Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

sábado, 31 de outubro de 2020

Pôr do Sol nas Fontaínhas e noite de nevoeiro

 * Victor Nogueira

O périplo hoje era fotografar os apeadeiros da Cachofarra  e das Praias do Sado; o primeiro já foi desmantelado e o segundo ficou para outro dia considerando o adiantado da hora. Quedei-me assim pelas Fontaínhas, com o viaduto, o porto fluvial  a doca das Fontainhas e a Serra da Arrábida como tema ou enquadramento.

Há na minha vida há várias experiências marcantes: o nascer do sol visto dum avião a cerca de 3 mil metros de altitude, a visão de Lisboa polvilhada de luzeiros num dos regressos de avião vindo de Luanda, o céu estrelado visto estirado num terraço numa vila alentejana, Beringel, a visão dum homem a correr desenfreadamente, perseguido pela chuva. Na estrada, encontramos não poucas vezes a transição brusca do asfalto molhado para o seco, ou vice-versa. Mas uma vez em Luanda a chuva começou a cair lá longe, um homem apercebeu-se e começou a correr a ver se escapava mas ela foi mis rápida e ele ficou encharcado. Mas uma noite destas ao assomar à janela, ao nível do andar em que moro, para baixo o  nevoeiro nada deixava ver, mas para cima dele o céu estava quase limpo.















fotos em 2020.10.29 e 31




fotos de capa em 31 de outubro

 * Victor Nogueira


2020 10 31 foto victor nogueira - Papagaio na Pastelaria Santa Clara, no Mindelo, onde muitas vezes vou lanchar, ali ao lado da Igreja de S. Pedro. dos Mareantes.

Não aprecio papagaios. Sujam tudo à sua volta, repetem monotonamente frases que memorizaram e por vezes mordem-nos inesperadamente- Na minha vida, para além deste, recordo O da Ti Maria, no Porto da minha adolescência, e dum que havia na esplanada do entretanto encerrado restaurante O Cantinho do Frade, em Setúbal, ali perto do também demolido moinho do Frade. 

Na literatura há também um papagaio célebre, "Flint", de John Silver, o pirata, um dos principais personagens no romance "A ilha do tesouro",  de Robert L. Stevenson, um dos romances de aventuras da minha adolescência, da Biblioteca dos Rapazes, da Portugália Editora, conjuntamente com outros como os de Emílio Salgari, Paul Féval, Alexandre Dumas, Mark Twain e Júlio Verne.
 

Para terminar uma das canções da minha infância: «Papagaio louro» 



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2019 10 31  O separador do Google Chrome hoje afinfa-nos com o Halloween ou Dia das Bruxas. Escreveu outrora Cervantes, pela voz de D. Quixote, que não acreditava em bruxas, mas que as havia, havia.




2017 10 31  foto victor nogueira - Setúbal - Jardim do Quebedo

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Em torno da Igreja de Santa Maria da Graça, em Setúbal

Estatuária em Setúbal 07

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2016 10 31 foto victor nogueira - Mindelo - todo o trabalho tem sido feito rapidamente e por máquinas e tractores. Hoje o tractor gradava o campo enquanto iria lançando a semente à terra. Eis senão quando ao olhar para lá da janela, reparo neste homem dirigindo-se lá para diante, de enxada ao ombro e forquilha na mão. Penso que iria trabalhar o pedaço de terra em torno do poço onde as máquinas não entram.

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2015 10 31 foto victor nogueira - porto - o gato da minha tia teresa, seguido de poemas de  Vinícius de Morais, Fernando Pessoa, Alexandre O´Neill e José Jorge Letria

1 -. – Vinicius de Moraes – O gato
  
Com um lindo salto
Leve e seguro
O gato passa
Do chão ao muro
Logo mudando
De opinião
Passa de novo
Do muro ao chão
E pisa e passa
Cuidadoso, de mansinho
Pega e corre, silencioso
Atrás de um pobre passarinho
E logo pára
Como assombrado
Depois dispara
Pula de lado
Se num novelo
Fica enroscado
Ouriça o pêlo, mal-humorado
Um preguiçoso é o que ele é
E gosta muito de cafuné

2.- Fernando Pessoa – Gato que brincas na rua

Gato que brincas na rua
Como se fosse na cama,
Invejo a sorte que é tua
Porque nem sorte se chama.
Bom servo das leis fatais
Que regem pedras e gentes,
Que tens instintos gerais
E sentes só o que sentes.

És feliz porque és assim,
Todo o nada que és é teu.
Eu vejo-me e estou sem mim,
Conheço-me e não sou eu.

Fernando Pessoa, 1-1931

3. – Alexandre ´Neill -  Gato

Que fazes por aqui, ó gato?
Que ambiguidade vens explorar?
Senhor de ti, avanças, cauto,
meio agastado e sempre a disfarçar
o que afinal não tens e eu te empresto,
ó gato, pesadelo lento e lesto,
fofo no pelo, frio no olhar!
De que obscura força és a morada?
Qual o crime de que foste testemunha?
Que deus te deu a repentina unha
que rubrica esta mão, aquela cara?
Gato, cúmplice de um medo
ainda sem palavras, sem enredos,
quem somos nós, teus donos ou teus servos?

4. – José Jorge Letria - Ode ao Gato

Tu e eu temos de permeio 
a rebeldia que desassossega, 
a matéria compulsiva dos sentidos. 
Que ninguém nos dome, 
que ninguém tente 
reduzir-nos ao silêncio branco da cinza, 
pois nós temos fôlegos largos 
de vento e de névoa 
para de novo nos erguermos 
e, sobre o desconsolo dos escombros, 
formarmos o salto 
que leva à glória ou à morte, 
conforme a harmonia dos astros 
e a regra elementar do destino. 

José Jorge Letria, in "Animália Odes aos Bichos"

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felina inspecionando as prendas na noite de Natal em casa da Teresa




2014 10 31 foto victor nogueira - Santiago do Cacém - estendal e canto da lazeira 

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sexta-feira, 30 de outubro de 2020

fotos de capa em 30 de outubro

 * Victor Nogueira


foto victor nogueira - cães e gatos.

Há uma expressão popular que é "dão-se como cães e gatos", isto é, dão-se mal, brigam entre si.  Aparentemente os da foto estão em coexistência pacífica, tal como os que havia em nossa casa no quintal, em Luanda, que compartilhavam o mesmo prato da comida.

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o repouso, não dos guerreiros, mas dos canídeos



2018 10 30 Foto victor nogueira - Setúbal - O Convento de Jesus na Revista O Panorama, Jornal Litterario e Instructivo da Sociedade Propagadora dos Conhecimentos Úteis, vol I Série 2ª (Janeiro a Dezembro 1842), gravura 15, página 113

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2016 10 30 mudança da hora

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2013 10 30 Foto Victor Nogueira _ Sesimbra vista do castelo

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quinta-feira, 29 de outubro de 2020

fotos de capa em 29 de outubro

* Victor Nogueira



2020 10 29 foto victor nogueira - laranjas

"lalanja, lalanja, ué" era um dos pregões das quitandeiras que percorriam as ruas em Luanda na venda de produtos alimentares, a cesta na cabeça e por vezes o filho transportado às costas.


2019  10 29 foto Victor Nogueira - Eça e Ramalho escreveram «O Mistério da Estrada de Sintra»- Menos ambicioso, eu fotografo «O Mistério na Serra da Arrábida», onde não se sabe bem se a terra confina com o Mar-Oceano ou com o Sétimo Céu!





2019 10 29 Em Luanda, na Praia do Bispo, em Janeiro 1959  VER em torno dos "gasolinas"



2016 10 29 Mindelo 2016.10.28 GRAVURA - "olê, mulher rendeira 1" por EDINA SIKORA




2014 10 29 foto victor nogueira - Oeiras - Parque dos Poetas (zona B da 2ª fase) - João Ruiz de Castelo Branco, da autoria do escultor Rui Matos

Senhora, partem tão tristes
meus olhos por vós, meu bem,
que nunca tão tristes vistes
outros nenhuns por ninguém.

tão tristes, tão saudosos,
tão doentes da partida,
tão cansados, tão chorosos,
da morte mais desejosos
cem mil vezes que da vida.

partem tão tristes os tristes,
tão fora de esperar bem,
que nunca tão tristes vistes
otros nenhuns por ninguém

(João Ruiz de Castelo Branco)



quarta-feira, 28 de outubro de 2020

fotos de capa em 28 de outubro

 * Victor Nogueira


2020 10 28 foto victor nogueira - Quiosque Verde, no Jardim do Quebedo (W)

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2019 10 28 foto victor nogueira - Mindelo  muitas vezes tomo as refeições na cozinha, numa mesinha ...



2018 10 28 Setúbal, gravura de Pier Maria Baldi (1668 - 1669 )

Vêem-se os arrabaldes do Troino, a poente da urbe, e a muralha medieval que protegia a Vila, verificando-se que o Rio Sado se "encostava" a ela, antes dos aterros que ocorreram do traçado Norte da actual Avenida Luísa Todi até ao Jardim da Beira-Mar


2017 10 28 foto victor nogueira - Santo Amaro de Oeiras - casa onde viveu o escritor Aquilino Ribeiro, de 1920 a 1927 

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Em Santo Amaro de Oeiras



2013 10 28 Foto Victor Nogueira - Paço de Arcos (Rua Costa Pinto, junto ao restaurante A Marítima) - ao fundo, o casal, são os meus pais, in illo tempore

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Azulejaria CP - Sines

 *  Victor Nogueira

Presumo que estes painéis de azulejos sejam os da estação ferroviária de Sines, um edifício projectado por Ernesto Korrodi com revestmento azulejar de Gilberto Renda, realizado entre 1931 e 1932. O traço arquitectónico é similar aos das estações ferroviárias de Fronteira e de Santiago do Cacém.










Fotos em 2000

Setúbal e a passagem de nível das Fontaínhas, vendo passar os comboios

 * Victor Nogueira

A construção do viaduto das Fontaínhas, obstrução de vistas ao bairro piscatório, levou ao encerramento do trânsito automóvel nesta passagem de nível, reservada apenas a travessia pedonais, logo ali, à boca do túnel do Quebedo. Aqui podemos ver os comboios que passam, tal como no célebre e aliciante romance de Georges Simenon, intitulado «O Homem que Via Passar os Comboios».

o.