Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

sexta-feira, 23 de outubro de 2020

do cimo do Arco da Rua Augusta, em Lisboa

* Victor Nogueira 

Lisboa - Terreiro do Paço e Arco da Rua Augusta

Morosa fora a reconstrução do Terreiro do Paço, rebaptizado como Praça do Comércio pelo Marquês de Pombal e Conde de Oeiras, que de Soure teria vindo. Mais demorada, contudo, fora a edificação do arco triunfal como majestoso portal ligando o antigo terreiro ao antigo rossio, cuja história é relatada na sala do relógio. Um elevador leva os visitantes a esta sala com dois varandins. Por uma estreita escadaria helicoidal acede-se ao terraço superior onde, voltadas para o rio, se encontram as gigantescas esculturas de Célestin Anatole Calmels representando a Glória, coroando o Génio e o Valor.


A vista não é fabulosa e há muitos outros miradouros muito mais deslumbrantes em Lisboa, como o do jardim de S. Pedro de Alcântara, o de Santa Luzia junto à Catedral ou Igreja de Santa Maria Maior, o do elevador de Santa Justa ou as vistas a partir do Castelo de S. Jorge, entre muitas outras. Telhados ensombram a Sé, o recticulado da baixa pombalina no seu todo é inacessível e o castelo está demasiado longe. Desafogada apenas a panorâmica da enorme praça daqui miniaturizada com a minúscula estátua equestre e o rio tejo, com a ponte 25 de abril para jusante. Como pequeníssimas parecem as arcadas dos edifícios em cujos corredores larguíssimos, por onde já deambulei noutra era, cabe à vontade uma carruagem do século XVIII, e do exterior não se vêm os claustros. Toda a praça é hoje pedonal, fechada ao trânsito automóvel salvo nos topos norte e sul, já não enorme parque de estacionamento a céu aberto. Nela vi em tempos uma exposição de enormes estátuas de Botero. Nos edifícios da fachada norte do Terreiro se projectam por vezes e à noite deslumbrantes espectáculos animados de luz e cor, de temática vária, como o que abaixo se indica, a um dos quais assistimos, relatando a história de Portugal, incluindo o terramoto de 1755. (1)



(foto jj cf)














(foto jj cf)




Fotos em 1964, 1998 2013, 2014 e 2017

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