* Victor Nogueira
Évora é uma das poucas cidades de Portugal que, ao longo dos tempos, tem conservado as suas antigas muralhas quase intocadas. Foi D. Afonso IV de Portugal quem ordenou as obras de construção das Muralhas de Évora, no século XIV.
No seu conjunto, a cerca é constituída pelas torres e panos de muralha que marcam os limites da cidade medieval. Temos, então, as Torres da Rampa dos Colegiais, do Baluarte de São Bartolomeu, do Jardim Público de Évora, das Portas de Aviz, as que ficam situadas perto do Convento do Calvário, e entre o Baluarte do Conde de Lippe e o Quartel de Cavalaria.
As Muralhas de Évora, também conhecidas como cerca romana, constituem um conjunto defensivo, de arquitetura militar, que foi sendo erguido ao longo de séculos.
A cerca mais antiga foi construída no século III, aquando do período da romanização, e estende-se por uma área de cerca de dez hectares com perto de dois mil metros de comprimento. Circundava a parte mais alta da cidade, onde hoje fica situada a Sé Catedral de Évora.
O centro histórico de Évora, bem delimitado pela cerca exterior, mantém-se ainda hoje como o centro político, administrativo, económico e social da cidade.
O sistema defensivo da cidade de Évora é formado por duas linhas de muralhas que correspondem a diferentes períodos de tempo. A segunda linha resultou do alargamento da área de habitação para além do perímetro da primeira muralha e da necessidade de proteção desse novo núcleo.
A primeira muralha, conhecida por cerca-velha, é de construção romano-medieval e é caraterizada por várias torres de diferentes formas: quadradas, circulares e poligonais. É também marcada pelas várias portas estrategicamente posicionadas sobre os principais eixos viários. Testemunho importante deste período é a Porta de D. Isabel. Entrar no centro histórico de Évora significa ter de passar por uma destas portas.
A segunda muralha, conhecida por cerca-nova, é de construção medieval, do século XVI. Foi sendo reforçada ao longo dos tempos e durante o século XVII foi reforçada com alguns baluartes bastante avançados
As Muralhas de Évora apresentam uma grande variedade de estilos, marcados por várias alterações e restauros levados a cabo em diferentes épocas por diferentes povos, como os Romanos, os Visigodos, os Mouros e os Portugueses Medievais. Foram utilizadas ao longo dos tempos como linhas defensivas fortificadas e, a partir do século XVI, foram adaptadas ao uso da artilharia.
Do período visigótico, temos a Torre Quadrangular, ou Torre de Sisebuto, rei visigótico, a quem foi atribuída a construção da muralha no século VII. No entanto, sabe-se que esta torre é uma construção romana tardia, construída no século III. É um elemento que faz parte da estrutura defensiva mais arcaica da cidade e que foi bastante alterada.
Não se conhece ao certo a estrutura da cerca durante o período islâmico mas existem alguns vestígios desse tempo na parte traseira da Sé Catedral de Évora e do Templo Romano de Évora.
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