Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

2009 World Press Photo



ma-schamba

"…cheguei a um acordo perfeito com o mundo: em troca do seu barulho dou-lhe o meu silêncio…" (R. Nassar)

[esta entrada foi ficando para trás, a exposição já foi retirada, mas como as fotografias são interessantes põe-se o rascunho visível]
Na Fortaleza de Maputo foi apresentada a exposição World Press Photo 2009. Como exposição tem alguns contras, tradicionais nesta iniciativa anual. Os critérios de selecção temática, e assim sendo também de premiação, têm algo a ver com um roteiro de desgraças do ano transacto, o que traduz uma ideia do que é “press” – mais do que a informação é o espectáculo (visual, estético) da desgraça que é procurado. Diga-se que “não há festa nem festança onde não vá a dona Constança“, não há desgraça para a qual não haja categoria de premiação da World Press Photo, tudo debruado com uma tempestade atmosférica ou um leopardo-das-neves, para “alargar” o âmbito. Não quero forçar a nota mas a representação do ano, todos os anos, inclina-se para essa dimensão do horror humano. Desiquilibra-se. Para quem discorde desta minha opinião apelo a que olhe para os prémios dados à fotografia sobre Natureza – aí apela-se à estética, não se integra nessa dimensão uma vontade de denúncia das maleitas e horrores. E se há horrores e maleitas na natureza. Ou seja, os valores que pretendem ser mostrados na parte fotografia de natureza são diferentes (aparentemente mais apolíticos, mas só na aparência, pois na prática é mesmo um discurso político articulado) do que os que procuram ser transmitidos na parte fotografia humana.
Enfim, tem esse conteúdo mental sobre o que é imprensa. E tem alguns critérios de valorização de fotos verdadeiramente surpreendentes, mas para isso cada juri é soberano.
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Yasuyoshi Chiba, fotógrafo japonês, sobre os conflitos no Quénia.
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Carlos Cazalis (México), um sem-abrigo na noite.
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Anthony Suau (EUA) sobre a crise económica americana e sua repercussão no imobiliário – Foto vencedora
NETHERLANDS WORLD PRESS PHOTO 2008
Tomasz Wiech (Polónia), sobre a vida quotidiana.
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Carlos Gutiérrez (Chile), vulcão de Chaitén na Patagónia.
jpt
http://ma-schamba.com/fotografia-mocambique/world-press-photo-2009/
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