Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

domingo, 1 de outubro de 2017

entre duas margens, breve roteiro gastronómico de Penélope com Ulisses

* Victor Nogueira

Este roteiro por restaurantes, cafés e pastelarias é mais difícil de objectivar, pois não ficaram registos nem fotos. Lacuna que em relação a Setúbal procurei suprir, numa tarde desagradavelmente fresca com os motards atroando os ares e enchendo as ruas da cidade do cheiro das emanações de tubos de escape de motores mal-afinados. Tarefa prosseguida no dia seguinte, domingo, numa manhã luminosa, de céu azul, quase estival, com ar abafado apesar da brisa, quente, que varria as ruas.

Ora restaurantes em Setúbal foram o Copa de Ouro, na Luísa Todi, a Tasca da Fatinha, na Doca dos Pescadores, o Algodeia na antiga Estrada de que tomou o nome, recordou Penélope, a Casa Morena, (por duas vezes) no Largo da Fonte Nova, e um outro na Doca dos Pescadores, cujo nome Ulisses e Penélope não fixaram.  Porque o tempo em Setúbal é sempre escasso, pastelarias nenhuma - teremos de ir um dia ao Bandarra, ali nas escarpas de S. Nicolau, sobranceiro ao Estuário do Sado com a Serra-Mãe no horizonte - e cafés creio que apenas uma vez, ali na Praça do Brasil, o Brasília. Ah, mas poderíamos lá esquecer o café no cimo do Forum Luísa Todi, com o Estuário a nossos pés e a Serra da Arrábida mais para além ? E alguma vez teríamos lanchado na Tortas de Azeitão, na Avenida Luísa Todi ?

Em Palmela a Casa Mãe Rota dos Vinhos, com esplanada, e em Vila Nogueira de Azeitão creio que a Casa das Tortas. Ah, e, lembrou Penélope, um restaurante, o D'uportinho, no Portinho da Arrábida, ali com o azul do rio ondulando suavemente, a Pedra da Anixa ao alcance do olhar. Destes há registos fotográficos, se não do dia, ao menos doutras deambulações minhas, qual solitário D. Quixote sem Dulcineia.

Marchando para outra margem, chegamos a Lisboa, a "grande cidade de muitas e desvairadas gentes", no dizer de Fernão Lopes. Restaurantes ? Um creio que se situava nas cercanias da Rua das Janelas Verdes, se foi da vez em que visitámos o Museu Nacional de Arte Antiga. Teremos jantado em Alfama, quando foi o espectáculo de luz e som no Terreiro do Paço. mas desse nada retive. Rumando para Poente, chegamos a Belém, à Casa dos Pastéis - teremos entrado ou desistimos face às longas bichas ? - Do restaurante ou da envolvente há fotos, mas o serviço não nos agradou, tal como sucedera em Setúbal na Algodeia. Teria sido O Queijadas de Belém ? Mas num dos cafés do Centro Cultural de Belém lanchámos, na tarde em que fomes ver a Colecção Berardo de Arte Contemporânea.

Em Paço de Arcos naturalmente o almoço era em casa da minha tia Lili, tal como por vezes o lanche. Fora de casa, a Casa do Adro, na Avenida do Senhor Jesus dos Navegantes, e não sei se alguma vez o  Café Picadilly, pois o poiso habitual era a Seara, ali na Rua Gazeta de Oeiras, paredes meias com o Parque dos Poetas. Na visita à antiga Fábrica de Pólvora da Barcarena, teremos lanchado no café de lá ?

Depois o salto até Cascais e aí há a pastelaria creio que na Avenida Valbom, (por 2 vezes), e uma outra, perto do jardim Visconde da Luz. Subindo, chegamos a Sintra, e aí por duas vezes o café cultural cujo nome não fixei e que Penélope fez questão de me apresentar. Ítaca, essa está envolta em neblina.

Afinal de muitos destes locais ou da sua envolvente terei fotos, mas é moroso procurá-las. Ficam as deste sábado em Setúbal, com Penélope ausente e algumas outras, duas das quais extraídas do Google Earth..



Setúbal - Tasca da Fatinha


Setúbal - Copa de Ouro





Setúbal - Casa Morena e fogareiros colectivos (Largo da Fonte Nova)




Setúbal - Café Concerto, no último piso do Forum Luísa Todi


Setúbal - Snack Bar Café Brasília


Setúbal - antiga Estrada da Algodeia


Setúbal - Retiro da Algodeia


Portinho da Arrábida - Restaurante D'uportinho



Paço de Arcos - Tapada do Mocho


Paço de Arcos - Café Picadilly


Paço de Arcos - Casa do Adro  (Google Earth)


Lisboa - Restaurante Queijadas de Belém (Google Earth)


Vila Nogueira de Azeitão - Casa das Tortas


Palmela - esplanada da Casa Mãe Rota dos Vinhos



Sintra

Pelo caminho parámos para lanchar no simpático Espaço [da Condessa] d’ Edla, que foi esposa de D. Fernando II, viúvo da Rainha D. Maria II, monarca a quem se deve a construção do Palácio da Pena. O Espaço, para além de alojamento, comercializa produtos regionais e serve deliciosa doçaria. Mas para quem aprecia as lides culturais, um outro café, o da Saudade, é palco de saraus literários; a sua decoração é, no entanto, mais “tradicional”, como se loja antiga fosse pelos seus armários, embora também não faltem nele as actividades de mercancia.

Sem comentários: