Lilly Jacob, sobrevivente de Auschwitz,
reconheceu os seus familiares em algumas das fotografias de um álbum que
encontrou. Sempre que alguém reconhecia um familiar Lilly oferecia-lhe essa
imagem.
PÚBLICO
27 de
Janeiro de 2017, 22:16
Os judeus à espera da selecção: uns eram
logo sentenciados à morte, outros eram obrigados a trabalhos forçados DR
É um álbum de fotografias que retrata o dia-a-dia de um dos mais conhecidos
e aterradores campos de concentração alemães: Auschwitz. Segundo avança o El
País, as 193 fotografias foram recuperadas por uma sobrevivente destes
campos de concentração, Lilly Jacob-Zelmanovic Meier, que acabou por doar o
álbum ao museu Yad Vashem, em Jerusalém, corria o ano de 1980. Nesta
sexta-feira, são lembrados os mais de seis milhões de judeus que perderam a
vida no Holocausto – a data é precisamente a da libertação de Auschwitz pelas
tropas soviéticas, a 27 de Janeiro de 1945.
As fotografias estão disponíveis para consulta no site do museu e
são uma das poucas provas documentais que existem sobre o processo de selecção
a que eram submetidos os judeus que chegavam ao campo de concentração de
Auschwitz-Birkenau. A razão que levou dois militares do SS, Ernst Hofmann e
Bernhard Walter, a tirar estas fotografias, em Maio e Junho de 1944, é incerta.
Quando tinha 18 anos, Lilly Jacob foi deportada juntamente com a sua
família – e grande parte dos judeus que moravam na Hungria – na Primavera de
1944. Segundo o site do museu, Lilly foi separada dos seus pais e dos seus
irmãos mais novos logo depois de chegar a Auschwitz – e nunca mais os viu. Foi
a única que sobreviveu da sua família.
Quando foi libertada, no campo de concentração de Mittelbau-Dora, encontrou
um álbum de fotografias nos quartéis da SS, que estavam desertos. Foi nesse
álbum que encontrou fotografias dos seus familiares e amigos, no dia em que
tinham chegado ao campo de concentração de Auschwitz. Lilly Zelmanovic morreu a
17 de Dezembro de 1999.
A chegada de judeus a Auschwitz
O álbum não está completo. Lilly casou-se, teve um filho e mudou-se para os
Estados Unidos, levando consigo o álbum. Ao saberem da sua existência, alguns
sobreviventes procuravam Lilly para ver se encontravam alguma recordação dos
familiares e amigos que não tinham conseguido sobreviver ao duro quotidiano de
Auschwitz. Das poucas vezes em que alguém identificava um membro da sua família
numa das fotografias, Lilly oferecia-a. Uma dessas fotografias oferecidas foi
recentemente doada ao museu Yad Vashem.
O álbum tem fotografias desde o momento de chegada de alguns judeus até à
selecção e momentos que precediam a entrada nas câmaras de gás. Nas fotografias
vê-se um pouco de tudo: a separação dos pertences; mulheres de cabelo rapado
vestidas com uniformes da prisão; o registo de pessoas para trabalhos forçados;
e prisioneiros, sentados ao sol, sem saber o destino que os esperava.
Os judeus eram separados dos seus bens
materiais, que eram recolhidos e triados num sítio chamado "Kanada"
Antes de serem enviados para as câmaras
de gás
https://www.publico.pt/2017/01/27/culturaipsilon/noticia/o-album-incompleto-de-fotografias-de-auschwitz-1759964
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