O périplo hoje era fotografar os apeadeiros da Cachofarra e das Praias do Sado; o primeiro já foi desmantelado e o segundo ficou para outro dia considerando o adiantado da hora. Quedei-me assim pelas Fontaínhas, com o viaduto, o porto fluvial a doca das Fontainhas e a Serra da Arrábida como tema ou enquadramento.
Há na minha vida há várias experiências marcantes: o nascer do sol visto dum avião a cerca de 3 mil metros de altitude, a visão de Lisboa polvilhada de luzeiros num dos regressos de avião vindo de Luanda, o céu estrelado visto estirado num terraço numa vila alentejana, Beringel, a visão dum homem a correr desenfreadamente, perseguido pela chuva. Na estrada, encontramos não poucas vezes a transição brusca do asfalto molhado para o seco, ou vice-versa. Mas uma vez em Luanda a chuva começou a cair lá longe, um homem apercebeu-se e começou a correr a ver se escapava mas ela foi mis rápida e ele ficou encharcado. Mas uma noite destas ao assomar à janela, ao nível do andar em que moro, para baixo o nevoeiro nada deixava ver, mas para cima dele o céu estava quase limpo.
2020 10 31 foto victor nogueira - Papagaio na Pastelaria Santa Clara, no Mindelo, onde muitas vezes vou lanchar, ali ao lado da Igreja de S. Pedro. dos Mareantes.
Não aprecio papagaios. Sujam tudo à sua volta, repetem monotonamente frases que memorizaram e por vezes mordem-nos inesperadamente- Na minha vida, para além deste, recordo O da Ti Maria, no Porto da minha adolescência, e dum que havia na esplanada do entretanto encerrado restaurante O Cantinho do Frade, em Setúbal, ali perto do também demolido moinho do Frade.
Na literatura há também um papagaio célebre, "Flint", de John Silver, o pirata, um dos principais personagens no romance "A ilha do tesouro", de Robert L. Stevenson, um dos romances de aventuras da minha adolescência, da Biblioteca dos Rapazes, da Portugália Editora, conjuntamente com outros como os de Emílio Salgari, Paul Féval, Alexandre Dumas, Mark Twain e Júlio Verne.
Para terminar uma das canções da minha infância: «Papagaio louro»
2019 10 31 O separador do Google Chrome hoje afinfa-nos com o Halloween ou Dia das Bruxas. Escreveu outrora Cervantes, pela voz de D. Quixote, que não acreditava em bruxas, mas que as havia, havia.
2016 10 31 foto victor nogueira - Mindelo - todo o trabalho tem sido feito rapidamente e por máquinas e tractores. Hoje o tractor gradava o campo enquanto iria lançando a semente à terra. Eis senão quando ao olhar para lá da janela, reparo neste homem dirigindo-se lá para diante, de enxada ao ombro e forquilha na mão. Penso que iria trabalhar o pedaço de terra em torno do poço onde as máquinas não entram.
2015 10 31 foto victor nogueira - porto - o gato da minha tia teresa, seguido de poemas de Vinícius de Morais, Fernando Pessoa, Alexandre O´Neill e José Jorge Letria
Há uma expressão popular que é "dão-se como cães e gatos", isto é, dão-se mal, brigam entre si. Aparentemente os da foto estão em coexistência pacífica, tal como os que havia em nossa casa no quintal, em Luanda, que compartilhavam o mesmo prato da comida.
2018 10 30 Foto victor nogueira - Setúbal - O Convento de Jesus na Revista O Panorama, Jornal Litterario e Instructivo da Sociedade Propagadora dos Conhecimentos Úteis, vol I Série 2ª (Janeiro a Dezembro 1842), gravura 15, página 113
"lalanja, lalanja, ué" era um dos pregões das quitandeiras que percorriam as ruas em Luanda na venda de produtos alimentares, a cesta na cabeça e por vezes o filho transportado às costas.
2019 10 29 foto Victor Nogueira - Eça e Ramalho escreveram «O Mistério da Estrada de Sintra»- Menos ambicioso, eu fotografo «O Mistério na Serra da Arrábida», onde não se sabe bem se a terra confina com o Mar-Oceano ou com o Sétimo Céu!
2018 10 28 Setúbal, gravura de Pier Maria Baldi (1668 - 1669 )
Vêem-se os arrabaldes do Troino, a poente da urbe, e a muralha medieval que protegia a Vila, verificando-se que o Rio Sado se "encostava" a ela, antes dos aterros que ocorreram do traçado Norte da actual Avenida Luísa Todi até ao Jardim da Beira-Mar
2017 10 28 foto victor nogueira - Santo Amaro de Oeiras - casa onde viveu o escritor Aquilino Ribeiro, de 1920 a 1927
2013 10 28 Foto Victor Nogueira - Paço de Arcos (Rua Costa Pinto, junto ao restaurante A Marítima) - ao fundo, o casal, são os meus pais, in illo tempore
Presumo que estes painéis de azulejos sejam os da estação ferroviária de Sines, um edifício projectado por Ernesto Korrodi com revestmento azulejar de Gilberto Renda, realizado entre 1931 e 1932. O traço arquitectónico é similar aos das estações ferroviárias de Fronteira e de Santiago do Cacém.
A construção do viaduto das Fontaínhas, obstrução de vistas ao bairro piscatório, levou ao encerramento do trânsito automóvel nesta passagem de nível, reservada apenas a travessia pedonais, logo ali, à boca do túnel do Quebedo. Aqui podemos ver os comboios que passam, tal como no célebre e aliciante romance de Georges Simenon, intitulado «O Homem que Via Passar os Comboios».