* Victor Nogueira
Vista a partir da Meia-Laranja; para lá da ponte sobre o Rio Ave divisam-se a Capela de N. Sra do Socorro e o relógio de sol, alusivo aos Descobrimentos, na Praça D. João II.
A Praça D. João II, nas margens do Rio Ave, inaugurada em 2001, mostra ao visitante diversas celebrações dos Descobrimentos Portugueses, tais como os padrões das “cinco partidas do mundo”, o lago da sereia, vários chafarizes em forma de globo e, em destaque, um grande relógio de sol. O nome da Praça evoca o nome do rei que ordenou a construção da Alfândega Régia, edifício localizado nas proximidades.
Memória dos 500 anos dos Descobrimentos Portugueses e da participação de Vila do Conde na Epopeia Marítima é uma praça-monumento concebida pelo escultor José Rodrigues, marcada pela afirmação vertical de um mastro e do velame de nau sulcando ondas geométricas, com uma sereia pontuando um mar encantado e onde o firmamento se espelha.
Acordo cheio de sede, levanto-me e dirijo-me à cozinha para beber um copo de água. Aqui olho para l da anela aberta e no horizonte o sol começa a despontar. Vou até à varanda da sala e ele já surde por entre as núvens. Dentro de casa a temperatura está amena, mas lá fora corre uma desagradável brisa fresca, algo gélida. Defronte a mim perpassam as gaivotas no seu voo rápido, ora batendo as asas, ora planando. Vou buscar a máquina fotográfica, encenando as imagens que irei "capturar". Eis uma delas.
2023 04 24 - Nos 49 anos do 25 de Abril, para que a memória não esqueça - O Homem da bicicleta, ao nascer do sol (Foto victor nogueira) ~ Outrora, a bicicleta era o meio de transporte dos pobres, instrumento de trabalho, referido, por exemplo, no filme "Ladrões de bicicletas" (Ladri di biciclette), de Vittorio de Sica 1948), estando a bicicleta na origem dum desporto então popular em vários países, anualmente culminando na "Volta a [..] em bicicleta". Volta esta que em Portugal esteve na base dum outro filme, "O Homem do Dia", de Henrique Campos (1958).
A bicicleta era naturalmente o meio de transporte frequentemente utilizado pelos militantes comunistas, na clandestinidade, em muitas das suas deslocações, para estabelecer contactos, organizar as lutas, distribuir a imprensa clandestina. A essa actividade se refere Álvaro Cunhal na sua obra literária, designadamente em "Até Amanhã, Camaradas".
Alexandre O'Neil, num seu poema, trata também esta temática, em "A Bicicleta"
Múltiplos e diversificados são os alvoreceres que se vislumbram a partir do cimo desta torre no alto duma encosta. Por vezes sombriamente cinzentos, outras com o astro-rei assomando e erguendo-se na linha do horizonte, até se transformar numa bola de fogo, pouco depois dissolvida na límpida claridade azul, por vezes polvilhada de flocos de núvens brancas. Outras vezes da bola de fogo nada se vislumbra, ferreamente encoberta pelas núvens, num plúmbeo cinzento, noutras nestas espelhando-se, numa paleta em que predominam o vermelho ou o laranja!
(Fotos em abril, 14 e 29)
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