Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Necrópoles e túmulos (02 A) - Mosteiro de Alcobaça (Panteão Real)


Foto Victor Nogueira - Alcobaça - Mosteiro (Panteão Real) - Este é um dos vários panteões dos reis, rainhas e princípes de Portugal, a par dos da Igreja do antigo Mosteiro de Santa Cruz (Coimbra), do Mosteiro da Batalha (Aljubarrota), da Igreja do Mosteiro de São Vicente de Fora (Lisboa) e do Mosteiro dos Jerónimos (Lisboa). 

Também a Igreja de Santa Engrácia (Lisboa) se destinava a Panteão Real, mas a centenária morosidade na conclusão das suas obras ("obras de santa engrácia", expressão que significava morosidade e inacabamento) inviabilizam-no, acabando por tornar-se já no século XX e após a implantação da República, Panteão para os Heróis e Glórias da Nação, tão ecletico que nele repousam desde Almeida Garrett a Aquilino Ribeiro e a Sofia de Mello Breyner (a 2ª mulher), dos ditadores Carmona e Sidónio Pais democratiamente coabitando com adversários como Manuel de Arriaga e Humberto Delgado, este assassinado pela Pide a mando de Salazar, na Presidência de  ... Carmona. 

Depois de Amália, outras glórias se pretende que lá repousem,  como o futebolista Eusébio ... Mas quem fala em José Afonso ou na assalariada rural alentejana morta pela GNR qd reclamava "Pão e Trabalho". ou em Bento Gonçalves, morto no Campo de Concentração do Tarrafal com muitos outros presos políticos, ou em Dias Coelho, escultor,assassinado pela Pide numa rua de Lisboa ?

Lá está  ele a meter a política  em tudo, dir-me-ão algumas das minhas leitoras mais ou menos fiéis. Pelo que ....


... o convite hoje é para uma deambulação pela vila de Alcobaça e alguma da sua história. e do Mosteiro cujo Abade era tão ou mais poderoso que o Rei de Portugal, a tal ponto que nos seus domínios se gritava em pedido de socorro "Aqui do Abade" e não "Aqui d'el Rey". Vasto domínio criado na terra de ninguém entre  os cristãos a norte e os muçulmanos a Sul, "revolucionou" a agriculttura na região. Com os tempos os seus frades e o Abade "renderam-se" a prazeres pouco ascéticos, a eles se podendo aplicar a expreessão "Comeu como um Abade" ou "Gordo que nem um Abade", desse estado falando um viajante inglês William Beckford nas suas Memórias. 

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