Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Mostra com fotos da ''Paris sob o nazismo'' gera polêmica





Uma exposição de fotos de Paris no período da ocupação alemã, durante a Segunda Guerra Mundial, está causando grande polêmica na França. As fotos, apresentadas na Biblioteca Histórica de Paris, mostram apenas imagens de parisienses, muitos deles elegantes, passeando despreocupados por locais emblemáticos da cidade, como a Praça da Concórdia ou a Avenida Champs-Elysées, ou namorando em parques.


O prefeito da capital, Bertrand Delanoë, decidiu retirar das ruas os pôsteres de divulgação da mostra, mas optou por mantê-la em cartaz, apesar dos protestos em relação às imagens realizadas por um fotógrafo de uma revista de propaganda nazista. Críticos disseram que os cartazes da exposição não deixavam claro que as imagens foram feitas dentro de um contexto de propaganda nazista.

A exposição, que reúne 250 fotos e é apresentada como ''uma visão da vida parisiense durante a ocupação alemã'', não mostra os aspectos dramáticos desse período, como as longas filas de espera em frente às lojas de alimentação ou a perseguição e deportação de judeus.

Revista dos países ocupados

As fotos, coloridas, o que era raríssimo na época, foram realizadas pelo fotógrafo francês André Zucca, que trabalhava para a revista de propaganda nazista Signal.

Zucca, correspondente de guerra para o jornal France Soir e a Paris Match, foi ''requisitado'' pelos alemães em 1941 para trabalhar na ''Signal'', revista bimestral divulgada em todos os países ocupados pela Alemanha.

O fotógrafo conseguiu obter filmes a cores justamente pelo fato de trabalhar para uma publicação nazista. As fotos de André Zucca são as únicas em cores tiradas em Paris nesse período da ocupação alemã na França.

''A ausência de precauções, sobretudo em relação à campanha de divulgação da exposição puderam criar incompreensões. Mas tirá-la de cartaz traria problemas porque a mostra tem virtudes pedagógicas em relação a uma outra realidade da ocupação alemã'', afirmou o prefeito.

''Enquanto alguns viviam muito bem, outros sofriam'', disse Delanoë. A prefeitura reconhece que os cartazes poderiam ter tido algum tipo de explicação para informar melhor aos parisienses o contexto em que as fotos foram tiradas.

Manipulação

O secretário municipal de Cultura, Christophe Girard, denunciou uma ''manipulação por trás das belas imagens'' e pediu o encerramento da exposição. O prefeito Delanoë pediu que debates sobre a ocupação alemã e sobre a exposição sejam organizados com historiadores durante o evento.

Durante a Segunda Guerra, 76 mil judeus na França foram deportados para campos de concentração, sendo 11 mil deles crianças.

A exposição na Biblioteca Histórica de Paris fica em cartaz até o dia primeiro de julho. Veja abaixo algumas das fotos expostas:



Praça da Concórdia



Rua do centro parisiense


Garotas no Jardim de Luxemburgo


Cine Lux Bastille e a estação de metrô da Bastilha

Fonte: BBC Brasil

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in Vermelho - 26 DE ABRIL DE 2008 - 12h05
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1 comentário:

A OUTRA disse...

Que na altura levantasse grande polémica as fotografias, concordo e a maior parte delas eram políticas. Não há situação política seja ela qual for que não utilize a fotografia como arma de propaganda e mais hoje em que a "net a divulga em segundos. No entanto entendo que também temos de ver nela a arte, ou então acabamos com a fotografia, com a "net", com a arte... Eu posso em minha casa se quiser construir uma fotografia, com o que quero, a interpretação de quem a olhar pode ser diferente da minha como o dia e a noite. Olhando o "Guernica" há muita gente que diz: os bonecos estúpidos de Picasso. No entanto sabemos perfeitamente o que representa. É um quadro belíssimo na representação da dor, da confusão, do horror...
Bj
Maria