Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

entre labruge e o mindelo

* Victor Nogueira


A meio da tarde, na companhia do Fiesta II, automobilei-me para Labruge, acompanhado dum mapa e de anotações sobre o que deveria procurar e ver. Em Vila Chã crianças brincavam no mini-parque infantil junto ao Largo da Lota, que estava pejado de automóveis. (1) Não estando disposto a executar intricadas manobras para nele estacionar, prossegui sem nova sessão fotográfica. Finalmente, a freguesia de Labruge, que se revelou um flop.

Nesta os caminhos são vicinais, estreitos e tortuosos. onde mal cabem dois automóveis lado a lado. Parece-me que à medida que  vamos rumando para sul desde o Rio Ave, a caminho de Matosinhos, mais desgraciosas e inóspitas são as povoações ou lugares. Os caminhos estreitos quase parecem veredas, obrigando a uma condução com atenção redobrada, tanto mais quanto à boa moda nortenha há automobilistas que conduzem por cima de toda a folha, sem precauções e respeito por terceiros.

No lugar de Moreiró placas vão indicando o caminho até ao Castro de Sampaio, de que falei em nota anterior. E assim, por caminhos estreitíssimos, pela rua de Sampaio,  chego à praia de Labruge, pejada de veículos estacionados  de ambos os lados, deixando uma tira estreita onde mal cabe um carro, obrigando a manobras complicadas sempre que dois se cruzam. Um passadiço corre ao longo do areal, onde se passeiam peões e transitam apressadas bicicletas. No termo, num descampado, consigo fazer inversão de marcha e desisto de passear na praia ou de localizar o Castro, a única. povoação castreja que se situa à beira-mar.

Tendo eu saído desta barafunda, um transeunte esclarece-me onde fica a estação arqueológica, que nada assinala, mas nem sequer tento voltar ao beco: deveria ter virado para sul ao chegar junto ao bar onde a estrada bifurcava, e não ter prosseguido pelo troço que  inflectia para norte, paralelo à costa.  O Google Maps indica-me que no termo desse beco que inflectia para sul situa-se uma penedia, mas só lá tornarei em setembro, esvaziadas as praias da sua população estival.

Saturado e frustrado desisto de mais visitas pela freguesia e regresso ao Mindelo, para um iced-tea com torradas e doce de ovos, desta feita numa confeitaria junto à Igreja de S. Pedro dos Navegantes. Mais repousado e reconfortado, rumo à Vila Corina ou Belo Horizonte,  na Rua do Covelo, para nova sessão fotográfica, numa tarde soalheira, estival, ao contrário da invernal e cinzenta de há meses atrás (2). O meu vizinho Alcino já me contou a história desse palacete hoje em degradação, mas não encontro as notas que teria tomado em 2014. Nos milheirais em volta o milho já se encontra seco e com as maçarocas formadas. ao contrário do que sucede noutros campos das cercanias.



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Labruge






Mindelo

Vila Corina ou Belo Horizonte










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