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“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Milhares de fotografias das exposições de arte aprovadas por Hitler estão online



Pela primeira vez
07.12.2011 - 15:42 Por Cláudia Carvalho
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Uma das muitas imagens disponíveis online
Uma das muitas imagens disponíveis online (DR)
 São mais de 100 mil as fotografias que documentam a “Grande Exposição de Arte Alemã” (“Große Deutsche Kunstausstellung”), patrocinada pelo regime nazi e que aconteceu anualmente entre 1937 e 1944, e que estão agora disponíveis online através da iniciativa do Instituto Central de Munique para a História de Arte.

O catálogo online, agora disponível gratuitamente pela primeira vez, está categorizado por artista, género e tema, sendo também possível aceder aos dados dos proprietários das obras de arte, dando uma nova visão e perspectiva sobre o tipo de arte e trabalhos aprovados por Adolf Hitler e que definiam o gosto dos cidadãos da época e seguidores do regime nazi.

De forma a mostrar o seu ideal de arte alemã, Hitler construiu, em parceria com o arquitecto Paul Ludwig Troost, a Haus der Deutschen Kunst (hoje Haus der Kunst), A Casa da Arte Alemã, onde todos os anos acontecia a “Grande Exposição” de centenas de obras de arte aprovadas pelo ditador, depois de uma grande selecção.

“Todos os anos Hitler nomeou Heinrich Hoffmann como o examinador preliminar. Os trabalhos que ele considerasse que valiam a pena ser vistos pelo Fuehrer eram levados para as salas de exposições para depois Hitler julgar a sua importância. (...) As coisas que ele gostava eram exibidas, as que ele rejeitava eram consideradas medíocres, assim como o artista”, escreveu Otto Dietrich na biografia de Hitler sobre a exposição anual. 

Apesar de apenas as obras de arte aprovadas por Hitler terem sido expostas, a historiadora Christian Fuhrmeister, que está ligada a este projecto, explicou ao The Art Newspaper que este catalogo completo de todas as exposições que aconteceram mostra que a exposição não era apenas propagandista mas que Hitler tinha também sensibilidade para a arte.

Segundo Fuhrmeister, dos 1200 a 1800 objectos exibidos todos os anos, apenas em cerca de 50 a 60 obras é notória a propaganda e a ideologia nazi, no resto encontram-se várias paisagens, natureza-morta e diversas pinturas. 

As fotografias estiveram durante décadas arrumadas em álbuns no Instituto Central. No entanto em 2004, um grupo de investigadores juntou-se à Haus der Kunst, espaço onde aconteciam as exposições, e ao museu Deutsches Historisches, em Berlim, que detém mais de 700 obras de arte compradas por Hitler, e começaram a catalogar e a digitalizar a colecção.

Os documentos agora revelados ao público, mostram que Hitler foi ao longo dos anos o maior comprador na “Grande Exposição de Arte Alemã”, tendo gasto mais de 7 milhões de reichsmark (a moeda oficial na Alemanha de 1924 até 1948) em 1312 trabalhos. 

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