Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

quinta-feira, 21 de setembro de 2017

em paço de arcos, esperando pela musa adormecida, que não tece

* Victor Nogueira

Está pois  a musa atrasada, o que é inabitual, mas a responsabilidade é dos transbordos ferroviários. Hoje o ponto de encontro não é o do costume, junto ao Pingo Doce, mas sim à sombra do antigo Quartel do Bombeiros Voluntários de Paço d'Arcos. Como não era previsível o atraso, não vim munido dum livro para ler para ocupar o tempo - presentemente O Gerente da Noite, de John Le Carrée, que serviu de inspiração a uma série televisiva homónima, mas não muito fiel. Pelo que me vou entretendo observando e fotografando com o meu olhar clínico, que o Nabais diz ser de fotógrafo, até que a musa adormecida aparece, com  o seu sorriso por detrás dos óculos escuros, finas rugas ao canto dos olhos, passo apressado, cabelos quase da cor do trigo em flor esvoaçando com  o sopro da leve aragem que varre a Avenida do Senhor Jesus dos Navegantes.









fotos em 2017.09.21









fotos  em 2017.08.27



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