Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Moinho de Maré da Mourisca, em Setúbal

* Victor Nogueira

Esteve um sábado novembrista e soalheiro, do Verão de S. Martinho, que desta feita não enganou, com um luminoso sol d’inverno. Houve castanhas e água-pé gratuitos em muitos sítios da cidade, desde o Centro de Trabalho do PCP até ao Moinho de Maré da Mourisca,

Era pois um sábado, sábado de S. Martinho, da castanha e do bom vinho. Talvez isso explicasse a avalanche de automóveis nas cercanias do moinho, actualmente Ecomuseu — Centro de Educação Ambiental, e as muitas pessoas que deambulavam ou sentadas estavam na esplanada. Com efeito este era um dos locais onde gratuitamente havia castanhas e água-pé. No percurso esculturas metálicas reproduzem alguns exemplares da avifauna e no cais de palafitas, já não às três pancadas como outrora, não estavam ancorados barcos tradicionais mas sim de "veraneio", talvez para os passeios fluviais. Esta zona acolhe uma enorme biodiversdade de aves devido à existência de densos montados de sobreiro, caniçais, sapais, salinas, galerias ripícolas e zonas agrícolas.  No observatório de aves, de Novembro a Março é vulgar a observação de alfaiates, flamingos, corvos marinhos, patos, garças, pilritos, maçaricos, e muitos outros espécimes. Na Primavera e no Verão vêem-se, os perna-longas, borrelos, andorinhas do mar, patos e colhereiros.

A maré estava baixa, no lodo jazendo a carcaça de duas ou três embarcações. Um poste de sinalização indica o caminho para as salinas, mas não vou até lá.Das cabanas típicas das margens do Sado uma está em ruínas e nos arredores um homem pastoreia meia dúzia de plácidas ovelhas.

No interior do moinho, duas exposições de fotografia, uma de Agostinho Gomes e outra de César Marrafa.

O Moinho de Maré da Mourisca situa-se em zona de montado, sapal, salinas, e antigos arrozais, na Herdade da Mourisca, sendo um dos três moinhos de maré existentes na área do Município de Setúbal. Os moinhos de maré são exemplo do recurso às energias renováveis e não poluentes.


Situado na Reserva Natural do Estuário do Sado, o Moinho de Maré da Mourisca, possivelmente original do século XVII, localiza-se na Herdade da Mourisca, próximo do Faralhão, numa zona de sapal e salinas, rodeado de terrenos antigamente usados para o cultivo de arroz.

Uma lápide no interior do edifício expõe a data de 1601, indiciando o possível ano da construção do moinho que, a funcionar junto de uma represa, a força da corrente da água para colocar em movimento as engrenagens responsáveis pela produção de farinha.

Uma vez cheia a represa - também denominada de caldeira - com o fluxo de água resultante da maré-cheia, era fechada a comporta de comunicação entre a mesma e o rio. Com a baixa-mar, eram abertas as portas que encerravam a caldeira, os pejadouros, e, através da corrente de água criada artificialmente, colocava-se a girar o rodízio, roda disposta horizontalmente, constituída por um conjunto de palas e ligada às mós.

Seis mós, responsáveis pela moagem dos grãos de cereais para o fabrico de farinha, equipavam o Moinho de Maré da Mourisca, espaço que, na primeira metade do século XX, foi alvo de melhoramentos, tendo, na altura, sido elevado o pavimento em cerca de cinquenta centímetros.

O ritmo das marés, influenciadas pela lua, assim como o facto de só ser possível colocar o rodízio a funcionar em seco, permitia apenas a produção de farinha durante três ou quatro horas por maré, duas vezes por dia.

O Moinho de Maré da Mourisca é propriedade do ICNF - Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas e funciona atualmente em regime de cogestão com a Câmara Municipal de Setúbal, sendo palco da realização de várias atividades nas áreas da educação e animação ambiental e do turismo de natureza.

O ICNF, anterior Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade, deu início à recuperação do edifício em 1995, que, em 2011, foi alvo de significativas obras de beneficiação. (in http://www.mun-setubal.pt/pt/pagina/moinho-de-mare-da-mourisca/280)



Google Earth


Google Earth


















































Ao fundo as chaminés da Central Termo-Eléctrica







`No horizonte, à esquerda, a Estação Elevatória da Belavista e a meio as chaminés da Central Termo-Eléctrica

fotos em 2017.11.11

Visitas anteriores






1997


(quando o  moinho era uma ruína)

Gravuras do folheto 








JFSado - Publicado a 28/11/2006


SOBRE O MOINHO DE MARÉ DA MITRENA VER


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