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“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

sábado, 20 de março de 2021

Fortificações 35 - muralhas de Évora

 * Victor Nogueira



Neste pormenor da foto seguinte vê-se a torre da Porta de Alconchel


Évora - vista aérea

1968
Imaginem uma ilha de pedra escura ou casas irritantemente brancas no meio de uma infindável planície. Imaginem umas muralhas que encerrem umas relíquias sagradas, mais intocáveis que os "intocáveis". Imaginem umas igrejas velhas, escuras, uma delas cheia de tíbias e caveiras e dois esqueletos pendurados na parede [capela dos Ossos na Igreja de S. Francisco]. E a encorajadora frase "Homem, lembra-te que és pó e em pó te hás-de tornar". Uma janela manuelina, num canto, num dos muitos cantos escusos, e que foi do Garcia de Resende. Um templo romano, vulgarmente denominado de Diana.  Muralhas medievais e seiscentistas. Um aqueduto [da Prata] ou o que dele resta. E casas, muitas casas, dolorosamente caiadas de branco, um branco frequentemente maculado por umas escuras pedras graníticas, restos duma janela, duma porta, duma parede, duma muralha... E ruas estreitas e tortuosas, onde passam pessoas e carros. Évora, ei-la, cidade sem presente nem futuro, com passado, um passado que se pretende preservar a todo o custo. Aqui, se não fossem os automóveis e as antenas de televisão, poder-se-ia dizer que o tempo parou. Algumas décadas ou mesmo séculos atrás. (...)  (JCF - 1968.12.26)

Évora é uma das poucas cidades de Portugal que, ao longo dos tempos, tem conservado as suas antigas muralhas quase intocadas. Foi D. Afonso IV de Portugal quem ordenou as obras de construção das Muralhas de Évora, no século XIV.

No seu conjunto, a cerca é constituída pelas torres e panos de muralha que marcam os limites da cidade medieval. Temos, então, as Torres da Rampa dos Colegiais, do Baluarte de São Bartolomeu, do Jardim Público de Évora, das Portas de Aviz, as que ficam situadas perto do Convento do Calvário, e entre o Baluarte do Conde de Lippe e o Quartel de Cavalaria.

As Muralhas de Évora, também conhecidas como cerca romana, constituem um conjunto defensivo, de arquitetura militar, que foi sendo erguido ao longo de séculos.

A cerca mais antiga foi construída no século III, aquando do período da romanização, e estende-se por uma área de cerca de dez hectares com perto de dois mil metros de comprimento. Circundava a parte mais alta da cidade, onde hoje fica situada a Sé Catedral de Évora.

O centro histórico de Évora, bem delimitado pela cerca exterior, mantém-se ainda hoje como o centro político, administrativo, económico e social da cidade.

O sistema defensivo da cidade de Évora é formado por duas linhas de muralhas que correspondem a diferentes períodos de tempo. A segunda linha resultou do alargamento da área de habitação para além do perímetro da primeira muralha e da necessidade de proteção desse novo núcleo.

A primeira muralha, conhecida por cerca-velha, é de construção romano-medieval e é caraterizada por várias torres de diferentes formas: quadradas, circulares e poligonais. É também marcada pelas várias portas estrategicamente posicionadas sobre os principais eixos viários. Testemunho importante deste período é a Porta de D. Isabel. Entrar no centro histórico de Évora significa ter de passar por uma destas portas.

A segunda muralha, conhecida por cerca-nova, é de construção medieval, do século XVI. Foi sendo reforçada ao longo dos tempos e durante o século XVII foi reforçada com alguns baluartes bastante avançados

As Muralhas de Évora apresentam uma grande variedade de estilos, marcados por várias alterações e restauros levados a cabo em diferentes épocas por diferentes povos, como os Romanos, os Visigodos, os Mouros e os Portugueses Medievais. Foram utilizadas ao longo dos tempos como linhas defensivas fortificadas e, a partir do século XVI, foram adaptadas ao uso da artilharia.

Do período visigótico, temos a Torre Quadrangular, ou Torre de Sisebuto, rei visigótico, a quem foi atribuída a construção da muralha no século VII. No entanto, sabe-se que esta torre é uma construção romana tardia, construída no século III. É um elemento que faz parte da estrutura defensiva mais arcaica da cidade e que foi bastante alterada.

Não se conhece ao certo a estrutura da cerca durante o período islâmico mas existem alguns vestígios desse tempo na parte traseira da Sé Catedral de Évora e do Templo Romano de Évora.

in 





Jardim dos Colegiais


(Largo dos Colegiais)


(Rua do Muro e Aqueduto da Água da Prata)


Rua do Muro

Évora 1975 Muralha medieval e torre das Portas da Lagoa (Alagoa)  vistas da casa onde morávamos na Quinta de Santa Catarina


Torre das 5 Quinas, vista do terraço do antigo Palácio da Inquisição


Torre das 5 Quinas, vista do Jardim de Diana


Porta de Alconchel


Porta de Avis


(foto MCG)


Troço entre a Porta de Alconchel e a Porta do Raimundo


(mercado semanal)


Baluarte do século XVII no Rossio de S. Brás


(1975)


(1976)

Baluarte do século XVII no Jardim Público (Parque infantil)


1970 10 07 Évora muralha fernandina. Ao fundo a Torre da Porta da Lagoa - postal ilustrado VN 

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