Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

domingo, 29 de janeiro de 2023

No Porto, em 2022 - fotos de capa

 * Victor Nogueira

Com excepção da foto nocturna, esta sequência é safra da minha única ida ao Porto nesta estada de 2022 / 2023 no Mindelo,. Serão objecto de publicações autónomas os registos fotográficos na Estação Ferroviária de Campanhã, no Igreja do Bonfim e no Cemitério do Prado do Repouso, nesse mesmo dia 1 de Novembro de 2022, soalheiro, de céu azul e luminoso, com temperatura amena.

Em anos anteriores o frio e a chuva não me impediram de deambular pelas ruas do Porto e Vila do Conde, mesmo em caminhadas nocturnas. Mas a idade vai pesando no ânimo para desafiar e arrostar com  as intempéries!


2022 11 21  Estação ferroviária de Campanhã, no Porto: entre o comércio personalizado e as máquinas de venda automática. (Canon 211_11)


2022 12  24
  De Setúbal ao Mindelo, publicidade gratuita á SONAE, em quase chegando, a 2022 10 31 (IMG_0488). Já noite cerrada, a partir de certa altura do percurso não houve fotos, salvo na travessia da Ponte da Arrábida e esta.


2022 12 27 Rua do Freixo, no Porto (2022 11 01 IMG_0570)   

Ampliando a foto, descobri que nela, à esquerda, aparece um “Café Amarantino”. Pesquisando, verifiquei que se localiza na Rua do Freixo, nº 1695.

Ao contrário do que sucede por exemplo em Setúbal, o Porto tem ruas com extensões quilométricas mantendo a mesma denominação, partindo do princípio que a cada metro corresponde um número de polícia.

Pela foto o estabelecimento nada aparenta de notável, mas na sua página na internet aparentemente desmente as aparências. Valerá a pena acreditarmos na auto publicidade?

«’Se estiver à procura dum café acolhedor para passar uma tarde relaxada, passe por cá. O nosso café Café Amarantino tem um atendimento simpático, uma belíssima atmosfera e muito espaço para tomar café, comer qualquer coisa ou embrenhar-se no seu livro favorito. Sinta-se em casa! Excelente café com uma ampla seleção de bebidas.

Será um prazer brindá-lo com iguarias tradicionais e portuguesas preparadas na hora pela nossa equipa. Somos famosos pelos nossos ótimos pratos locais e pelos nossos diversificados pratos regionais. Sinta-se bem no nosso espaço e saboreie os nossos pratos de tapas saborosos com uma chávena de café boa – temos todo o gosto em ajudar na escolha.

As nossas tortas confecionadas com carinho ou os nossos deliciosos bolos vão seduzir os nossos convidados em momentos de pausa. Saboreie o seu pequeno-almoço connosco! Wi-Fi gratuita para que os nossos clientes possam navegar comodamente na Internet. Temos uma área especial onde pode fumar com toda a tranquilidade. Estamos à sua espera! Apareça quando quiser.» 


2022 12 28  Atravessando o Rio Douro pela Ponte do Freixo (2022 11 01 IMG_0559)

Ordenadas ppela data de inauguração, estas são as seis pontes que ligam as cidades do Porto e de Vila Nova de Gaia:

1866 – Ponte D. Luís I, obra de Gustave Eiffel e Seyring
1877 - Ponte Maria Pia: obra de Gustave Eiffel
1963 - Ponte da Arrábida, projecto do Engº Edgar Cardoso
1991 – Ponte de S. João, projecto do Engº Edgar Cardoso
1995 - Ponte do Freixo, projecto do Prof. António Reis e Engº Daniel de Sousa
2003 - Ponte Infante D. Henrique, projecto dos Engºs António Adão da Fonseca e Francisco Millanes Mato

Anteriormente houve a Ponte das Barcas, projectada por Carlos Amarante e inaugurada a 15 de Agosto de 1806. Era constituída por vinte barcas ligadas por cabos de aço e que podia abrir em duas partes para dar passagem ao tráfego fluvial. Esta ponte abateu em 29 de Março de 1809 com o peso dos fugitivos face à 2ª invasão francesa, provocando milhares de mortos. Deste facto existe um memorial. Reconstruída, a Ponte das Barcas acabaria por ser substituída definitivamente pela Ponte Pênsil em 1843, de efémera existência.



2022 12 29 Foto Rui Pedro - Estação ferroviária da Campanhã (2022 11 01)

Nas nossas vindas de comboio ao Porto ou partidas deste, era aqui que terminava ou começava a viagem, esperando pela descarga ou da carga do automóvel, umas vezes o meu, outras o da minha mãe.

Mas desde que a CP deixou de transportar veículos dos passageiros, para benefício das portajadas auto-estradas, há muito que aqui não vinha, tendo esquecido como era o edifício.

A estação da Campanhã é considerada a principal estrutura ferroviária no Norte do país, inaugurada em 21 de Maio de 1875. Desde sempre tem sido um importante núcleo ferroviário, no movimento de mercadorias e passageiros, na gestão ferroviária e na manutenção de material circulante

Uma dessas viagens consta da minha correspondência com a Maria do Mar:

«Finalmente a bagagem está toda ali à porta ou no corredor, aguardando o seu transporte para o velho Renault 5, meu companheiro de longas viagens. Tudo isto teria sido mais rápido se as criancinhas ajudassem, mas entre cada transporte ou arrumação surge sempre uma série na televisão que elas têm de ver ou um livro para o Rui ler !

Se o meu carro fosse de confiança amanhã metia-me auto-estrada do Norte acima, pois não tenho paciência para esperas e transbordos. Assim, tenho de passar por Paço de Arcos, descarregar, comprar bilhetes para o comboio, voltar a carregar o carro, levá-lo no dia seguinte para Santa Apolónia com uma hora de antecedência, secar na estação até à hora da partida, embarcar, desembarcar em Campanhã, esperar pelo descarrego do carro e ala para o Mindelo. Como se vê, uma aventura que se repetirá no regresso, onde espero ficar em Paço de Arcos alguns dias, em Setembro. (MMA 1993.08.17)

Sem carro atrelado a viagem terminaria em S. Bento, no centro do Porto, após atra vessar a Ponte D. Maria, perto das casas dos meus avós António e Luís, como relato no meu diário de adolescente, quando em 1963 estive esporadicamente a estudar no Porto.

Às 8:30 tomámos o rápido da linha do Norte. Caía uma chuva miúdinha e no céu via-se um lindo arco íris. Matabichámos no bar da estação de Santa Apolónia, em, Lisboa, que é original, com motivos do caminho de ferro.

À saída de Lisboa passámos por um aeródromo militar. Monte Real era sobrevoada por aviões a jacto, da Base Aérea 5. A primeira paragem foi em Santarém. As cadeiras da automotora são mais espaçosas que as do rápido. Às 9:40 chegámos ao Entroncamento, a terra dos fenómenos. Ia tão entretido a ler que, entre Fátima e Pombal, passámos por um túnel sem eu dar por isso.

Antes de Pombal passámos por um outro que estava em obras. Nesta altura chovia. Às 11:10 chegámos a Alfarelos e pouco depois à estação de Coimbra B. O rio Mondego estava quase seco - e é um rio importante do continente! Passámos por Pampilhosa da Serra (11:43), Cúria (11:50), Aveiro (12:18), Estarreja, Ovar, Espinho, Granja (13:05), Vila Nova de Gaia (13:25), Campanhã e S. Bento (13:50). Na nossa carruagem seguiam 4 indianos que deveriam ter saído em Coimbra, mas por ignorância (passaram lá sem saber) não o fizeram e resolveram seguir até ao Porto. Muitas das estações do percurso tinham bonitos jardins. » (1963.09.11 - Diário III) 

 
2022 12 30  Porto, Rua Pinto Bessa, que liga o Bonfim a Campanhã. (2022 11 01 IMG_0581)

Francisco Pinto Bessa (Porto1821 — Porto 1878) foi um político português, que ocupou o cargo de presidente da Câmara do Porto entre 1867 e 1878. A ele se deveu, entre outras obras, a abertura da Rua Nova da Alfândega, Rua Mouzinho da Silveira e Rua de Sá da Bandeira, a construção da Rotunda da Boavista e os embelesamentos do Cemitério de Agramonte, onde também mandou construir o mausoléu onde seria sepultado. Foi por iniciativa sua que a Biblioteca Pública saíu da tutela do Estado, ficando dependente da administração municipal e foi também durante o seu mandato que foi inaugurada a Ponte D. Maria Pia. (Wikipedia)

Pinto Bessa é o nome do estádio do Boavista Futebol Clube, centenária associação desportiva da cidade do Porto. 

2022 12 31  Porto - Rua de Justino Monteiro, frente à estação ferroviária de Campanhã (2022 11 01 IMG_0581) 


2023 01 02   Porto - Igreja de Santo António das Antas (2022 11 01 IMG_IMG_0667)

A Igreja Paroquial de Santo António das Antas localiza-se na parte alta da freguesia do Bonfim, junto ao bairro das Antas. É uma igreja datada da primeira metade do século XX, tendo o seu primeiro projecto sido desenvolvido pelo arquiteto José Ferreira Peneda. A igreja possui um estilo clássico e evoca a influência italiana.

ARQUITECTOS: Fernando Barbosa e Fernando Tudela (1944)*1, Gui Osswald (2006/2008);

ESCULTORES: Avelino Rocha (imagem de Santo António); Maria Irene Vilar (sacrário); Cabral Antunes (Santa Teresa do Menino Jesus); Manuel Cabral (S. José); Maria Amélia Carvalho (Sagrado Coração de Jesus); Laurentino Ribatua (S. Judas Tadeu); Isolino Vaz (Santa Rita de Cássia); Manuel Cabral (Nossa Senhora de Fátima). 


2023 01 03  Fotos victor nogueira e Rui Pedro - Porto (Campanhã) - O Astro Cervejaria e Petisqueira (2022 11 01)

O Astro é uma Cervejaria Petisqueira estabelecida no Porto desde 1979, atestando que é nela que se encontram as “verdadeiras bifanas”, garantindo que não comer nela uma bifana é como ir uma vez na vida ao Porto e não beber um vinho do Porto (na "berdade berdadinha", produzido no Alto Douro e Trás-os-Montes e armazenado em Gaia, transportado em barcos rabelos). Ou como "ir a Roma e não ver o Papa"!

Mas o proprietário, o senhor Albino, também afirma que “o caldo verde está ao nível das bifanas", pois “não há hora do dia em que não esteja fresco, quente e pronto a comer”.

Mas não se ficam por estes as vitualhas recomendadas, a encomendar, de comer e chorar por mais: moelas, sandes de presunto, rissóis de carne, rissóis de camarão, pasteis de bacalhau e panados, tudo isto bem regado com vinho, cerveja ou bebidas não alcoólicas. Quanto à cervejola, um alambique à entrada permite que seja tirada diretamente do produtor ao consumidor, atesta um cartaz no interior, por cima do balcão.

Mais propriamente «Cerveja de Adega Natural Acabada de fazer / Directamente da Fábrica para o seu copo // Estrella Galicia / Cerveja de adega»

No exterior, uma esplanada. No interior, o alambique e duas salas de refeição, uma delas mais para dentro, soalheira e recatada.

Dizem que os olhos também comem, mas, talvez problema oftalmológico meu, nada do que estava exposto no balcão me fez salivar. 


2023 01 07 - Porto - Igreja do Bonfim e cemitério do Prado do Repouso (2022 11 01 IMG_0637)

O Cemitério do Prado do Repouso foi o primeiro cemitério público da cidade do Porto, tendo sido inaugurado em 1839, possuindo uma das melhores colecções de arquitectura funerária e de escultura da cidade, reunindo entre muitas outras obras da autoria de Soares dos Reis e Teixeira Lopes.

Substituindo uma anterior, demasiado exígua face ao crescimento populacional, a actual igreja foi construída entre 1874 e 1894, tendo sido consagrada a Santa Clara e ao Senhor do Bonfim. 


2023 01 09    - Porto, Avenida Fernão de Magalhães, vendo-se a torre sineira da Igreja de Santo António das Antas (2022 11 01 IMG_0661 e 0662)

Tal como a Igreja do Bonfim, no século XIX, também a Igreja de Santo António das Antas, no século seguinte, foi edificada para fazer face ao crescimento urbano e aumento populacional de áreas até aí rurais.

A Igreja Paroquial de Santo António das Antas localiza-se na parte alta da freguesia do Bonfim, junto ao bairro das Antas. O templo ossui um estilo clássico e evoca a influência italiana, de que a torre é um exemplo. 


2023 01 11  - Porto, Avenida Fernão de Magalhães, vendo-se a Torre sineira da Igreja de Santo António das Antas e a Torre das Antas. (2022 11 01 IMG_0663)

Esta é um Projecto de Arquitectura da empresa Ferreira de Almeida Arquitectos, um edifício polémico quando da sua construção, em 1998, com os seus 70 m de altura e 16 andares, então considerados como excessivos e dissonantes.

Presentemente o prédio está ocupado por uma Loja do Cidadão e centenas de escritórios.

À esquerda o Túnel das Antas, inaugurado em 2004, que liga o Estádio do Dragão, do Futebol Clube do Porto, à zona das Antas, onde se localizava o anterior estádio desportivo. 


2023 01 10 - Porto, cidade granítica (Freixo) - (2022 11 01 IMG_0567 e 0568)

Num dia outonal está azul e cintilante o céu, poderia ser fria ou amena a temperatura do ar. Mas no Porto a maioria dos edifícios não brilham nem refulgem como nas povoações brancas e claras, mediterrânicas , da Grande Lisboa e Setúbal ou no Alentejo e Algarve, terras que outrora foram da moirama, dos "mouros", como depreciativamente a elas se referem os nortenhos.

Estas duas imagens foram captadas entre a Ponte do Freixo e Campanhã; viajando pelo "street view" do Google Maps conseguiria quase seguramente identificar o local.

Mesmo que esteja límpida e anilado o "céu", a humidade e poluição atmosféricas tornam o ar pesado, acinzentando ainda mais a dureza rude e áspera do granito ou enegrecendo as fachadas dos edifícios, azulejadas ou pintadas


2023 01 11 - - Porto - Folhagem de Outono, na Avenida Fernão de Magalhães (2022 11 01 IMG_0669)
Uma foto, uma canção (Eric Clapton) e dois poemas (Emily Bronté e Jacques Prévert)
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Autumn Leaves, por Eric Clapton

"Fall, leaves, fall", de Emily Bronté

Fall, leaves, fall; die, flowers, away
Lengthen night and shorten day;
Every leaf speaks bliss to me
Fluttering from the autumn tree.
I shall smile when wreaths of snow
Blossom where the rose should grow;
I shall sing when night’s decay
Ushers in a drearier day.




"Les feuilles mortes", de Jacques Prévert, por Yves-Montand

Oh, je voudrais tant que tu te souviennes,
Des jours heureux quand nous étions amis,
Dans ce temps là, la vie était plus belle,
Et le soleil plus brûlant qu’aujourd’hui.
Les feuilles mortes se ramassent à la pelle,
Tu vois je n’ai pas oublié.
Les feuilles mortes se ramassent à la pelle,
Les souvenirs et les regrets aussi,
Et le vent du nord les emporte,
Dans la nuit froide de l’oubli.
Tu vois, je n’ai pas oublié,
La chanson que tu me chantais…
C’est une chanson, qui nous ressemble,
Toi qui m’aimais, moi qui t’aimais.
Nous vivions, tous les deux ensemble,
Toi qui m’aimais, moi qui t’aimais.
Et la vie sépare ceux qui s’aiment,
Tout doucement, sans faire de bruit.
Et la mer efface sur le sable,
Les pas des amants désunis.
Nous vivions, tous les deux ensemble,
Toi qui m’aimais, moi qui t’aimais.
Et la vie sépare ceux qui s’aiment,
Tout doucement, sans faire de bruit.
Et la mer efface sur le sable
Les pas des amants désunis
 

quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

Escolas Conde Ferreira

 * Victor <Nogueira

Não estou certo que um dos edifícios por mim fotografados, em Vila do Conde, onde funciona uma esquadra da PSP, seja das instituídas pelo Conde Ferreira. Igual dúvida tenho quanto á da Pedra Furada, registada por Paulo Lobarinhas. Admito que o risco das Escolas do legado do Conde Ferreira tenha servido de modelo para outras, construídas pelo Estado até ao "plano dos centenários" (1941 / 1956)

Como resultado da população escolar, os edifícios tinham uma única sala de aulas ou duas, com diferenciação espacial dos sexos. No caso de haver apenas uma sala, nesta os alunos estavam separados. Havendo duas salas de aulas, cada sala era dedicada a cada um dos géneros.

Caldas da Rainha



Pedra Furada (Barcelos)

(Fotos Paulo Lobarinhas)


Setúbal



Avenida Luísa Todi  354, inaugurada em 1866 03 24 (Centro de Recursos Educativos e Culturais)


Vila do Conde




Avenida Dr.  Artur da Cunha Araújo, 228 (Junta de Freguesia de Vila do Conde)


Largo Dr. Cunha Reis (Esquadra da PSP)


  Escola do Sininho, -  Rua 5 de Outubro 667 / 669  

Joaquim Ferreira dos Santos, (1782 – 1866) 1.º Barão, 1.º Visconde e 1.º Conde de Ferreira, títulos nobiliárquicos concedidos pela rainha D. Maria II, filho duma família modesta de lavradores do Porto (Campanhã), cidade onde nasceu e faleceu, tendo emigrado muito novo para o Brasil, onde amealhou uma enorme fortuna, sobretudo com o tráfico negreiro entre Angola e o Brasil.

Regressado a Portugal continuou a sua actividade comercial e enriquecimento. Sem herdeiros directos, por testamento deixou a sua enorme fortuna a um grande conjunto de beneficiários, entre os quais muitos colaboradores, parentes (nomeadamente sobrinhos) e amigos, e a favor de várias instituições e fundações de beneficência e utilidade social, como a Santa Casa da Misericórdia do Porto. Numerosos hospitais e asilos beneficiaram largamente do seu testamento, instituindo, ainda, pensões e prémios para pessoas desamparadas.

Ao Estado Português doou 144 000$000 réis para construir 120 Escolas de Instrução Primária, para ambos os sexos, para cuja construção se seguiu uma planta única, pois era mais prático, económico e rápido.

Foi o grande mecenas da instrução primária em Portugal, colocando como condição que as escolas a construir o fossem em terras que fossem vilas, cabeças e sedes de concelho, e que deveriam ser feitas segundo o risco, por ele estabelecido na respectiva planta, tendo, também, comodidade para habitação dos Professores, incluindo que tivessem aposentos e habitação para residirem.

Das 120 escolas previstas no seu testamento foram construídas 91, das quais 21 foram, entretanto, demolidas. As restantes 70 continuam a funcionar para os mais diversos fins, desde ensino a serviços municipais, passando por sedes de juntas de freguesias, bibliotecas, museus municipais ou mesmo instalações de forças de segurança.

A escola Conde Ferreira, seguindo um projecto apresentado em 1866, é encimada por um pequeno frontão, que lembra um campanário, apresentando-se como contraponto da igreja, com a qual procura concorrer, sendo um símbolo do positivismo nascente, aliado do progresso e da transformação social. (Wikipedia)