Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

terça-feira, 30 de junho de 2020

- nascer do sol em 2020.06.30 -

foto victor nogueira - nascer do sol em 2020.06.30 - 

Por mais voltas que desse, esta madrugada Morfeia abandonou-me, pelo que resolvi ver no canal AMC o filme ""Revolta no Pacífico", realizado em 1984 por Roger Donaldson, com Mel Gibson e Anthony Hopkins, narrando a insurreição de parte dos marinheiros do navio HMS Bounty. O objectivo da viagem era proceder ao carregamento de fruta-pão, para plantar nas colónias britânicas da Jamaica, alimento mais em conta e menos oneroso para sustentar os numerosos escravos das plantações das Antilhas. O filme era interessante e seria mais ajustado à realidade dos factos que um outro, realizado por Lewis Milestone 1962 interpretado por Marlon Brando e Trevor Howard. Esta última versão, de 1962,de que encontrei um trailer, pareceu-me mais americanada e espaventosa que a de 1984.

A determinada altura e pelo canto do olho apercebi-me que o céu estava a ficar laranja, pelo que resolvi fotografar o nascer do sol, com alguma encenação. Já tentara fazê-lo há dias, mas dessa vez tinha a simpática companhia de Joana Pestana, por isso não tendo pachorra para esperar, pelo que recolhi então a vale de lençóis.

By the way, alguém com Vida e sem medo de covid's, convida-me para um encontro e passeio? Hummm, não acredito muito, que isto é  (quase) tudo , salvo raríssimas excepções, pessoal e garinas que ainda não ultrapassaram o estádio do clã, da tribo ou da famiglia.

Mas como a bola de fogo não surdia no horizonte, continuei a ver o filme, até me aperceber que ela ia ascendendo lá longe, nos limites que a minha vista alcançava.  Mas com céu límpido e sem nuvens, nada de especial foi possível registar, pelo que apenas uma das encenadas é foto de capa, esta.

Tenham um bom dia, um dia estival e quente, convidando a uns mergulhos nas salsas  ondas ou picnicando à sombra fresca duma qualquer mata que não esteja vedada ou cercada de arame farpado.

segunda-feira, 29 de junho de 2020

Fiesta I, o fiel Rocinante


2019 06 29 Foto victor nogueira - o fiesta I, 25-29-CX, com que percorremos Portugal de lés-a-lés, perfazendo milhares de km.



Coretos 32 - Tavira





coreto de Tavira - foto por gentileza de Elisa, em 2020


Tavira, Silves, Alcoutim, Faro e o barrocal foram as zonas que no Algarve pouco conhecido me encantaram e cativaram.

domingo, 28 de junho de 2020

12º mensário e 1º aniversário da mariana


foto victor nogueira - notícias do 12º mensário e 1º aniversário da mariana. em 25 de junho, na serra de s. luís

sábado, 27 de junho de 2020

Ermida ou Capela de Santo António no Parque Verde da Belavista


* Victor Nogueira

Foto victor nogueira - Ermida ou Capela de Santo António no Parque Verde da Belavista, vista do prédio onde resido, com o estuário do Sado e a Península de Tróia ao fundo


A leste da várzea o outeiro onde se situa a Ermida ou Capela de Santo António no Parque Verde da Belavista deve ser o ponto de maior altitude, constituindo um miradouro natural. Pela encosta e por entre os pinheiros mansos entreveem-se o estuário do Sado, a Serra da Arrábida, a Península de Tróia a cidade e, a nascente, as povoações rurais ou suburbanas como Poço de Mouro, Estefanilha e Praias do Sado ou Faralhão e Santo Ovídio.

sexta-feira, 26 de junho de 2020

Santuários 22 - Ermida da Memória no Cabo Espichel (Sesimbra)












foto victor nogueira (1980) Ermida da Memória no Santuário de N. Sra do Cabo Espichel ou da Pedra Mua











quinta-feira, 25 de junho de 2020

A Capela de S. Luís da Serra

* Victor Nogueira

O 1º aniversário da Mariana foi no Parque de merendas da Capela de S. Luís da Serra, onde há muitos anos não ia, cujo acesso pela EN 10 ostenta uma tabuleta avisando tratar-se de propriedade privada, mais um dos antigos lugares de picnics que foram sendo "privatizados", alguns mesmo com arame farpado, como no Caminho Municipal 1056.

Um trilho britado e sinuoso, por vezes muito íngreme. conduz-nos a meia-encosta, até chegarmos ao frondoso parque de merendas e ao miradouro da Capela, de onde se avistam por entre os cabeços da Serra da Arrábida, o Estuário do Sado e a península de Tróia.

O templo está imaculadamente caiado de branco, com barras azuis, e adossado ao mesmo o coreto mais tosco que alguma vez vislumbrei, com a porta de acesso ao interior arrombada, deixando entrever materiais de construção.  No parque os bancos e as mesas são de madeira, estas cobertas com azulejos.

Na meia encosta as ruínas de duas habitações, uma delas com um registo de azulejos. Os pastores vindos dos campos de Azeitão e das baixas de Palmela rumavam outrora até Setúbal para mercadejar o gado. descansando e refrescando-se junto à Ermida de S. Luís, protector dos animais.

Daqui avistam-se as serranias da Arrábida, os vales férteis, a cidade ao fundo. Hoje quase abandonados, são percursos serranos difíceis de fazer a pé, permitindo aos afoitos vislumbrar paisagens diversificadas que no cume alcançam Lisboa, Setúbal e os estuário do Tejo e do Sado.

E ao longe o mar-oceano de onde regressavam os pescadores que da pequena ermida avistavam a lanterna e ouviam o sino como sinal de chegada em segurança à barra de Setúbal.

Este é local de romaria e sobre ela fala José Nobre  em texto sobre a  festa de São Luís da Serra que se transcreve de seguida:

Este é local de romaria e sobre ela fala José Nobre  em texto sobre a  festa de São Luís da Serra que se transcreve de seguida:

«No domingo seguinte à Páscoa, comemora-se a Pascoela e é nessa altura que acontecem os tradicionais festejos junto à capela de São Luís da Serra, implantada num maciço calcário, em pleno Parque Natural da Arrábida, às portas de Setúbal, dando-se assim início aos tradicionais círios e romarias setubalenses.

Daquele local com vista desimpedida para toda a península de Setúbal e vale do Tejo o convívio entre os festeiros é o mesmo que agregou em torno da antiga capelinha os seus antepassados. Porém, a forma e as diversões do século XXI são naturalmente diferentes.

Longe vão os dias das grandes cavalhadas em que os homens montados nos seus burros mostravam a sua destreza e de olhos vendado tentavam, com um varapau, partir uma bilha de barro, pendurado num dos grandes pinheiros mansos.

Passados vão os tempos em que dali partiam, ao final do dia, os felizardos a quem eram atribuídas gordas galinhas pelo seu desempenho nos jogos populares.

E também longe vão os tempos em que boa parte dos festeiros entravam em Setúbal, pelo Rio da Figueira, trocando as pernas devido à enorme bebedeira e com o corpo cheio de arranhões devido aos trambolhões que davam ao descer a serra, fruto daquele vinho tinto de Palmela que dava volta à cabeça dos romeiros.

Neste aspeto a tradição já não é o que era e hoje o convívio faz-se ao som da música de um qualquer artista popular contratado para o efeito ou de algum rancho folclórico. Para servir o povo está instalado um quiosque que vende bolos, sandes, sumos, cervejas e águas engarrafadas.

Há meio século ainda acorriam àquele lugar, a partir da cidade e das aldeias e vilas envolventes, a pé ou de burro, grandes multidões que levavam os seus farnéis e se dispunham a passar um bom dia de convívio a pretexto de homenagearem o protetor dos rebanhos.

Conta a lenda que certo dia andando um pastor com o seu rebanho de ovelhas deixou tresmalhar os animais.

O dia chegou ao fim, a noite caiu e o rapaz preocupado invocou São Luís da Serra para o ajudar a encontrar os animais perdidos, prometendo-lhe ofertar um fato quando fosse homem.

Pouco depois, escutou o balido das ovelhas e identificando o local onde se encontrava as foi buscar e levou-as em segurança ao redil.

Quanto ao fato que prometeu oferecer a São Luís não se sabe se o teria mandado fazer ao alfaiate ou se ficou por costurar por falta das medidas adequadas.»













O terreiro e parque de merendas









o mira-sado









a capela e o coreto








Festas e romarias que que persistem na área do Município de Setúbal, para além de S. Luís da SerraSenhor do Bonfim (Setúbal, Maio), São Pedro de Alcube (Aldeia Grande, Junho), Nossa Senhora da Arrábida (círios de Azeitão e Setúbal, Julho), Nossa Senhora do Rosário de Troia (Agosto), Nossa Senhora da Conceição (Aldeia da Piedade, Azeitão, Agosto), Nossa Senhora da Saúde (Vila Fresca de Azeitão, Setembro).


Santuários 21 - Nossa Senhora do Carmo da Penha, em Guimarães

* Victor Nogueira


[Eu, o avô Barroso e o tio Zé] Fomos a Famalicão, à Feira anual. Lá vendia se gado bovino e asinino, cerâmica, louças, roupas, arreios, etc. Há também uma feira semanal às quartas-feiras. No fundo a feira é igual às de Barcelos e Monte Real. Vi algumas mulheres de Viana [do Castelo] com os seus trajos típicos.  É provável que, em Outubro, o avô Barroso me leve à Penha e a Guimarães. (1963.09.29 - Diário III)

Para terminar o passeio fomos até à Penha, passeando por aquelas fragas e por entre os penedos, o que muito me agradou. (NSF - 1968.10.04) 

Tem uma admirável vista, sítio onde afloram enormes pedregulhos graníticos, irrompendo do solo. Num dos blocos graníticos há um memorial esculpido, consagrado a Gago Coutinho e Sacadura Cabral, e noutro a capela de N. Sra. do Carmo. No cimo do monte existe um desgracioso Santuário ponto de romarias e peregrinação. (Memórias de Viagem, 1997)

«As obras de construção iniciaram-se em 6 de Agosto de 1930, segundo o projecto do arquitecto Marques da Silva.

O Santuário da Penha é uma obra construída quase toda em granito da região, com o objectivo de esta se integrar no ambiente que a rodeia. As suas linhas, modernas para altura, não seguem as formas tradicionais, sendo sempre linhas rectas, estando integrada no estilo "Art Deco" da década de 30. A inauguração foi em 14 de Setembro de 1947. » (Wikipedia)

As fotos são de 1959, das férias que a minha mãe passou em Portugal.

quarta-feira, 24 de junho de 2020

Santuários 20 - Santa Maria de Goios e o culto da Santa Cruz, por Paulo Lobarinhas -

* Paulo Lobarinhas

Santa Maria de Góios  ~ História, histórias e memórias adormecidas

1.1. Capela de Santa Cruz de Cima 


A semelhança do que aconteceu noutras freguesias do concelho de Barcelos também em Góios se verificou, a meados do século XIX, o fenómeno da “invenção das cruzes”.

A “Invenção das cruzes” ou o “milagre das Cruzes” consistiu no aparecimento de cruzes “inscritas” em veios de terra negra. Este fenómeno deu-se a meados do século XIX em algumas freguesias do concelho de Barcelos - Góios, Remelhe, Alvelos, Carvalhal e Gamil - e tinha, em cada uma destas, um acontecimento similar. Regra geral a deteção destas cruzes aconteceu no mês de Maio, por altura da Festa da Cruzes em Barcelos e acontecia por intermédio de juntas de bois ou cavalos que, ao aproximarem-se dos lugares onde se vieram a encontrar as cruzes, paravam e recusavam-se a prosseguir a sua marcha. 

Em Góios este fenómeno terá ocorrido, inicialmente, entre os anos de 1840 e 1845 no local onde foi erigida a Capela de Santa Cruz de Cima.

  
Infelizmente não existe documentação que nos permita hoje conhecer com exatidão o que aconteceu. Temos alguns relatos orais que indicam a existência de uma festa onde acorriam romeiros de várias paragens no sentido de pedirem a ajuda divina para a cura das suas doenças. Segundo a mesma tradição oral terá existido um culto à Santa Cruz zelado por padres que viviam na casa vizinha à capela. 

1.2. Capela de Santa Cruz de Baixo 

No final do século XIX, por volta de 1890 ter-se-á repetido em Góios, em lugar próximo do anterior, o milagre das cruzes. 

O novo surgimento de uma cruz de terra preta, que ainda hoje pode ser visível, fez desencadear novamente o fervor do culto da “Santa Cruz”. 

A elevada ocorrência de romeiros à Santa Cruz de Góios, sobretudo no dia 3 de Maio de cada ano, fez com que a população se unisse no projeto e construção de um grandioso templo. 


 As obras de construção decorreram a bom ritmo nos primeiros anos após o novo aparecimento da “Santa  Cruz”, a verdade é que por algum motivo o culto foi perdendo força, há quem afirme que se terá devido ao facto de deste “novo culto” ter concorrido com as “Festas da Cruzes” em Barcelos, motivo que terá contribuído para que o clero lhe tenha, de certa forma, descredibilizado o culto que, com grande fulgor, havia surgido em Góios. Existe ainda a “tese” de que as festas se terão tornado demasiado pagãs, tendo igualmente contribuído esse facto para a sua descredibilização junto das entidades eclesiásticas. 

O que realmente aconteceu é hoje desconhecido pois não chegaram até nós documentos que nos permita descrevê-lo de forma sustentada. O que ficou até aos nossos dias foi uma “ruína” do início de uma construção de um templo que seria grandioso. 



Agradeço ao meu amigo Paulo Lobarinhas o envio e permissão de utilização deste texto de sua autoria.


Santuários 19 - Nossa Senhora da Visitação, em Montemor-o-Novo

* Victor Nogueira

Foto jj castro ferreira - Santuário de Nossa Senhora da Visitação visto de Montemor o Novo

A Ermida de Nossa Senhora da Visitação, exemplar de arquitectura religiosa mudéjar, manuelina e barroca, com ampla panorâmica sobre a cidade e arredores, foi edificada no séc. XVI. No século XVII foi instituída a respectiva Confraria dos Escravos de Nossa Senhora da Visitação.

No interior, encontram-se painéis de azulejos do séc. XVIII, alusivos à vida de Maria. Na sacristia, na Casa dos Milagres, existe uma colecção com cerca de duas centenas de ex-votos, retábulos pintados, fotografias, partes do corpo em cera, fitas e dois animais embalsamados (uma jibóia e um jacaré), sendo o mais antigo de 1799.

O Santuário foi construído após a descoberta do caminho marítimo para a Índia, em agradecimento a Nossa Senhora, em 1499 no reinado de D. Manuel I.

É um local de peregrinação e de grande devoção religiosa, com estas e Romarias realizadas desde o seu início.


terça-feira, 23 de junho de 2020

Santuários 18 - Nossa Senhora das Necessidades, em Barqueiros

* Victor Nogueira

A finalidade era ir até Esposende e Apúlia mas como já era tardia a hora em que pus rodas a caminho e para evitar a morosidade do pára-arranca da Estrada Nacional  resolvi seguir pela A28 e dou por mim na A11 rumo a Barcelos. Saio em "Barqueiros", que me parece uma povoação interessante  e desafogada à beira da  estrada, em cuja zona central se encontram uma igreja, uma bomba de gasolina e uma alameda ajardinada. Ignoro a razão de ser do nome dos lugares de Barqueiros e das Necessidades. 

Conduzir para oeste nestes dias de longo entardecer e com sol baixo a encandear - mesmo que de óculos escuros - é incómodo e perigoso por estas estreitas e sinuosas estradas secundarias. 

Estaciono junto à Igreja e dou início ao meu périplo fotográfico desde o Santuário de N. Sra das Necessidades até à alameda fronteira e ajardinada, com bancos a esta hora desocupados e um parque infantil onde brinca uma solitária criança acompanhada por um adulto. É neste jardim que se realizará dentro de poucos dias a Romaria e nele está uma escultura enaltecendo a vitoriosa luta das populações contra a extracção de caulino no que ficou conhecido como Guerra do Caulino ou Guerra dos Caulinos. O caulim ou caulino é um abundante minério composto de silicatos hidratados de alumínio, como a caulinita e a haloisita, e apresenta características especiais que permitem sua utilização na fabricação de papel, cerâmica, borracha, e tintas, entre outras aplicações, 

Ladeando a alameda (Avenida Arcebispo Dr. Gaspar Bragança) - que é o Terreiro do Santuário - casas de dois pisos, a maioria bem-conservadas, algumas com a pedra aparelhada à mostra. Junto à Igreja há uma edifício brasonado mas nas pesquisas posteriores nenhuma referência a ele encontro.  (...)



A festa em honra da Nossa Senhora das Necessidades é conhecida no país inteiro.As Festas atraem  milhares de forasteiros que visitam Barqueiros nos dias 6, 7 e 8 de Setembro, destacando-se  a procissão, a corrida de cavalos, as bandas de música e a queimada das Vacas de Fogo, cujo significado não consegui apurar.(...) No início do séc. XVIII, no local do primitivo povoado romano de Barqueiros só existia a igreja paroquial. Como estava decadente e em sítio ermo foi ordenada a sua transposição, em 1720, para a colina imediata a poente, para junto do povoado. Aí se situava o centro cívico de Barqueiros. A velha igreja de Barqueiros manteve-se igreja matriz até 1931. Neste ano passou para o Santuário das Necessidades, após uma década de lutas entre fações a favor e contra essa passagem.

A deslocação do centro da freguesia, do lugar de Igreja ou Barqueiros para as Necessidades, iniciou-se com a divulgação local do culto a Nossa Senhora das Necessidades e consequente construção do respetivo Santuário. A iniciativa deveu-se a Frei João Veloso de Miranda Matos Godinho e Noronha que trouxe de Lisboa uma imagem e a colocou num nicho próximo à Quinta da Torre de Bassar, quinta dos seus antepassados Velosos de Miranda que durante gerações foram escrivães do Couto de Apúlia.

Apregoadas as graças e virtudes gerou um grande movimento de peregrinos e avultadas esmolas que deu para iniciar a construção do Santuário por volta de 1746. A sagração deu-se em 1762, ainda sem retábulo-mor. Este foi projetado em 1774 pelo conhecido arquiteto bracarense, Carlos Amarante.

Construído em Bassar, junto aos limites de Barqueiros, num local de bouças pouco produtivas, era constantemente visitado por devotos, sendo o maior afluxo por ocasião da romaria, nos dias 7 e 8 de setembro e domingo seguinte a estes dias. Tal facto motivou a doação de uma vasta área de terreno – o atual Terreiro – para as romarias, por parte do Arcebispo D. Gaspar de Bragança. Estas festas foram, na segunda metade do séc. XVIII e séc. XIX, das mais afamadas da região, havendo registos de romeiros vindos da região costeira entre a Maia e Viana do Castelo.

A partir de 1800 inicia-se a construção de moradias na orla norte do Terreiro em lotes de terreno pertencente ao Santuário, denominado Bouça da Senhora das Necessidades.

Em 1812 o Terreiro aparece referenciado como rodeado de casas, havendo algumas destinadas ao apoio dos viajantes. Nas proximidades, aproveitando oportunidades de negócio com o movimento de peregrinos e romeiros, surgiu um importante centro produtor de telha e tijolo que deu origem ao atual lugar de Telheiras.

O Santuário, a nível regional, influenciou também o desenvolvimento de novas estradas. Logo em 1759, a confraria que ainda administrava o Santuário (ainda em construção) pede ao rei D. José uma ponte para a lagoa das Necessidades, entre Rio Tinto e Cristelo, em direção a Vila Seca e Barcelos. Mais tarde a importância desta via foi realçada com a nova estrada real (n.º 30), da Póvoa de Varzim a Valença, passando pelas Necessidades e Barcelos. Esta, em 1868, andava em construção na zona das Necessidades." (wikipedia)
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fotos em 2016.08.28
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