* Victor Nogueira
.... antiga Rua da Praia, de poente para nascente e retorno à Quinta da Saboaria, com incursões pelas antigas Praça da Ribeira Velha (Largo Dr. Francisco Soveral) e Praça do Sapal (ou das Couves, actual Praça de Bocage). Três dos conjuntos escultóricos abaixo referidos são complementados com poemas, que no devido local se reproduzem, de autoria de poetas setubalenses: Laureano Rocha, Sebastião da Gama e Bocage.
A Rua da Praia, construída em aterros e terrenos conquistados ao rio no século XIX, era o Passeio Público da Burguesia, com o coreto, o Teatro D. Amélia, o elitista Club Setubalense, o Grande Salão Recreio do Povo, e vários palacetes e casas imponentes, como a Casa do Leão, um dos exemplares sadinos de arte nova, estendendo-se do Baluarte da Conceição até ao Passeio do Lago, onde começava o território dos pescadores do Troino e da sua faina, até à Quinta da Saboaria, em cuja vizinhança se situavam fábricas de conservas de peixe.
Avenida Luísa Todi
Igreja e Convento da Anunciada
Setúbal, eu tenho pena
de não te poder cantar.
Tu és mote de um poema
que ninguem pode ensinar
Se há beleza em qualquer lado
se valesse algum dinheiro
com a princesa do Sado
comprava-se o mundo inteiro
Onde é que existe um rio azul igual ao meu
que em certos dias tem mesmo a cor do céu,
minha cidade é um presépio é um jardim
queria guardá-la inteirinha só para mim.
Setúbal terra morena
onde tudo fica bem,
tens a beleza serena
no rosto de minha mãe.
Ó rio Sado de águas mansas
que pró mar vais a correr,
não leves minhas esperanças
sem esperanças não sei viver.
(Rio Azul, poema de Laureano Rocha)
Monumento ao Roaz-Corvineiro (Tursiops truncatus)
O agoiro do bufo, nos penhascos,
foi o sinal da Paz.
O Silêncio baixou do Céu,
mesclou as cores todas o negrume,
o folhado calou o seu perfume,
e a Serra adormeceu.
Depois, apenas uma linha escura
e a nódoa branca de uma fonte amiga;
a fazer-me sedento, de a ouvir,
a água, num murmúrio de cantiga,
ajuda a Serra a dormir.
O murmúrio é a alma de um Poeta que se finou
e anda agora à procura, pela Serra,
da verdade dos sonhos que na Terra
nunca alcançou.
E outros murmúrios de água escuto, mais além:
os Poetas embalam sua Mãe,
que um dia os embalou.
(Sebastião da Gama - Serra Mãe - excerto)
Largo e Auditório Municipal José Afonso
O vendedor de pássaros, por Américo Ribeiro e Odeith
Eu me ausento de ti, meu pátrio Sado,
Mansa corrente deleitos, amena,
Em cuja praia o nome de Filena
Mil vezes tenho escrito, e mil beijado:
Nunca mais me verás entre o meu gado
Soprando a namorada e branda avena,
A cujo som descias mais serena,
Mais vagarosa para o mar salgado:
Devo enfim manejar por lei da sorte
Cajados não, mortíferos alfanges
Nos campos do colérico Mavorte;
E talvez entre impávidas falanges
Testemunhas farei da minha morte
Remotas margens, que humedece o Ganjes.
Bocage, in ‘Rimas’
Monumento à Resistência Antifascista, à Liberdade e à Democracia, do escultor José Aurélio
Praça Teófilo Braga (antigo Largo da Anunciada) e Fonte do Sapal
Largo João Vaz, pintor setubalense (antigo Largo do Carmo) e ruínas do Casino Setubalense (cinema)
Grande Salão Recreio do Povo, actualmente agência duma instituição bancária
Fonte Luminosa ou do Centenário da elevação de Setúbal a cidade, em 1861. . As três estátuas femininas, em mármore branco de Estremoz representam “A Terra”, “O Mar” e “A Poesia” são da autoria do escultor portuense Arlindo Rocha
Mercado Municipal do Lvramento
Edifício do Banco de Portugal, actualmente Galeria Municipal
Na placa central as caixas da EDP estão decoradas, com temática variada, de animais à Natureza (Rio Sado e Serra da Arrábida), sem esquecer actividades económicas (viniviticultura, embarcações de pesca e indústria conserveira). Junto a estas duas encontra-se um dos painéis alusivos a Elmano Sadino, do percurso "Bocage na rua", com reprodução de sonetos de sua autoria. Aqui se encontram pois dois dos seus sonetos, um do quais, "Eu me ausento de ti, meu pátrio Sado", mais acima já transcrito, sendo o outro
Um governo sem mando, um bispo tal;
De freiras virtuosas um covil,
Três conventos de frades, cinco mil
Nhons e chinas Cristãos, que obram mui mal;
Uma sé que hoje existe tal e qual;
Catorze prebendados sem ceitil,
Muita pobreza, muita mulher vil;
Cem portugueses, tudo num curral;
Seis fortes, cem soldados, um tambor;
Três freguesias cujo ornato é pau;
Um Vigário-Geral, sem promotor;
Dois colégios, e um deles muito mau;
Um senado que a tudo é superior;
É quanto Portugal tem em Macau
Coreto da Sociedade Musical Capricho Setubalense
Forum Municipal Luísa Todi
Edifício da antiga Alfândega Régia, actual Biblioteca Municipal
Homenagem ao actor setubalense Carlos Rodrigues (Manuel Bola), do escultor Jorge Pé Curto
Postigo de João Galo, na Rua dos Mareantes
Edifício do Clube Setubalense
"A menina da mala" da autoria do escultor João Duarte
Arco da Ribeira Velha, antigo Postigo da Ribeira
Largo da Ribeira Velha
“ Menina c/ cadeira”, da autoria do escultor João Duarte
(Rua Serpa Pinto)
Praça de Bocage
Paços do Concelho de Setúbal, projecto do Arquitecto Raúl Lino
Pórtico lateral da Igreja de S. Juião
Estátua de Bocage, poeta setubalense, da autoria do escultor Pedro Carlos dos Reis, da oficina de Germano José Salles, de Lisboa
Fachada principal da Igreja de S. Julião
Avenida Luísa Todi
Glorieta a Luísa Todi. cantora lírica setubalense, desenhada por Abel Pascoal, esculpida por Leopoldo de Almeida e construídoa por Abílio Salreu.
Palácio dos Duques de Aveiro onde D. João II assassinou o cunhado, Duque de Beja, que se opunha à centralização do poder real.
Antigo Recolhimento da Soledade (conventual), actual Casa da Baía
fotos em 2018.02.18
Monumento à Resistência Antifascista, à Liberdade e à Democracia, do escultor José Aurélio
"Aos resistentes que com a sua acção lutaram e lutam contra o fascismo, pela Liberdade, pela Democracia e pela Paz. 25 de Abril sempre!".
fotos em 2018.02.17
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