Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Mostra faz retrospectiva do fotojornalismo



27/10/2011 | NA ÚLTIMA DÉCADA

Tragédias, mas também registros de momentos bons, descontraídos, algumas curiosidades, tudo isso pula aos olhos nas fotografias da mostra "Testemunha Ocular", que o Senac Lapa Scipião, em São Paulo, exibe para o público. A exposição, que apresenta 682 imagens realizadas por fotojornalistas da Associação dos Repórteres Fotográficos do Estado de São Paulo (Arfoc), é uma retrospectiva dos últimos dez anos, um panorama de fatos e cliques espontâneos que reavivam a nossa memória recente. O fotógrafo Erick Pinheiro, do jornal Cruzeiro do Sul, participa da exposição, que reúne 229 profissionais. Bruno Cecim, que trabalhou no jornal Cruzeiro do Sul, também tem foto na mostra. A imagem foi feita enquanto ele trabalhou neste jornal.

"Os anos passam e as questões continuam as mesmas, como violência, enchente, corrupção e meio ambiente, por exemplo", diz o curador da mostra, João Kulcsár. Infelizmente, constatação inevitável.

O olhar crítico e ágil do fotojornalista o diferencia dos outros fotógrafos conceituais, como diz Kulcsár. Aliado ainda a essa característica há o fato de que as imagens realizadas por repórteres fotográficos são "mais populares e fáceis para as pessoas", o que faz da mostra, enfim, uma contribuição para "uma forma de alfabetização visual". "Os fotojornalistas são nossa memória do País e da sociedade e deveria ser dado mais valor a essa missão", afirma Kulcsár. A exposição, assim, é um apanhado de fotografias que foram destaques, entre 2000 e 2010, em jornais e revistas do Brasil de peso, como o Cruzeiro do Sul, O Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo, O Globo, Veja e Época, entre outros, e as veiculadas por agências.

Todo ano a Arfoc-SP, presidida por Paulo Whitaker, promove uma retrospectiva com obras de seus associados, e desta vez, em parceria com o Senac, a entidade apresenta um panorama bem mais amplo, de uma década. Do total de imagens selecionadas para a exposição, 105 estão apresentadas em painéis, impressas em diferentes formatos e reunidas nos núcleos temáticos Conflitos, Meio Ambiente, Esporte, Política e Cidades. "Usamos o conceitos dos cadernos de jornais, por áreas", diz João Kulcsár. Já as mais de 500 outras fotografias escolhidas para a mostra são exibidas por meio de projeção multimídia.

Os segmentos não deixam de prestigiar imagens que estão em nossa (triste) "memória afetiva", que lembram fatos marcantes como o caso da morte da menina Isabella Nardoni (2010); o episódio da universitária Suzane Von Richthofen, envolvida no assassinato de seus pais (2002); ou o desastre, em 2007, com o avião da TAM, que deixou 199 mortos no Aeroporto de Congonhas. Mas é também dos núcleos Conflitos e Cidades que florescem muitas das obras a revelar a parte cultural e estética do cotidiano.

A mostra, futuramente, vai passar por outras unidades do Senac, entre elas, do interior de São Paulo. A exposição, ainda, promove debate aberto ao público na segunda-feira, às 19h15, com a participação do editor de fotografia da Folha de S. Paulo, João Wainer, e com Juca Martins, da Agência Olhar Imagem.

A exposição fica em cartaz até 17 de novembro. Os horários de visitação são os seguintes: de segunda a sexta, das 9h às 21h, e aos sábados das 9h às 16h. O Senac Lapa fica na rua Scipião, 67 - Lapa; São Paulo. A entrada é franca. Informações: (11) 3475-2200.


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