Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

domingo, 18 de outubro de 2020

Esperança Luís e a Farmácia Sanitas, em Lisboa, a long time ago

 * Victor Nogueira

Foto de família - até se reformar a minha tia-avó Esperança, farmacêutica, foi directora técnica da Farmácia Sanitas, em Lisboa, ao Camões. Na foto com a menina Conceição, a caixa. Lembro-me doutros empregados, como o António, ajudante de farmácia, e o senhor Liberato, mais idoso. Não me recordo se havia mais alguém para atender ao balcão, mas creio que sim, que havia mais uma outra pessoa para além da minha tia e do António. E não esqueço a empregada de balcão numa tabacaria daquele, largo, referida num escrito meu no exílio, em évoraburgomedieval. (1) O Senhor Liberato era coleccionista, não me recordo se de moedas, se de selos postais, tínhamos longas conversas e por vezes oferecia-me espécimes para as minhas incipientes colecções; muitas vezes estava ausente da farmácia, talvez por andar a distribuir as encomendas e a fazer outras diligências no exterior.. Naquele tempo os medicamentos não indicavam o prazo de validade, pelo que por vezes os juntava e depois a minha tia, na farmácia, separava-me o trigo do joio.


«Escrevo no antigo laboratório da Farmácia [Sanitas], no tempo em que as mezinhas eram manipuladas aqui nas traseiras. São cerca de 17:00 e os empregados tomam chazinho com bolos. (...) Ah! o chazinho é porque a minha tia Esperança faz... 71 anos.» (MCG - 1973.10.31)

A Farmácia tinha uma cave, onde havia um quartito para o empregado dormir nas noites em que estivesse aberta, de serviço. Creio que seria nessa cave que estaria o armazém de medicamentos, e era nela que a minha tia almoçava (pois morava em Paço d Arcos) e se lanchava. Acoplado à uma parede ainda estava, já sem préstimo, um telefone antiquíssimo, dos primitivos. A Farmácia pertencia ao Labotatório Sanitas, em Lisboa, um laboratório farmacêutico, sito na Rua D. João V.

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(1) (...) És a voz quente e cordial da Emília,

que de repente arrefece e desaparece.

És a Maureen, borboleta esvoaçante e carinhosa...

És a miudinha sorridente da papelaria do Chiado,

essa mesma, que tinha uma covinha no queixo. (...) (Évora, 1969.03.16)



em Carcavelos (foto jjcf )


em Carcavelos (foto MNS)



Coimbra (claustro da Sé Velha) -1974  (foto jj castro ferreira)

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