Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

sábado, 23 de janeiro de 2021

Murais 04 - Lisboa (Alfama) - 3 poemas e 2 canções

 * Victor Nogueira


 Alfama  - as varinas, os marinheiros, o  barco de pesca e o carro eléctrico, o 'amarelo da Carris'
 



murais e grafitos em Alfama (Lisboa) - 3 poemas e 2 canções
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LISBOA, por Eugénio de Andrade
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Alguém diz com lentidão:
“Lisboa, sabes…”
Eu sei. É uma rapariga
descalça e leve,
um vento súbito e claro
nos cabelos,
algumas rugas finas
a espreitar-lhe os olhos,
a solidão aberta
nos lábios e nos dedos,
descendo degraus
e degraus
e degraus até ao rio.
.
Eu sei. E tu, sabias?


Lisboa menina e moça, por Carlos do Carmo
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LISBOA, MENINA E MOÇA - letra Ary dos Santos - música Paulo de Carvalho

No castelo, ponho um cotovelo
Em Alfama, descanso o olhar
E assim desfaz-se o novelo
De azul e mar
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À ribeira encosto a cabeça
A almofada, na cama do Tejo
Com lençóis bordados à pressa
Na cambraia de um beijo
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Lisboa menina e moça, menina
Da luz que meus olhos vêem tão pura
Teus seios são as colinas, varina
Pregão que me traz à porta, ternura.

Cidade a ponto luz bordada
Toalha à beira mar estendida
Lisboa menina e moça, amada
Cidade mulher da minha vida
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No terreiro eu passo por ti
Mas da graça eu vejo-te nua
Quando um pombo te olha, sorri
És mulher da rua
.
E no bairro mais alto do sonho
Ponho o fado que soube inventar
Aguardente de vida e medronho
Que me faz cantar
.
Lisboa menina e moça, menina
Da luz que meus olhos vêem tão pura
Teus seios são as colinas, varina
Pregão que me traz à porta, ternura
.
Cidade a ponto luz bordada
Toalha à beira mar estendida
Lisboa menina e moça, amada
Cidade mulher da minha vida
.
Lisboa no meu amor, deitada
Cidade por minhas mãos despida
Lisboa menina e moça, amada
Cidade mulher da minha vida
.


Lisboa antiga, por Amália Rodriguesx

LISBOA ANTIGA Poema: José Galhardo e Amadeu do Vale - Música: Raul Portela
Primeira Gravação: 1952
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Lisboa velha cidade, cheia de encanto e beleza
Sempre a sorrir tão formosa
E no vestir sempre airosa
O branco véu da saudade cobre o teu rosto, linda princesa
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Olhai senhores esta Lisboa de outras eras
Dos cinco reis das esperas e das toiradas reais
Das festas das secular's procissões
Dos populares pregões matinais que já não voltam mais
.
Lisboa de ouro e de prata, outra mais linda não vejo
Sempre formosa a brincar e a cantar de contente
O teu semblante se retrata
No cristalino azul do Tejo
.
Olhai senhores esta Lisboa de outras eras
Dos cinco reis das esperas e das touradas reais
Das festas das seculares procissõ
Dos populares pregões matinais que já não voltam mais
.

VER   

Lisboa - entre Ajuda, Belém, Mouraria e Alfama

O tempo de Lisboa


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