Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

segunda-feira, 15 de junho de 2009

O (meio) século XX de Marc Riboud



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18 Abril, 2009

Riboud

Marc Riboud, Peintre de la tour Eiffel, 1953, Paris
© Marc Riboud


O (meio) século XX de Marc Riboud
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Sérgio C. Andrade
(P2, Público, 18.04.2009)
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Em Novembro do ano passado, por entre a multidão de jornalistas e correspondentes que acompanharam a eleição de Barack Obama para a presidência dos Estados Unidos, estava um velho senhor de cabelos brancos, 85 anos, que não quis deixar de registar o acontecimento com a sua câmara fotográfica, como o fizera inúmeras outras vezes, ao longo do último meio século, em diferentes partes do mundo. O fotógrafo em causa é o francês Marc Riboud (n. 1923), um nome fundamental da fotografia do século XX, nomeadamente através da sua ligação à agência Magnum, de Henri Cartier-Bresson e Robert Capa.
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Uma exposição retrospectiva da obra de Marc Riboud pode ser visitada em Paris, no Musée de la Vie Romantique, até 26 de Julho. Chama-se O Instinto do Instante - 50 Anos de Fotografia e traça, em mais de uma centena de imagens, o percurso aventuroso deste autor para quem a fotografia, "mais do que uma profissão, foi sempre uma paixão muito próxima da obsessão" (diz ele, na abertura do seu site em http://www.marcriboud.com/).
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No museu parisiense estão expostas inúmeras das fotografias mais conhecidas de Riboud (verdadeiros documentos históricos), muitas delas inéditas e outras em provas vintage. Entre elas encontram-se, claro, as do pintor da torre Eiffel - que, em 1953, valeram a Riboud a entrada para o "clube" restrito de Cartier-Bresson e Capa -, e as das duas jovens, empunhando uma flor perante os militares em Washington (1967) e levantando o punho, às costas de um manifestante, nas ruas de Paris (1968), que simbolizaram os importantes movimentos sociais e políticos que marcaram esse final da década de 60, nos dois lados do Atlântico.

Mas a câmara de Marc Riboud fotografou também, antes e depois destas datas, os principais protagonistas e os grandes acontecimentos políticos verificados na China e Índia (anos 50), a descolonização da Argélia e de outros países de África, ou ainda a Guerra do Vietname, ajudando assim a fazer o retrato da segunda metade do século XX.
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Ao lado destes registos mais históricos, a exposição dá ainda a ver a faceta mais pessoal e íntima da vida deste "homem honesto e corajoso, poeta tão interessado pelo homem como pela natureza, e com uma sensibilidade sempre vigilante e vibrante de ternura e de humor", diz a escritora Sophie Nauleau, no catálogo que acompanha a exposição.
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O Instinto do Instante - 50 Anos de Fotografia, de Marc Riboud
Musée de la Vie Romantique, Paris
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Até 26 de Julho

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