* Victor Nogueira
Ao longo da EN 13 e paralelo às praias circula o veículo. Em
Vila do Conde e Póvoa de Varzim uma larga avenida separa as duas cidades do
areal, nesta época do ano cheio de toldos e banhistas, avenida plena de automóveis estacionados
de ambos os lados. Na fronteira entre as duas povoações, Caxinas, bairro de população pobre e
sofrida com mortes e naufrágios, viúvas e órfãos, dividida entre a pesca e as indústrias
conserveira e de congelados. Já nada nada resta do tempo das dunas em que
abundavam os casebres e a pequena agricultura de subsistência.
Entre a dimensão humana e tranquila de Vila do Conde e os
arranha-céus, o movimento, o "cosmopolitismo" e azáfama de Póvoa de
Varzim, Caxinas faz hoje figura de parente "pobre", onde sobressai
arquitectonicamente a Igreja Paroquial de Nosso Senhor dos Navegantes ou Igreja do Barco, por fazer lembrar a
quilha duma embarcação de pesca.
Póvoa de
Varzim à actividade piscatória ligou-se o ser colónia balnear
burguesa a partir do século XIX, muito concorrida no Verão. Sucessivamente, ao
longo da Avenida dos Banhos, vão surgindo a Fortaleza de N. Sra. da Conceição,
Casino, o enorme painel de azulejos (com cenas de Póvoa antiga e de heróis
locais) e muitas esplanadas e cafés. No termo da avenida, inflectindo para o
interior, a caminho de Apúlia, deparamos com uma avenida arborizada, com a
Praça de Touros e o Monumento às Gentes da Póvoa de Varzim.
Retomando a antiga estrada Porto / Viana do Castelo, rumo a
Esposende, a paisagem vai-se ruralizando, troços de casas térreas alternando
com zonas dunares e campos agrícolas, á beira da estrada vendendo-se batatas e cebolas.
Passamos do Douro Litoral à Região do Minho e ao longo da estrada costeira
abundam restaurantes que anunciam como especialidade não ementas à base de
peixe mas frango e leitão assados.
Não consigo identificar a povoação onde nos surge pela frente
outra Igreja em forma de quilha de embarcação (Estela, Navais ?).
Finalmente Apúlia,
com os seus pinhais no meio dos quais mal se vislumbram vivendas de gente endinheirada,
preservadas de olhares indiscretos dos passeantes. Nesta zona situa-se o Parque
Natural do Litoral Norte, confinando com a enseada e foz do Rio Cávado, de
águas azuis e tranquila, onde para jusante se vislumbra uma ponte
destacando-se pela sua alvura. Na outra margem, na margem direita, a cidade de
Esposende, mas essa não visitamos.
Pela costa da praia da Apúlia, moinhos de vento,
transformados em habitações, alguns conservando os mecanismos e as velas, para
além dos cordões dunares e de
"arranha-céus" por cima deles construídos e em risco de desabamento
devido à acção erosiva das ondas e
marés. No areal também se colhia o sargaço, para adubagem dos campos agrícolas, sargaço que nestas praias iodadas do Norte dá um característico cheiro a maresia.
É hora de regresso ao Mindelo, onde lanchamos na simpática
Pastelaria de Santa Clara, à "sombra" da Igreja de S. Pedro dos
Navegantes. Onde, fotografo uma arara, cujo olhar desconfiado me vai
seguindo de través, enquanto busco o melhor
ângulo para o “clique”.
O almoço, esse fora em Vila do Conde, no Paço do Conde, carne
para uns, com rojões, bacalhau para outros, em doses bem servidas e apetitosas.
Póvoa de Varzim
a caminho de Apúlia
Apúlia
Mindelo
Igreja de S. Pedro dos Navegantes
Sem comentários:
Enviar um comentário