Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Ecce Homo - fotografia e poesia

.* Victor Nogueira

Luanda (Foto de Família) 1952



Buçaco - 1998 (Foto Fátima Pereira) Kant_O_XimPi 



 Porto - 1988 (Foto Joana Princesa) -  Kant_O_XimPi -
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Huambo - o Zé depois do Juramento de Bandeira - 1972 10 15
(Foto jj castro ferreira)

Setúbal - Foto Victor Nogueira (1983)

Sintra - Foto Victor Nogueira (1978)

Caala - 1962  (Foto de Família)

Luanda (Foto J.J. Castro Ferreira- ?)

Luanda (1960) - Foto de Família

Luanda - 1951 07 - Baptismo do Zé


Luanda - 1951 - os três manos (o «criado» e os «meninos) Foto de Família

Homenagem a todos os que andaram comigo ao colo ou não,
que tratei sempre como iguais (Sebastião, Laurindo, Ambrósio, Fernando, senhora Maria - lavadeira - Amélia e outros)


Pituca - 1951 05 29 - 1987 02 26
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Ecce Homo
É tempo de chorar
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ECCE HOMO (1)

Era o dia 26 de Fevereiro
O Pituca morreu!
Encerrado em si
hirto no seu pijama azul
as mãos bonitas e o rosto frio
um vergão em torno do pescoço
o rosto violáceo
o ar sereno.
Longe vai o tempo da minha alegria
das nossas brigas
da nossa amizade
silenciosa
tímida
desajeitada.
Fica-me no pensamento
a lembrança de ti
nas coisas que me deste
os livros os posters
os bibelots as estatuetas
africanas as tuas pinturas
a Marilyn e o Pato Donald
os discos e as cassetes.
Memória da infância perdida
nas palavras silenciadas
Meu irmão!

Victor Nogueira - Poesia
1987.Dezembro.22 (1989.Março.10) - Setúbal


É TEMPO DE CHORAR

É tempo de chorar
silenciosamente
os nossos mortos
irmãos encerrados
encurralados
É tempo de chorar
enquanto
para lá desta hora
a vida se renova
por entre
os bosques e
os regatos
sussurantes
do imaginar o son (h) o estilhaçado
É tempo de chorar o tempo que voa!
(IN MEMORIAM do meu irmão Zé Luís, morto de morte matada
por ele próprio e por muitos outros no tempo
que para ele terminou naquela tarde de
26 de Fevereiro de 1987 ............................. )

Victor Nogueira - Poesia
1989.Fevereiro.03 - Setúbal


Quadro - Dali - A Persistência da Memória
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