* Victor Nogueira
A presença da família Cabedo, de origem francesa e radicada em Portugal desde o século XV, deixou marcas significativas, quer ao nível patrimonial, através dos palácios urbanos - como ocorreu em Setúbal e Lisboa -, quer na herdade do Zambujal, e em Ourém, onde possuíram outras “moradas de casas”, quer ao nível da memória urbana, através dos topónimos rua do Chanceler Mor Jorge de Cabedo, do Jardim do Quebedo, na Praça homónima (ambos em Setúbal) e rua do(s) Cabedo(s) (Lisboa)
Ocupando posições profissionais de destaque junto da corte, mas também no mundo literário - área onde se distinguiram -, os Cabedo começaram por fixar o seu “solar” em Setúbal, vila administrativamente adstrita a Lisboa, alternando a sua morada, a partir do início do séc. XVIII, entre a vila e a capital do Reino.
Localizada no extremo este da muralha da cidade, intramuros, na actual praça do Quebedo (antiga praça de S. Bernardo do arrabalde de Palhais), resulta do que foi a articulação de um conjunto de corpos, de que remanescem: um quadrangular, possivelmente mais antigo, e os restantes, rectangulares, de feição seiscentista, articulados entre si.
Esse conjunto, que cresceu paulatinamente, transformou-se ao sabor da vontade de alargamento da propriedade junto à igreja de Santa Maria da Graça e à cintura de muralha da então vila.
Este domínio fazia ainda confrontação com o lugar de Palhais, através da antiga muralha da cidade, sendo trespassado pela antiga porta de São Jorge, aberta em 1697 para facilitar a entrada na vila de pessoas e veículos e fechada em 1924-
Parcialmente encostado à muralha medieval, uma parte – a sul - teria sido cedida à Confraria do Corpo Santo, actual Museu do Barroso, para nele serem instaladas a Casa do Despacho e a Capela.
O actual aspecto do edifício resulta da ampliação feita em 1952, já por outros proprietários, que encerraram a Porta de S. Jorge e ergueram um 2º piso. Com efeito os Cabedos no final do século XIX haviam alienado o Palácio em Setúbal.
In Os palácios dos barões e viscondes de Zambujal em Setúbal e Lisboa, por Maria João Pereira Coutinho (2016) - http://arquivomunicipal.cm-lisboa.pt/fotos/editor2/Cadernos/2serie/cad5/artigo05.pdf
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