* Victor Nogueira
A cintura de muralhas seiscentistas englobava a vila propriamente dita e os arrabaldes de Troino e Palhais (a poente e nascente, respectivamente). Era provida de baluartes (Nossa Senhora da Conceo, Nossa Senhora do Livramento, de São Brás, de Santo Amaro, de Nossa Senhora da Saúde, de Nossa Senhora da Anunciada, de Jesus, do Socorro, de Santo António e de São João), de meios baluartes (S. Domingos e Fontainhas) e do Hornaveque do Convento de Jesus.
Planta da Fortificação de Setúbal, de autor desconhecido,possivelmente resultante de espionagem (BNP.Iconografia, E.A. 214 P)
Dos baluartes que ainda subsistem destaca-se o de Nossa Senhora da Conceição ou do Cais onde esteve instalado um aquartelamento militar e presentemente a Escola Superior de Hotelaria e Turismo.. Este edifício é constituído por duas partes: o baluarte propriamente dito e construções mais recentes. No seu pórtico está uma inscrição a partir da qual se fica a saber que foi concluído em 1696 por ordem do duque do Cadaval.
Um baluarte ou bastião - em arquitectura militar - é uma obra defensiva, situada nas esquinas e avançada em relação à estrutura principal de uma fortificação abaluartada. O baluarte surgiu pela primeira vez na Itália, em fins do século XV, tendo alcançado a sua máxima expressão com o marquês de Vauban, em França, na segunda metade do século XVII. Era utilizado como plataforma de artilharia, para cruzar fogos com os baluartes vizinhos, impedindo o assalto inimigo às cortinas situadas entre eles. O baluarte tem, normalmente, um formato pentagonal, apresentando duas faces, dois flancos e uma gola (linha pela qual está ligado à estrutura principal). Normalmente, é sustentado por muralhas de alvenaria e preenchido com terra apiloada. (in
Os Baluartes, sec. XVII (Setúbal) https://www.geocaching.com/geocache/GC35C87_os-baluartes-sec-xvii-setubal?guid=7064dd57-ea51-493a-af8c-de1970896803
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Mas a defesa de Setúbal e do Estuário do Sado faziam-se com recurso a embarcações, como consta de documento esistente em
PSS/APAC Arquivo Pessoal de Almeida Carvalho 1550/1912 que refere a
"Ordem emitida à Câmara de Setúbal, para que seja reforçada a defesa do Sado, através de uma barca artilhada posicionada na Ponta do Adoxa. Contém referência datada de 1832." (http://digitarq.adstb.dgarq.gov.pt/details?id=1412063)
BORSANO, Ambrósio. Plantas da Praça de Setubal. 1663. Arquivo Militar de Estocolmo
Planta das muralhas de Setúbal:
1) Burgo e muralha medieval (séc. XIV)
2) Muralha do séc. XVII
3) Reforço da muralha do séc. XVII (nunca foi concluído)
4) Forte da Estrela (actualmente desaparecido)
5) Forte Velho (vestígios)
A) Igreja da Anunciada
B) Igreja de S. Julião
C) Igreja de Stª Maria
Baluarte do Cais, assinalada por círculo, em planta da Praça e Vila de Setúbal, levantada em 1805 por Maximiano José da Serra, Coronel do Real Corpo de Engenheiros, desenhada por Caetano José Vaz Parreiras, 2º Tenente do mesmo Corpo, e publicada em 1820. Gabinete dos Estudos Arqueológicos de Engenharia Militar (in Quintas, 2003)
Planta de cidade de Setúbal, num desdobrável do Guia de Portugal, de Raúl Brandão (1921)
A linha azul é a Ribeira do Paraíso, que actualmente não corre a céu aberto. Na Ladeira de S. Sebastião corria a Ribeira de Palhais, não representada na planta. À esquerda uma linha de água que iria desaguar na Praia da Saúde
O Terramoto de 1755 causou grandes danos na Vila de Setúbal referidos em “Setúbal após o terramoto de 1755”, informações paroquiais de 1758 da autoria do “Prior da freguesia de Santa Maria da Graça, matrix da villa de Setúbal” cuja cuja primeira edição é de Rogério Claro, em 1957, editara no já longínquo ano de 1957, reeditada pelo Centro de Estudos Bocageanos. A transcrição é da parte referente aos estragos então sofridos pelas muralhas.
Fortificação nova
“O recinto, ou fortificação nova, foi feito em circuito da antiga debaixo da direcção do Principe Dom Theodosio, e amplificado de modo, que compreende da parte do Occidente todo o bairro de Troino, e da parte do Oriente o bairro de Palhaes, que estavam fora do muro antigo. Tem des baluartes, e tres meios baluartes, a saber, da parte do Sul o meio baluarte de São Domingos, o meio baluarte das Fontaínhas, o baluarte de nossa Senhora da Conceição, ou Caes velho, o baluarte de nossa Senhora do Livramento, ou Caes novo, o baluarte de São Braz: inclinando para o Occidente o baluarte de São Francisco: em rectidão para o Occidente o baluarte de Santo Amaro: da parte do Norte o baluarte de nossa Senhora da Saude, o baluarte de nossa Senhora da Annunciada, e em frente delle hum hornaveque, no qual está o convento de JESUS; o baluarte de JESUS, tambem chamado do Buraco de agoa; o baluarte do Soccorro; o balurte de Santo Antonio; o baluarte de São João. Esta fortificação está na maior parte imperfeita, e por acabar, por isso não tem portas, de que hajamos de fazer memoria. Padeceo algumas fendas, rachas, ou leves aberturas pela parte do Norte com o terramoto de 1755. Mas a sua maio ruina foi pela parte do Sul, donde a inundação impetuosa do mar no dia do terramoto a arrazou quasi totalmente: e o que se não pode sem admiração he, que o veemente impulso das agoas lançasse muitos passos para a terra pedaços, ou porções de muro de 25 palmos de comprido, 13 de fundo, e 10 de largo.
Obras exteriores
Da parte do Oriente huma obra coroada, só delimiada: da parte do Norte em pouca distancia da villa o forte da Estrella, obra, segundo parece, antiga, e também só delimiada; e o hornaveque já mensionado, onde está o Convento de JESUS: da parte do Occidente não muito distante da villa o forte de São Luis Gonzaga, ou castello velho não acabado; e hum piqueno hornaveque só delimiado de fronte da face do baluarte de Santo Amaro em huma altura, que he padrasto do mesmo baluarte. Mais da parte do Occidente declinando para o Sul hum quarto de legoa distante da praça em huma eminencia está o castello de São Felippe, talhado em hum rochedo com a sua plataforma pela parte de baixo. He este castello obra verdadeiramente digna de memoria. Quasi mea legoa distante da praça para a mesma parte está o forte da Albarquel ao nivel do mar com huma só plataforma, onde se dá o signal com hum tiro de artelharia, para que os navios, que entram dem fundo, ate que sejam visitados pela Saude. Huma legoa apartada da praça também para o Occidente com inclinação para Sul está a torre de Outão na entrada da barra: cifra-se em varias batarias acrescentadas á torre em diversos tempos. Padeceo bastantemente no terramoto de 1755, e ainda não está reparada, antes em perigo de se precipitar totalmente (…)”
Em FORTALEZA DE S. LUÍS GONZAGA (CASTELO VELHO); FORTE DA ESTRELA; FORTE "BARRETE DO CLÉRIGO" - BRANCANES; FORTIFICAÇÃO MODERNA DA VILA
(http://digitarq.adstb.dgarq.gov.pt/details?id=1334304) a várias fortificações (ÂMBITO E CONTEÚDO Fortificações internas e externas de Setúbal, e localização dos seus baluartes e muralhas. Contém referências datadas de 1641 a 1834.
Bibliografia:
* Muralhas Medievais de Setúbal - Museu de Arqueologia e Etnografia de Setúbal
* Muralhas de Setúbal
* Baluarte
de N. Sra da Conceição (Baluarte do Cais)
* Núcleo urbano da cidade de Setúbal / núcleo intramuros de Setúbal
* Sistema defensivo de Setúbal e sua
protecção
in
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