor da foto anterior
foto JL Castro Ferreira (Mosteiro da Batalha)
pormenor da foto anterior
foto Victor Nogueira (Lisboa, Jardim Zoológico)
pormenor da foto anterior
foto JL ou ML Castro Ferreira (Lisboa, Jardim Zoológico)
foto Victor Nogueira (Lisboa, Castelo de S. Jorge)
pormenor da foto anterior
foto JL ou ML Castro Ferreira (Lisboa, Castelo de S. Jorge)
foto Victor Nogueira - Lisboa e Rio Tejo, ainda sem a ponte
em Monte Real e Lisboa com passagem por Fátima e Batalha
Monte Real
As
carruagens do comboio da Linha do Oeste são antiquadas e as do Caminho de Ferro
de Benguela [em Angola] são
um pouco melhores. Passámos em Francelos, onde há um sanatório para doenças dos
ossos. Perto de Aveiro, os campos têm pinheiros e milho. Em Coimbra nada vi,
pois a estação velha não fica na cidade. De Coimbra a Monte Real vim a conversar
com um sacerdote franciscano, bastante falador. O Rio Mondego estava quase
seco. Havia muito arroz e oliveiras. Chegámos a Monte Real cerca das 17:30. Na
Pensão Cozinha Portuguesa fiquei instalado. Um quarto do sótão, pequeno, sem
água corrente, com uma clarabóia. O quarto tem uma cama com um óptimo colchão,
um guarda fatos, uma mesa de cabeceira, além do lavatório e bidé. Como é meu
costume tratei de visitar a terra, tendo dois hotéis e quase duas dezenas de
pensões; a nossa fica num extremo.
Domingo
fui à Igreja, mas não gosto muito da arquitectura.
A
comida é boa. Habituado como estou à vida na cidade, não gosto muito do campo.
Aqui não se tem nada que fazer. Só comer e dormir. (1963.08.26 - Diário III)
(...)
Eu e a Armanda [Meles] alugámos duas bicicletas e fomos passear na estrada do
aeroporto. (...) Na esplanada do cinema há uma máquina de discos ([1])
e tenho‑me entretido a tocá-los. Temos jogado às cartas [Vivre l'amour, Burro em
pé,....] (...) 5ª fomos ver o pelourinho e as ruínas do Paço de Santa.
Isabel. [Fartei‑me de andar para ver um padrão velho e quatro
paredes]. (1963.08.27/31 - Diário III)
Na feira de Monte Real (4ª feira, 4
Setembro) vendia‑se louça de barro, tecidos, fruta e gado bovino,
principalmente, e suíno. (1963.09.3/5 - Diário III)
Passámos
por Leiria, que é bastante
acidentada, com um pitoresco Castelo no monte. (...) Aqui na região de Leiria
há muitas oliveiras, videiras e pinheiros. Para o Minho as videiras são altas,
mas aqui são rasteiras. (....) O Rio Lis [que atravessa Leiria] é
muito bonito. (1963.09.02 - Diário III)
De Fátima fomos à
Batalha, ver o Mosteiro. Lembro‑me das Capelas Imperfeitas,
de quando cá estive em 49/50. Gostei bastante de ver o Mosteiro, que é de
calcário. Vi os claustros, a Sala do Capítulo, onde se encontra o
Túmulo do Soldado Desconhecido. É proibido dar donativos naquela sala, mas os
visitantes metiam‑nos no bolso do sentinela que lá estava perfilada. Vimos a
sala de 14/18, mas à pressa. Eu gosto de ver as coisas calmamente.
A Igreja é estilo
gótico, o mesmo da Sé do Porto ([1]).
Vi a sala do fundador, com os túmulos de D. João I, D. Filipa, D. Henrique e
outros. Vi também a campa do soldado que salvou a vida de D. João I na Batalha
de Aljubarrota. Todo o mosteiro é bonito. (1963.09.02 - Diário III)
[1] -
Mas é que não há qualquer semelhança. (Nota - 1996)
De Fátima
recordava‑me do chão enlameado e da Capela das Aparições [1949/1950].
A Basílica é bonita. Vi também os moinhos de vento, mas só de longe. (NSF -
1963.09.04)
Chegámos
ao Bombarral, terra dos vinhos. Lá
vi diversos homens com o barrete ribatejano, verde e vermelho. (1963.09.8/9 –
Diário III)
Muitas das
estações [Linha do Oeste] tinham bonitos jardins. Em Óbidos vimos o Castelo, que é enorme. Salvo erro a vila ainda se
encontra dentro das muralhas. (1963.09.8/9 - Diário III)
Lisboa
Ficámos
no Hotel Americano, na Rua 1º de Dezembro. Ao entardecer vim dar uma volta,
para ver as montras nos Restauradores e
Avenida da Liberdade. Vi os cinemas Éden, que parece luxuoso, e Restauradores
(que dá sessões contínuas). Subi a avenida e cheguei ao Parque Mayer. Dei por lá uma volta, tendo feito o gosto ao dedo na
barraca de tiro ao alvo. Parte do
[filme] "O Parque das Ilusões"
passa‑se aqui. Quando cheguei ao S. Jorge [um pouco mais acima] voltei para o
hotel. Passei pelo Tivoli e pelo Condes. As montras das lojas são variadas.
Utilizei a passagem subterrânea. Depois do jantar fomos comer uns camarões e
beber umas cervejas. A casa onde comemos tem as paredes forradas de conchas.
(1963.09.09 - Diário III)
De
manhã fomos a um mercado no bairro da encosta do Castelo ([1]).
Depois visitámos o Castelo de S. Jorge, que é grande. Gostei bastante de vê‑lo.
Regressámos ao Hotel, tendo antes ido à Igreja do Carmo, subindo
no elevador [de Santa Justa]. As ruínas nada têm de especial, mas há lá um Museu
Arqueológico interessante, com objectos da Idade da Pedra, túmulos, múmias e
outras coisas do meu agrado. (...) ([2])
(1963.09.10 - Diário III)
.
Após o almoço seguimos pela
Avenida Marginal até à Torre de Belém. Visitámos tudo, desde a torre até às
masmorras, que são parecidas com as do Forte de S. Pedro da Barra, em Luanda: frias e húmidas. Visitámos o Museu
dos Coches, que também me agradou. (...) O avô Luís já não teve disposição para
vermos o Mosteiro dos Jerónimos. (...)
Vi também a Casa dos Bicos e os
pilares da Ponte sobre o Tejo. ([1]) (...) O tempo tem estado
muito quente, mas hoje à tarde esteve chuvoso e à noite também: é uma espécie
de "cacimbo" (1963.09.10 - Diário III)
Regresso ao Porto
Às 8:30 tomámos o rápido da linha do Norte.
Caía uma chuva miúdinha e no céu via-se um lindo arco‑íris. Matabichámos no bar
da estação de Santa Apolónia, em, Lisboa, que é original, com motivos do
caminho de ferro.
À saída de Lisboa
passámos por um aeródromo militar. Monte Real era
sobrevoada por aviões a jacto, da Base Aérea 5. A primeira paragem foi em
Santarém. As cadeiras da automotora são mais espaçosas que as do rápido. Às
9:40 chegámos ao Entroncamento, a terra dos fenómenos. Ia tão entretido a ler
que, entre Fátima e Pombal, passámos por um túnel sem eu dar por isso.~
Antes de Pombal
passámos por um outro que estava em obras. Nesta altura chovia.
Às 11:10 chegámos
a Alfarelos e pouco depois à estação de Coimbra B. O rio Mondego estava quase
seco - e é um rio importante do continente! Passámos por Pampilhosa da Serra
(11:43), Cúria (11:50), Aveiro (12:18), Estarreja, Ovar, Espinho, Granja
(13:05), Vila Nova de Gaia (13:25), Campanhã e S. Bento (13:50).
Na nossa carruagem
seguiam 4 indianos que deveriam ter saído em Coimbra, mas por ignorância
(passaram lá sem saber) não o fizeram e resolveram seguir até ao Porto. Muitas
das estações do percurso tinham bonitos jardins. (1963.09.11 - Diário III)
[1] -
Seria a Feira da Ladra? Era uma 3ª feira.
Um outro passeio, ao Caramulo
Passámos por S. João da Madeira, Oliveira de Azeméis, Albergaria‑a‑Nova,
Albergaria‑a‑Velha (comemos algo na Praça D. Teixeira). Chegámos a Águeda passava
pouco das 11. Almoçámos no Restaurante Santos. (...) Às 14:15 chegámos ao
Caramulo. A serra é muito descampada, além de estar um dia excepcionalmente
quente. () Não gostei do passeio, não por não gostar do
passeio, mas sim porque ultimamente tenho andado indisposto () (1963.06.28 - Diário III - pag. 317/318)
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