* Victor Nogueira
Ao fundo vê-se o murete que protege as ruínas romanas do Complexo da Comenda, no qual existem espaços associados a um balneário e a instalações de salga de peixe, do complexo urbano-industrial que funcionou na região entre os séculos I e V d.c., considerado o mais importante centro de produção de conservas de peixe do mundo romano ocidental.
Indústria conserveira de garum de que existem também vestígios na actual baixa de Setúbal e na Península de Tróia, defronte, na outra margem da foz do Rio Sado.
Segundo a Wikipedia «Garo (em latim: garum) ou liquamen era um género de condimento muito utilizado na Antiguidade, especialmente na Roma Antiga. É feito de sangue, vísceras e de outras partes seleccionadas do atum ou da cavala misturadas com peixes pequenos, crustáceos e moluscos esmagados; tudo isto era deixado em salmoura durante cerca de dois meses ou então aquecido artificialmente. Este produto era exportado para várias partes do Mediterrâneo. (...)
A elaboração de garum costumava ser feita longe das áreas urbanas, uma vez que gerava odores muito fortes.
(...) As ruínas destas fábricas até agora achadas em território português são constituídos pelos tanques ou cetárias destinados à salga de peixe e à preparação de conservas, normalmente de alvenaria. As conservas de peixe destinadas à exportação eram embaladas em recipientes de cerâmica, as ânforas.»
VER Sé de Lamego - pedra e talha dourada
Gaeiras - A caminho das Caldas, situa-se esta povoação, cujo nome resultaria do facto de nela existirem caieiras ou caiadeiras. A terra é também conhecida pelo célebre vinho com o seu nome.
No largo de S. Marcos encontramos um coreto, casas modestas e duas casas senhoriais, uma delas a Quinta da Ermida e a outra a Quinta das Gaeiras, similar a um solar francês, pintada de amarelo ocre, tal como a pequena ermida de S. Marcos; a côr amarela é a marca dos seus proprietários, os Pinto Basto, e encontramo la noutras casas de habitação, mais modestas, num fontenário, numa degradada casa de dois pisos num largo arborizado e, mais adiante, nas instalações vinícolas.
Mais adiante a modesta Igreja de N. Sra. da Ajuda, onde encontramos a sra. D. Clarisse, professora primária aposentada e de ar senhorial embora filha de motorista dos senhores da terra, que nos conta histórias da terra e dos seus donos.
Perto, numa rua estreita, alguns edifícios de dois pisos são-nos referenciados como um antigo hospital, com doze camas, hoje transformado em casas de habitação.
Nos arredores, à entrada de quem vem de Óbidos, perto da casa rural da Quinta das Janelas, visitamos as ruinas do Convento de S. Miguel das Gaeiras, cujos frades inicialmente estavam em Peniche donde vieram por temor dos assaltos dos piratas, sem que por isso desistissem das oferendas forçadas dos pescadores e doutras mordomias, tudo para glória de Deus. Na fachada do edifício devassado, de cujo interior têm roubado painéis de azulejos, sobressaem uma imagem do Arcanjo S. Miguel e dois outros painéis de azulejos, um representando S. Roque e outro S. Barnabé, encimados por uma imagem de S. Miguel, colocada em nicho.
É impossível penetrar no edifício, com aberturas emparedadas, pelo que me limito a rodeá-lo; tem uma aprazível mata e nas traseiras um arco, uma fonte monumental e uma casa de fresco, tudo muito degradado, com incrustações e azulejos vandalizados.
Da toponímia registo as ruas da Bomba de Água, do Vale dos Ventos, das Escolas, da Ermida, do Lugar de Além e Principal, bem como a travessa da Rua Principal. (Notas de Viagem, 1998.01.14 e 1998.02.07)
VER coretos 46 - Gaeiras, em 1998
2015 04 16 Foto victor nogueira - Lisboa - Torre de Belém - apesar do seu rendilhado e da frágil aparência, esta fortificação manuelina para protecção da barra do rio tejo tinha um enorme poder de fogo, a rasar as águas, cruzado com o da torre velha, nas cercanias de almada, na outra margem fluvial. Dizem os contemporâneos que era aterradora a sua vista a partir do rio, situando-se outrora num ilhéu rochoso hoje ligado a terra. Com efeito e naquele tempo o rio tejo bordejava o mosteiro dos jerónimos.
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Lisboa e a Torre de S. Vicente, em Belém
2014 04 16 Foto Victor Nogueira - portal manuelino da Igreja de S. Julião, reaproveitado após o terramoto de 1755. igreja foi reconstruída no século XIX, incorporando dois portais manuelinos. A Igreja que esteve ligada ao Mestre da Ordem de Santiago, era da devoção dos pescadores e já sofrera os efeitos dum outro terramoto no século XVI. Da igreja de traça manuelina, que no século XVI substituíra uma ,mais modesta do séc. XII, restam apenas dois portais manuelinos e parte da torre sineira.
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