Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

terça-feira, 29 de outubro de 2019

«O Mistério na Serra da Arrábida»

* Victor Nogueira


foto Victor Nogueira - Eça e Ramalho escreveram «O Mistério da Estrada de Sintra»- Menos ambicioso, eu fotografo «O Mistério na Serra da Arrábida», onde não se sabe bem se a terra confina com o Mar-Oceano ou com o Sétimo Céu!

Álvaro de Campos - ESCRITO NUM LIVRO ABANDONADO EM VIAGEM

Venho dos lados de Beja.
Vou para o meio de Lisboa.
Não trago nada e não acharei nada.
Tenho o cansaço antecipado do que não acharei,
E a saudade que sinto não é nem no passado nem no futuro.
Deixo escrita neste livro a imagem do meu desígnio morto:
'Fui como ervas, e não me arrancaram'

Álvaro de Campos - Ao volante do Chevrolet pela estrada de Sintra,

Ao volante do Chevrolet pela estrada de Sintra,
Ao luar e ao sonho, na estrada deserta,
Sozinho guio, guio quase devagar, e um pouco
Me parece, ou me forço um pouco para que me pareça,
Que sigo por outra estrada, por outro sonho, por outro mundo,
Que sigo sem haver Lisboa deixada ou Sintra a que ir ter,
Que sigo, e que mais haverá em seguir senão não parar mas seguir?
Vou passar a noite a Sintra por não poder passá-la em Lisboa,
Mas, quando chegar a Sintra, terei pena de não ter ficado em Lisboa.
Sempre esta inquietação sem propósito, sem nexo, sem consequência,
Sempre, sempre, sempre,
Esta angústia excessiva do espírito por coisa nenhuma,
Na estrada de Sintra, ou na estrada do sonho, ou na estrada da vida...

Maleável aos meus movimentos subconscientes do volante,
Galga sob mim comigo o automóvel que me emprestaram.
Sorrio do símbolo, ao pensar nele, e ao virar à direita.
Em quantas coisas que me emprestaram guio como minhas!
Quanto me emprestaram, ai de mim!, eu próprio sou!

À esquerda o casebre — sim, o casebre — à beira da estrada.
À direita o campo aberto, com a lua ao longe.
O automóvel, que parecia há pouco dar-me liberdade,
É agora uma coisa onde estou fechado,
Que só posso conduzir se nele estiver fechado,
Que só domino se me incluir nele, se ele me incluir a mim.

À esquerda lá para trás o casebre modesto, mais que modesto.
A vida ali deve ser feliz, só porque não é a minha.
Se alguém me viu da janela do casebre, sonhará: Aquele é que é feliz.
Talvez à criança espreitando pelos vidros da janela do andar que está em cima
Fiquei (com o automóvel emprestado) como um sonho, uma fada real.
Talvez à rapariga que olhou, ouvindo o motor, pela janela da cozinha
No pavimento térreo,
Sou qualquer coisa do príncipe de todo o coração de rapariga,
E ela me olhará de esguelha, pelos vidros, até à curva em que me perdi.

Deixarei sonhos atrás de mim, ou é o automóvel que os deixa?

Eu, guiador do automóvel emprestado, ou o automóvel emprestado que eu guio?
Na estrada de Sintra ao luar, na tristeza, ante os campos e a noite,
Guiando o Chevrolet emprestado desconsoladamente,
Perco-me na estrada futura, sumo-me na distância que alcanço,
E, num desejo terrível, súbito, violento, inconcebível,
Acelero...
Mas o meu coração ficou no monte de pedras, de que me desviei ao vê-lo sem vê-lo,
À porta do casebre,
O meu coração vazio,
O meu coração insatisfeito,
O meu coração mais humano do que eu, mais exacto que a vida.

Na estrada de Sintra, perto da meia-noite, ao luar, ao volante,
Na estrada de Sintra, que cansaço da própria imaginação,
Na estrada de Sintra, cada vez mais perto de Sintra,
Na estrada de Sintra, cada vez menos perto de mim...
11-5-1928

segunda-feira, 28 de outubro de 2019

Esta é a vista que tenho ...

* Victor Nogueira



foto victor nogueira - muitas vezes tomo as refeições na cozinha, numa mesinha que também é a mesa de apoio para prepará-las. 

Esta é a vista que tenho então defronte de mim, similar á da sala de jantar.

No plano de obras que venho concretizando desde há anos, e para cuja fase inicial e de arranque contei com a colaboração prestimosa do Sérgio, no plano de obras está pois e neste momento a modificação da cozinha, que inclui  a mudança do lava-louças e criação duma bancada de apoio.

Será esta a vista e não uma parede aulejada (que remonta ao tempo r, que o meu avô Barroso a mandou edificar, a dois passos da estação ferroviária  do  então comboio suburbano da Póvoa de Varzim, hoje em dia estação do metro de superfície do Portxo)  

Claro que a paisagem vai variando, ao sabor das estações climátcas e dos trabalhos agrícolas no campo que se estende até ao horizonte,

domingo, 27 de outubro de 2019

fantasmagoria fortuita no mindelo

* Victor Nogueira


foto victor nogueira - fantasmagoria fortuita no mindelo

sábado, 26 de outubro de 2019

milheiral, depois da ceifa

* Victor Nogueira


foto victor nogueira - mindelo - o milheiral, depois da ceifa e debulha mecânicas.

quinta-feira, 24 de outubro de 2019

rosas, com fundo musical

* Victor Nogueira


foto victor nogueira - no mindelo, rosas, com fundo musical

quarta-feira, 23 de outubro de 2019

azurara - igreja do convento franciscano de s. donato

* Victor Nogueira


foto victor nogueira - azurara - igreja do convento franciscano de s. donato

terça-feira, 22 de outubro de 2019

MINDELO - capela de s. pedro

* Victor Nogueira


foto victor nogueira - MINDELO - capela de s. pedro

segunda-feira, 21 de outubro de 2019

Pôr-do-sol em Azurara

* Victor Nogueira



foto victor nogueira - pôr-do-sol em Azurara (2019.10.20)

sábado, 19 de outubro de 2019

Na praia de Árvore

* Victor Nogueira


foto victor nogueira - na praia de Árvore, onde não há árvores, as brumas cinzentonhas e depresivas não da Escócia, mas do norte de Portugal, com o marulhar das ondas, encrespando-se até se desfazerem em espuma, como rendilhados lençóis, mergulhando no areal-

sexta-feira, 18 de outubro de 2019

Murais 01 - Vila do Conde - 50º aniversário da morte de José Régio

* Victor Nogueira


foto victor nogueira - em vila do conde, no para-arranca para atravessar a ponte sobre o rio ave, mural na cas-museu josé régio. (2019.10.12) O mural comemora o 50º aniversário da morte de josé régio, sendo autor Daniel Eime .

ver «Vila do Conde faz evocação dos 50 anos da morte de José Régio com mural na casa do escritor»    http://jornal-renovacao.pt/2019/09/vila-do-conde-evocacao-dos-50-anos-da-morte-jose-regio-mural-na-casa-do-poeta/

quinta-feira, 17 de outubro de 2019

vila do conde - antiga alfândega real

* Victor Nogueira


foto victor nogueira - vila do conde - antiga alfândega real, hoje polo museológico (2019.10.12)

quarta-feira, 16 de outubro de 2019

casal à beira-mar

* Victor Nogueira


foto victor nogueira - casal à beira-mar, no mindelo, em 2019.10.11

terça-feira, 15 de outubro de 2019

casal descendo a calçada de s. francisco, em vila do conde

* Victor Nogueira


foto victor nogueira - casal descendo a calçada de s. francisco, em vila do conde (pormenores de foto)

segunda-feira, 14 de outubro de 2019

Foz do Rio Ave, em Vila do Conde

* Victor Nogueira


foto victor nogueira, em 2019.10.12 - Foz do Rio Ave, em Vila do Conde, com o farola na entrada da barra e a Capela de N. Sra da Guia. Sobre esta há uma visita virtual ao alcance dum clique em  Entre as Senhoras da Lapa e da Guia em Vila do CondeIndiferentes à violência das ondas que por vezes varriam o paredão, pessoas passeavam-se nele ou nele pescavam à linha.

sábado, 12 de outubro de 2019

aviões sobre o mindelo

* Victor Nogueira


foto victor nogueira - Vai para meio século, no tempo em que o meu avô António construiu esta casa no Mindelo, a dois passos da estação ferroviária da linha suburbana, tudo aqui era campo e silêncio. A rua, de terra batida, então sem nome, nem meia dúzia de moradias tinha, modestas, todas de emigrantes menos esta.

O comboio suburbano foi substituido pelo metro de superfície ligado a ma rede alargada. A rua, essa já tem nome e está ladeada de vivendas muito menos modestas A água já não é retirada do poço pois os lençóis freáticos estão inquinados pelas fossas sépticas e produtos químicos agrícolas. Hoje em dia a água é canalizada e fornecida pela autarquia, que apenas há quatro anos terminou a rede de esgotos e saneamento básico na freguesia.

O silêncio é agora quebrado pelo suave rolar no empedrado da rua pelo esparso trânsito automóvel e pelo troar mais ou menos ruidoso e regular do movimento dos aviões em torno do aeroporto das Pedras Rubras, mais a sul.

Este é o registo duma das aeronaves que desse aeródromo levantou voo um dia destes..

quarta-feira, 9 de outubro de 2019

em vila do conde

* Victor Nogueira

foto victor nogueira - num domingo soalheiro, em Vila do Conde regressando ao Mindelo. Ao fundo a casa museu José Régio,com um mural, e ao cimo, lá no alto, o Convento de Santa Clara. À direita, uma das "modernas" e "douradas" casas de ... penhores.

Em Vila do Conde, bastião socialista, a propaganda eleitoral era praticamente da CDU, com um ou outro cartaz do Bloco ou do PSD, desgarrados aqui e além.

terça-feira, 8 de outubro de 2019

no pára-arranca, atravessando o Rio Ave

* Victor Nogueira


foto victor nogueira - no pára-arranca, atravessando o Rio Ave, de Azurara para Vila do Conde, a caminho de Caxinas, num domingo soalheiro


segunda-feira, 7 de outubro de 2019

alheamento em caxinas

* Victor Nogueira


foto victor nogueira - A tarde de domingo estava soalheira, a marginal para Póvoa de Varzim cheia de trânsito e carros e as esplanadas plenas de pessoas. 

O meu  destino era a Igreja do Senhor Jesus dos Navegantes, em Caxinas (Vila do Conde) para fotografar um mural que vislumbrara na antevéspera. No relvado pombas brancas de cauda em leque debicavam grãos, indiferentes aos transeuntes. 

Contornando o  templo, em forma de barco, um homem de cabeça curvada para o chão, na companhia da sua sombra, seguia lentamente mexendo continuamente os dedos duma das mãos. 

Ao passar por ele verifico que esfarelava uma côdea de pão, deixando um rasto de alimento para as pombas que as ignoram. Nos bancos ao longo do mural. dedicado à pesca, velhotes solitários e silenciosos aquecem-se ao sol. Peixes são também o elemento figurativo da calçada à portuguesa. 

Verifico que há uma farmácia aberta na deserta rua nas traseiras da igreja e para lá me dirijo para adquirir pensos rápidos e Betadine, aguardando pacientemente que a empregada e uma cliente acabem de pôr em dia o que me parece ser pura calhandrice.

sábado, 5 de outubro de 2019

Murais de Abril 04 - Mora

* Victor Nogueira


Foto Victor Nogueira - Mora - 1975

CAMARADA, NÃO TE DEIXES ILUDIR COM FALSOS SOCIALISMOS.  SOCIALISMO HÁ SÓ UM, O SOCIALISMO PROLETÁRIO QUE LIBERTA O HOMEM DA EXPLORAÇÃO E DO CAPITALISMO E O CONDUZ AO COMUNISMO. NÃO TE ILUDAS NEM COM FALSOS SOCIALISMOS NEM COM FALSAS LIBERDADES (Mora - 1975)


foto  isabel cf



VOTA PCP.  PELA CONSOLIDAÇÃO DA DEMOCRACIA RUMO AO SOCIALISMO. PELO SOCIALISMO PROLETÁRIO CONTRA O SOCIALISMO BURGUÊS (Mora - 1975)


quinta-feira, 3 de outubro de 2019

Porta medieval em setúbal

* Victor Nogueira


foto victor noguera - porta de s. sebastião, na muralha medieval em setúbal (2017.08.07)


quarta-feira, 2 de outubro de 2019

no mindelo, o campo depois da ceifa

* Victor Nogueira


foto victor nogueira - no mindelo, o campo depois da ceifa e debulha, mecanizadas e sem cantes nem milho-rei



terça-feira, 1 de outubro de 2019

marcas do incêndio, na A1

* Victor Nogueira


foto victor nogueira - marcas do incêndio, na A1 - foto em 2019.09.29