Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

domingo, 7 de março de 2021

fotos de capa em março 07

 * Victor Nogueira

2021 03 07 100 MIL Anos de Lutas Mil - O grito do Povo (Comuna de Paris 1871), BD de Tardi baseada no romance de Vautrin


2021 03 07  auto-retrato em Paço de Arcos 2017
Aqui a tarde está soalheira, límpida, cintilante, embora corra uma certa aragem de frescura  🙂  
Olho pela janela e as gaivotas fazem elegantes voos planados para lá da vidraça.


2021 03 07 RIMANCE DO CONDE NIÑO, por Victor Nogueira
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Ia o Visconde Niño
Pelo caminho real
Com andar bem pequenino
Por causa do areal.
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Cavalgava noite e dia
Por rio, vale e montes,
Quando o sol refulgia
Bebia água das fontes.
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Um falcão no ar voava
Em busca do céu d'anil
Com o seu olhar buscava
Mui para lá do redil.
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Numa curva do caminho
Oh! céus, cantando estava
Só, num ermo sózinho,
Quem pelo Niño chamava.
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Era uma fada princesa
Com um manto de jasmim
Envolto em muita sageza
Num campo de alecrim.
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Com pós de perlimpimpim
Seus cabelos penteava
Enquanto um bom lagostim
No fogaréu se cozinhava.
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Bom, soberbo, valioso,
Cálido refrigerante,
Um apelo precioso,
Raro, belo, cativante.
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Parou Niño, o Visconde,
Em pose primaveril;
Ao chamamento respondeu
Mui garboso, senhoril.
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Com um gesto desenvolto
Tirou, de breu, o capuz,
Com o cabelo revolto
Guardou o arcabuz.
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O cavalo à rédea solta
Ali ficou a pastar,
Sua verde crina envolta
Na doce brisa do ar.
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A viseira levantada,
Pé em terra, sem temor,
Ao coração descansado
Cantou pacificador:
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"Sinhá moça, és tão linda!
Com teu corpo donairoso
Comigo vem na berlinda
Mais teu mosto precioso;
..
Ao ver-vos sinto o luar
Aquecer-me sem ardor."
Disse o Conde sem pasmar,
armado em versejador.
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"De vós não quero eu ser
Prisioneira, cativa,
Ide-vos, ensandecer
Qualquer outra nativa."
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"Eu não vos quero guardar
Como o vento vós sois livre,
Assim ide cavalgar
Que não sóis do meu calibre!"
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De negro ficou o céu,
De branco, o Visconde Niño,
Na montanha um escarcéu
Mui descontente o malino!
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"Chorai, gaivotas, chorai,
Por dona tão altiva,
Na tempestade vogai
A nau presa, fugitiva."
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No seu cavalo real
O herói vai abalar.
O canto acaba mal
Se o Conde não ficar?!
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1991.Maio.23/28 - Setúbal


2020 03 07 foto victor nogueira - Bilhar em Paço de Arcos


2019 03 07 Foto victor nogueira mural na Avenida Belo Horizonte em Setúbal



2017 03 07voto victor nogueira - entre Paço de Arcos e Oeiras - parece mas não é um aqueduto nem a rampa de lançamento aero-espacial futurista mas sim o ferrocarril do SATU [Sistema Automático de Transporte Urbano]  encerrado por altamente deficitário em 31 Maio 2015, elefante branco abatido restando a carcaça. O Véstias e o Isaltino bem poderiam transformá-lo em mirante pedonal ajardinado para os turistas admirarem as vistas. Ou transformarem-no em pista de atletismo.


2016 03 07 Foto MNS - em Luanda, à sombra de imbondeiros - essas árvores maciças, atarracadas, esquálidas, cujos frutos me faziam lembrar enormes ratazanas penduradas pela cauda nos ramos descarnados Á direita será o Espinheira Rio ou o César, colegas do meu pai, o primeiro meu amigo de infância e jogatinas de cartas Seguem-se a minha mãe e o escriba, sempre sorridentes, e de calções brancos o meu irmão caçula, o Zé Luís.


2016 03 07 foto de família - os meus avós paternos (Alzira e José Luís), o meu bisavô José e os meus tios paternos Líza e José João, com o Citroen 'arrastadeira'

2015 03 07 Em Angola as férias grandes eram nos mesmos meses que em Portugal. Lá, coincidiam com a estação fria - o cacimbo - daí os casacos de malha. Naturalmente o frio nada tinha a ver com o que vínhamos encontrar no Inverno, quando lá - nesses meses - era um calor infernal.

Luanda Liceu Salvador Correia - 1964~65 - 6º ano turma B (alínea G) 1965.06.08

1ª fila - Abranches, Jacques Pena, Monteiro Torres (micro-torres)

2ª fila - Paula Coelho, Rogério Pampulha, Carlos Aguiar, Fátima Rocha, Isabel de Almeida, Artur Reis, Isaura, Carlos Lourenço, Teresa Melo, Victor Nogueira

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