Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

domingo, 31 de maio de 2020

Óbidos - (Bº Senhora da Luz) - Coreto

* Victor Nogueira


Óbidos - (Bº Senhora da Luz) - Coreto  - rolo 205 (1997)


A ocidente da Lagoa, de Óbidos numa das estradas de ligação entre Óbidos e Caldas da Rainha, a aldeia do Bairro, com um existência documentada desde a época medieval, parece ter assistido a um crescimento demográfico reduzido mas contínuo, a partir de meados do século XVII, evoluindo de dezanove famílias, em 1657, para quarenta, cerca de cem anos depois ( 1764). Possui um coreto, no Largo homónimo (antigo Rossio), junto à Capela da Senhora da Luz. No final de Dezembro realizam-se as festas em Honra de Nossa Senhora da Luz.

Coretos 28 - Sítio da Nazaré.


fotos victor nogueira - Coreto no Sítio da Nazaré.


A Vila da Nazaré estende-se  por três zonas distintas: Pederneira, Sítio e Praia. Cada um dos dois primeiros situa-se no seu promontório, que balizam a enseada e praia dos pescadores. A Pederneira, com o seu foral, Pelourinho, Casa da Câmara e Igreja da Misericórdia, integrado nos Coutos do Mosteiro de Alcobaça,  já foi sede de concelho e porto fluvial, que  o tempo assoreou. No Sítio se encontram o Santuário, o antigo Paço Real, o Hospital, o Teatro Chaby Pinheiro e o coreto. Cá em baixo, a Praia. (2020.06.01)

 - Esta povoação desenvolveu-se em torno da capela comemorativa do milagre que foi a salvação do alcaide-mor de Porto de Mós, por intercessão da Senhora da Nazaré impedido de precipitar se pela falésia abaixo quando perseguia um gamo em desenfreada caçada, gamo que não era senão a encarnação do Demónio. Senhora da Nazaré que está na origem do Santuário do mesmo nome, erguido no local por nele ter sido redescoberta por pastores uma imagem da Virgem proveniente da Nazaré, na Judeia. O santuário ergue-se num largo rodeado de edifícios, o Terreiro da Romaria, com um airoso coreto, sendo constituído por uma igreja com dois corpos laterais, fazendo lembrar, mais modestamente, o Convento de Mafra. Merecem realce a talha e a estatuária existentes no seu interior. Adjacentes um Hospital, o edifício do antigo Paço Real e o teatro Chaby Pinheiro (1907). O antigo Paço, muito alterado, conserva ainda a galilé alpendrada assente em colunatas clássicas. (…) Tal como sucedia na Pederneira, daqui se avista a Nazaré, espectáculo deslumbrante à noite, o amarelado das paredes do casario contrastando com o escuro dos telhados. (…)  (1997.10.31 e 1997.11. 01)



coretos 27 - Tavira

Foto Victor Nogueira 


Foto Elisa Fardilha





coretos 26 - jardim público de Évora

* Victor Nogueira

Foto victor nogueira - Évora - coreto no jardim público, em dia de comício de Octávio Pato, na Campanha das Eleições Presidenciais, em Junho de 1976.

Vivi anos em évoraburgomedieval e esta sobreposição de duas fotos é a única imagem que do coreto recolhi, apesar de haver muitas fotos minhas do jardim.



CENAS DO JARDIM (excerto)

 1.
Era um jardim
geometricamente desconfortável
artificial
No coreto
a banda tocava.
Além
caridosamente
alguém partilhava com os "jardineantes"
as goelas do transístor escancaradas
No banco
ao meu lado
uma matrona e uma gaiata conversam
banalmente,
"Puxa a mala um bocadinho mais para baixo.
Isso! Assim!
Para que te não vejam as pernas"
E eu sorrio-me
por entre a sisudez duma "Introdução à Vida Política"
Pobres e ridículas gaiatas!
Pobres e ridículas matronas!


1969.Fevereiro.24 - Évora

sábado, 30 de maio de 2020

coretos 25 - Atouguia da Baleia

* Victor Nogueira


Foto Victor Nogueira - Atouguia da Baleia - coreto - rolo 211 (1997.12.05)

Em 1º plano um dos marcos de pedra onde desde tempos antigos encaixavam os barrotes que temporariamente delimitavam a praça de touros.

Atouguia da Baleia - O nome primitivo era Touria ou Touguia, derivado da palavra touro; chegamos já noite cerrada, encontrando as ruas iluminadas, algumas com enfeites luminosos de Natal; iluminados estão também os monumentos, chamando imediatamente a atenção a Igreja barroca de N. Sra. da Conceição, com galeria e duas torres sineiras, cujo interior, pela sua simplicidade, contrasta vivamente com o seu exterior. 

A vila possuía um castelo, de que restam alguns vestígios, para além de pelourinho e dum cruzeiro quinhentista, com duas faces, uma representando Cristo Crucificado e outra N. Sra. da Piedade, tal como sucede com o de Óbidos. (…) 

No largo onde fica a igreja da Conceição e um cruzeiro, emergindo do solo, colunas de pedra, rudemente talhadas, com três buracos sobrepostos, são os vestígios que restam do antigo touril, onde se criava gado bravo e se realizavam touradas. Presumo que os orifícios serviriam para suster os barrotes que limitavam e cercavam o touril.  

Quer no largo de S. Leonardo, quer neste, na calçada à portuguesa, figuram touros estilizados. Neste largo da Conceição existe um coreto e um pequeno e aprazível jardim. (Notas de Viagem, 1997.12.05 e 1998.02.23)

sexta-feira, 29 de maio de 2020

coretos 24 - A-dos-Negros (Obidos)

foto victor nogueira - coreto em A-dos-Negros (Obidos) - 1998.01.14

 - Chegamos a esta povoação, de ruas estreitas e casas de dois pisos, era já noite cerrada. Situa se numa encosta e dá apenas para vislumbrar a Igreja de Santa Madalena, com escadaria de acesso, junto ao coreto e a um chafariz (22 de Julho). Uma lenda, mais uma, está ligada a esta terra: um pobre pastor encontrou uma imagem no tronco duma árvore. (1998.01.14) 

Segundo a Wikipedia «a freguesia foi criada durante a segunda metade do século XVIII, possivelmente um pouco depois do terramoto de 1755. Era uma zona onde existiam fortes comunidades judaicas, com as suas sinagogas. Segundo o investigador Pinho Leal o seu nome derivará de Cecílio Negro, um corajoso capitão lusitano, que viveu vinte anos antes de Jesus Cristo. (…) Nesta freguesia pode-se visitar a Igreja Matriz de Santa Madalena e a Capela do Espírito Santo (Sancheira Grande), para além do cruzeiro. Dignas também de visita são as quintas do Cabeço, da Botelheira, e do Rolin. Existem as fontes do Ulmeiro, Santa da Formiga e do Olival Santo. Na freguesia existem ainda várias capelas

Desenho de Maria Fátima Santos
 Victor, com as limitações inerentes, esse mesmo local em 2017 quando o meu mais velho por lá morou. O desenho é meu. Achei curioso e coloquei num comentário...

coretos 23 - Alfeizarão (Alcobaça)



foto victor nogueira - Alfeizarão (Alcobaça) .-  coreto , junto à Ermida de Santo Amaro  - rolo 207   (1997.10.26)


Esta é uma povoação célebre pelo seu delicioso pão de ló, cuja receita vem passando numa família de geração em geração, em segredo guardado. 

Terá sido uma povoação importante, como atestam alguns edifícios na rua principal. Num dos extremos do povoado há uma igreja do século XVII, cujo patrono é S. João Baptista, com cemitério adjacente e um pelourinho que figura no seu brasão de armas, semelhante ao de Turquel. 

Mais para diante, um feio coreto com telhado, em cimento, ao lado duma incaracterística capela com alpendre coberto, a Ermida de Santo Amaro.  Não se diria que já foi um porto de mar importante, mas o recuo do mar devido ao assoreamento colocou-a em seco. 

Do castelo não restam senão algumas pedras e a lenda da filha do alcaide árabe que se apaixonou por um cavaleiro cristão, cujo objectivo era unicamente facilitar a entrada dos seus companheiros de armas no castelo. Para evitar a desonra o alcaide lançou-se do cimo das muralhas abraçado à sua filha, Zaira de nome. (Notas de Viagem, 1997.10.26)

quinta-feira, 28 de maio de 2020

quarta-feira, 27 de maio de 2020

coretos 21- Monte de S. Felix (Laundos)


Foto Victor Nogueira (2015.10) . Monte de S. Felix (Laundos - Póvoa de Varzim) - coretos



No sopé do monte, no terreiro da Igreja da Senhora da Saúde, neogótica, que fotografei de longe, sem sair do carro, existem dois coretos, dos quais só me apercebo muito posteriormente.

ver

Laundos - Monte de S. Felix


terça-feira, 26 de maio de 2020

coretos 20 - Setúbal - Avenida Luísa Todi

Victor Nogueira

«Os coreto surgiram ligados ao florescimento das bandas filarmónicas locais, integrando o movimento nacional de descentralização cultural da música instrumental do século XIX.» 

Nos séculos XIX e XX a Avenida Luísa Todi, antiga Rua da Praia, era um dos passeios públicos de Setúbal. O coreto nele existente, propriedade da Sociedade Musical Capricho Setubalense, é um exemplar de «arquitectura cultural e recreativa, arte popular, modernista, ligada à arquitectura do ferro e do betão. Coreto onde ressalta a estrutura metálica, com tribuna de cimento armado, de pavilhão com docel acústico, testemunho do novo uso do ferro na arquitectura, fazendo a simbiose da plástica do ferro como ornamento com a técnica do ferro e do betão.

1899, 29 de Junho - Inauguração do coreto no local então conhecido por Rua da Praia, mandado construir pela Câmara Municipal; houve a intervenção da Banda do Regimento de Caçadores n.º 1, com regência do maestro Joaquim José de Santana e das músicas "Hino da Carta Constitucional", "Hino do Município" e polca "Mathilde" estes da autoria do próprio maestro, "Visions d'amour" (Deblbruck), "Grande Fantasia" da Opera "Palhaços" (R. Leoncavallo), "Les Bergeres Frumeaux" (E. Deransant), "Sur les eaux du Tejo - Pot-pourri" (Moraes), Madriparivienne - Pastiche (Henrich Tellman). Este coreto substituiu um outro que se erguia no Jardim do Bonfim desde 1880, o então chamado "coreto velho", que entretanto foi deitado abaixo, o que ocorreu durante o mandato camarário de António José Baptista (CLARO, 1988).»  in "Coreto da Avenida Luísa Todi - Monumentos"   http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=10472















Fotos em 2020.05.19













Foto em Setúbal 2018 02 19






















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Coreto Esplanada
Foto em 2018.02.19













VER 

Banda da Sociedade Musical Capricho Setubalense (2013)


Santuários 06 - Alvarelhos - Monte de Santa Eufémia

* Victor Nogueira


O recinto do Santuário de Santa Eufémia, no Monte homónimo, na freguesia de Alvarelhos (Trofa),  situa-se no mais alto da serra que dá nome à freguesia. Vou lá com o vizinho Alcino, do Mindelo ,num cinzento e pluvioso dia de Outono. Aqui se realizam feiras dominicais e, em Setembro, as concorridíssimas Festas em Honra de Santa Eufémia. Ao longo do ano realizam-se outros eventos, como as Rusgas à Santa, o Festival de Concertinas e Cantares ao Desafio e o despique de bandas filarmónicas.

Trata-se dum muito antigo local de devoção entre as comunidades piscatórias do Norte de Portugal, em especial as de Espinho, Matosinhos, Vila do Conde e Póvoa de Varzim. Este sítio, visível desde o alto mar, é um ponto de referência tradicional para a navegação de costa, que teve mais importância. Nele funcionou um facho que, antes da implantação dos actuais sistemas marítimos de sinalização luminosa e sonora (os faróis), era mantido aceso durante a noite e em dias de nevoeiro para orientação náutica.

O recinto, com miradouro de amplas vistas, parece-me inóspito, «desarrumado”, deprimente, talvez fruto do dia cinzentonho, com a sua Capela, a hospedaria dos peregrinos, a Casa do Facho, o coreto, os restaurantes, a venda de ex-votos anatómicos em cera, em consonância com a "graça" a pedir, e muitos automóveis, alguns de grande cilindrada. .. O actual templo data de 1728, tendo sido reformado em 1899 e restaurado, ampliado e totalmente renovado em 1996.




Casa do Facho



Hospedaria dos peregrinos


Coreto

Venda de ex-votos





Capela de Santa Eufémia

Sobre o culto de Santa Eufémia ver
O culto à virgem mártir santa Eufémia em Portugal

Fotos em 2015.10

Santuários 05 - Laundos - Monte de S. Felix

* Victor Nogueira

O Monte de São Félix, na sequência da Serra de Rates, apesar da sua altura modesta, destaca-se na paisagem xistosa por ser uma elevação em frente a uma planície litoral (202 metros). Localiza-se em Laúndos, na freguesia do município de Póvoa de Varzim. É um lugar religioso de culto ancestral e referência da comunidade piscatória; no sopé do monte realiza-se em Maio uma das mais concorridas manifestações religiosas da Póvoa de Varzim, a Romaria e Peregrinação Arciprestal a Nossa Senhora da Saúde. 

Acreditam os fiéis que neste monte viveu o eremita São Félix, responsável por ter encontrado o corpo de São Pedro de Rates, primeiro bispo de Braga, que teria dado origem à igreja de São Pedro de Rates e justificado, em termos religiosos, a primazia de Braga na Península Ibérica (1).

O monte tem quinze capelas representando a Via Sacra, num escadório que une o Santuário da Senhora da Saúde, no sopé, e a Capela de São Félix, no cimo

Vou com o vizinho Alcino, do Mindelo, a este local num dia cinzento de Outubro e o cume parece-me desgracioso, artificial, com a sua capela, restaurantes, moinhos de vento desactivados e descaracterizados; em contrapartida os jardins que ladeiam o escadório estão viçosamente verdejantes. No terreiro da Igreja da Senhora da Saúde, neogótica, que fotografei de longe, sem sair do carro, existem dois coretos, dos quais só me apercebo muito posteriormente.

Aqui se encontra o que considero ser um desgracioso Monumento aos Emigrantes, da iniciativa do “Dr. Manuel Moreira Giesteira” (1998), comis painéis de azulejos, um representando a chegada de Pedro Alvares Cabral ao Brasil e outro a Praça de Paimó, no lugar de Aguçadoura, nos anos ’50 do século XX, terra natal do mandante do conjunto monumental, que deste modo da lei da morte e  do esquecimento se tenta libertar.

Santuário da Senhora da Saúde



Coretos


Escadório

Capela de S. Felix











Moinhos de vento



 









Praça de Paimó, no lugar de Aguçadoura, nos anos ’50 do século XX