Kant_O_Photomático: Ferrovias (16) - Apeadeiros das Praias do Sado

Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

quinta-feira, 7 de julho de 2022

Ferrovias (16) - Apeadeiros das Praias do Sado

* Victor Nogueira

Á beira da Rua Principal das Praias do Sado encontra-se o desactivado apeadeiro, emparedado e coberto de grafitos. Mais para Norte situa-se o apeadeiro de Praias do Sado-A, com acesso pela Rua Tomás Ribeiro, que serve a povoação homónima e o Instituto Politécnico de Setúbal, mas que desta feita não consegui encontrar. Assisti ás manobras dum comboio de mercadorias, com inúmeros vagões, que entretendo parou para dar prioridade ao comboio de passageiros suburbano que, desde 1920, liga o Barreiro ás Praias do Sado, a chamada Linha do Sado.

Depois deste partir aprestei-me a fotografar o reinício da marcha do comboio de mercadorias, tentativa malograda pois afinal com a claridade da tarde não me apercebi que não ligara o vídeo da Canon. De qualquer modo este comboio não era tão "infindavelmente" comprido como aqueles que no Poceirão, alguns anos atrás, forçavam os veículos automóveis a pararem em longa espera, fechada que era, com alguma antecedência, a passagem de nível. Numa zona com unidades fabris, a estrada é atravessada por um dédalo de linhas férreas, a esmagadora maioria com passagens de nível sem guarda. Outrora, entre o Apeadeiro do Quebedo e as Praias do Sado havia mais apeadeiros, como o da Cachofarra, que ainda conheci no activo, entretanto encerrados.

Comboio de mercadorias

Fotos em 2022 07 05

Dois dias depois, num fim de tarde quentíssimo, com uma aragem ardente, regressei ás Praias do Sado, já com referências topográficas, para localizar o novo apeadeiro, Praias do Sado A, ali mesmo junto á escola do ensino básico, paredes meias com um descampado de terra batida. Trata-se dum simples coberto, desabrigado da chuva e do vento, com dois bancos de recosto, metálicos, uma máquina para validar bilhetes e um recipiente para colocar o lixo. Alguns passageiros desembarcaram e outros apanharam o comboio, a maioria jovens.