Castro Barroso Gato Nogueira - Blog Photographico - lembrança da moça do Alentejo
Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui
“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)
«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973
A região de Trás-os-Montes vai dispor de um Núcleo Museológico da Fotografia do Douro Superior, em Torre de Moncorvo, um projec-to privado de um fotógrafo, e que é o primeiro espaço do género na região.
.
A memória e a história de um povo também se fazem com fotografias, esta é, pelo menos, a ideia de Arnaldo Duarte da Silva, professor e apaixonado pela fotografia, que decidiu criar um Núcleo Museológico da Fotografia do Douro Superior para que as populações daquela zona possam aceder ao vasto espólio ligado à fotografia que reuniu ao longo de várias décadas.
Do acervo fazem parte fotografias tiradas nos concelhos de Torre de Moncorvo, Freixo de Espada-à-Cinta, Mogadouro e Vila Nova de Foz Côa, e diverso material, nomeadamente, máquinas fotográficas e outro equipamento, desde 1886 até à actualidade, bem como uma colecção de filmes das décadas de 40 e 50 do século XX.
.
Trata-se de objectos que o mentor do núcleo reuniu ao longo da vida, sobretudo, junto de antigos fotógrafos. "Está aqui muito tempo e muito dinheiro", referiu Arnaldo Duarte da Silva.
.
O espaço museológico, a inaugurar no próximo dia 12, está instalado numa casa no chamado casco medieval de Torre de Moncorvo, recuperada para o efeito, após "muita insistência e quatro longos anos" para aprovação do projecto por parte do IPPAR, explicou o mecenas.
.
O projecto foi custeado totalmente por fundos privados, o proprietário apenas contou com a ajuda de dois mil euros das câmaras municipais de Torre de Moncorvo e de Freixo de Espada-à- Cinta para a edição de uma brochura sobre o núcleo.
.
Ainda assim, as entradas naquele espaço vão ser gratuitas, mas, numa primeira fase, só vai estar aberto aos fins-de-semana. "A minha ideia é que seja um espaço de partilha, um local que as pessoas possam visitar, ver e consultar", explicou Arnaldo Duarte da Silva, ao JN.
National Geographic de Junho de 1985 onde foi reproduzida a fotografia de Steve McCurry captada com diapositivos Kodachrome
.
O retrato icónico que Steve McCurry captou da afegã Sharbat Gula, em 1984, parece confirmar a descrição que muitos fizeram das cores presentes nas fotografias registadas em rolos Kodachrome - tonalidades “vibrantes, ricas e intensas”. A imagem que correu mundo e que foi capa da National Geographic passará a fazer parte de um memorial muito particular ligado ao suporte com que foi conseguida já que a Eastman Kodak Company anunciou anteontem que deixará de produzir este tipo de película, 74 anos após ter sido colocada à venda.
.
Aquele que era o mais antigo rolo a cores do mercado – celebrado também na música por Paul Simon numa canção de 1973 cujo refrão pedia: “Mamã não me tires o Kodachrome” - tinha um processo de fabrico complexo e uma revelação igualmente complicada (em Portugal nunca houve laboratórios a fazê-lo). Nos últimos anos, o aparecimento de rolos com resultados a nível da cor semelhantes e menos dispendiosos, bem como a massificação do suporte digital (o próprio Steve McCurry fotografa preferencialmente em digital) fizeram com que as vendas significassem uma pequena parcela do um por cento de receita que a Kodak tem com as películas. As exigências técnicas da revelação dos Kodachrome transformaram-se também num obstáculo ao ponto de hoje existir apenas um laboratório no mundo (Dwayne`s Photo, Kansas, EUA) capaz de dar vida a este tipo de imagens. A empresa estima que os stocks de diapositivos Kodachrome deverão terminar no início do Outono. Por seu lado, o Dwayne`s Photo anunciou que só revelará os filmes até afinal de 2010. Steve McCurry terá o privilégio de usar os últimos rolos e as fotografias que deles saírem serão entregues ao museu Eastman House, em Rochester (EUA).
. Perante um cenário em que os rolos eram utilizados por um grupo muito restrito de fotógrafos, a empresa americana não precisou de pedir à mãe de ninguém para acabar com o Kodachrome. Ela própria tirou-o do mercado. .
»»O blogue da Kodak apresenta depoimentos de Steve McCurry e de outros fotógrafos que usaram rolos Kodachrome. aqui
. »»Paul Simon cantou Kodachrome assim: . When I think back on all the crap Ive learned in highschool Its a wonder I can think at all Though my lack of education hasnt hurt me much I can read the writings on the walls . Kodachrome, they give us those nice bright colours They give us the greens of summers Makes you think all the worlds a sunny day, oh yeah I got a nikon camera, I love to take a photograph So mama dont take my kodachrome away . If you took all the girls I knew when I was single Brought em all together for one night I know theyd never match my sweet imagination Everything looks better in black and white . Mama dont take my kodachrome away, mama dont take my kodachrome away Mama dont take my kodachrome away . Mama dont take my kodachrome, mama dont take my kodachrome Mama dont take my kodachrome away Mama dont take my kodachrome and leave your boy so far from home Mama dont take my kodachrome away Mama dont take my kodachrome, whew whew, mama dont take my kodachrome away . Kodachrome, 1973 .
Post de Sérgio B. Gomes no Blog Arte Photographica
Na hora de tirar uma fotografia, as pessoas se posicionam, ensaiam um sorriso e lá vem a frase: olha o passarinho! Nenhuma ave na redondeza, mas, de tão acostumados a ouvi-la, ninguém estranha a exclamação. De onde será que vem essa expressão?
.
Segundo nos explica o professor Ari Riboldi, no seu livro O Bode Expiatório, quando foi inventada a máquina fotográfica, no fim do século XIX, o espaço de tempo para fixar a imagem era mais demorado do que hoje. Na época, as pessoas tinham que ficar minutos olhando fixamente, sem se mexer, para a lente do retratista - como era chamado o fotógrafo.
.
Para reter por mais tempo a atenção das pessoas, especialmente das crianças, os fotógrafos costumavam colocar uma gaiola com um passarinho em local acima da máquina e dizer a famosa frase.
.
Dessa época para as fotos de hoje, nas quais a imagem é capturada em milésimos de segundo, restou apenas a frase: olha o passarinho!
O trabalhos de fotógrafos que documentam o corpo nu caminha por uma linha tênue: qual é o limite entre a arte e a pornografia? A resposta pode estar numa exposição em Munique.
.
O que há de mais antigo sobre a nudez na fotografia pode ser visto na exposição "Nude Visions: 150 anos da representação de corpos na fotografia", em cartaz no Museu Municipal de Munique até 13 de setembro. A mostra faz uma retrospectiva desde os primórdios da fotografia, em meados do século 19. Na época, as fotos não eram feitas para espectadores comuns, mas para artistas.
.
No século 19, pintores, desenhistas e escultores usavam tais estudos como modelo. Ao lado de representações praticamente anatômicas, essas fotos apresentavam poses como as conhecemos de estátuas da Antiguidade. E o que chama a atenção é que as fotos mostram igualmente homens, mulheres e crianças.
Somente na virada do século o nu na fotografia viria se emancipar, tornando-se uma arte autônoma com diferentes correntes. Nos anos 1920 e 1930, teve início uma fase de experimentação, uma busca por perspectivas e distorções extremas. Já durante o regime nazista seria diferente: o nu precisava ser "heróico, atlético ou casto e puro", diz Ulrich Pohlmann, curador da exposição e diretor do acervo fotográfico do museu.
.
Há fotos que parecem pinturas, outras lembram estruturas abstratas em preto e branco, há ainda as que documentam o início da revolução sexual. Sonhos eróticos são representados ao lado de performances artísticas, comuns nos anos de 1960 e 1970. Artistas famosos, como Friedensreich Hundertwasser, despiam a si e também suas modelos para protestar contra as pressões da sociedade ou simplesmente contra a retidão da arquitetura.
O que não mudou foi a busca pela qualidade. E esta reside num "certo respeito ao outro", diz Pohmann. Somente num diálogo à mesma altura entre fotógrafo e modelo é que a foto narra algo sobre uma pessoa e a vida vivida, assinala o curador.
.
Um belo exemplo disso são as Revuemädchen (dançarinas do teatro de revista), na capa do catálogo da exposição. Quase indiferentes à câmera, as modelos evocam nostalgia e modernidade na foto tirada em 1935.
.
Autenticidade perdida
.
Com o advento da fotografia digital, a história de 150 anos da nudez na fotografia tomou um novo rumo. As incontáveis possibilidades de propagação e de comercialização das fotos mudaram não só a forma de o público ver seios e bundas, como também o reconhecimento de que o nu muitas vezes não é o que se vê, mas um ideal manipulado pelo computador.
A companhia Eastman Kodak anunciou, esta segunda-feira, que deixará de fabricar e comercializar a Kodachrome, a primeira e mais antiga película a cores com êxito comercial e uma das mais valorizadas pelos fotógrafos profissionais.
.
Aos 74 anos de vida, a Kodachrome sucumbe ao avanço da fotografia digital e de outro tipo de películas fotográficas mais modernas, que fizeram descer as vendas do filme para diapositivos e encarecer o processo de revelação.
.
«Kodachrome é um ícone. Foi uma decisão difícil, dada a sua grande história, mas a maioria dos fotógrafos de hoje aposta nas fotos com tecnologias mais novas, tanto digitais como com outro tipo de películas», explicou a presidente da divisão de películas da Eastman Kodak, Mary Jane Hellyar, em comunicado.
.
O fabricante calcula que, ao ritmo actual de vendas, os rolos Kodachrome terão desaparecido das prateleiras de todo o mundo no começo do próximo Outono no hemisfério norte.
.
Alguns dos últimos rolos serão doados ao Museu Internacional de Fotografia e Cinema George Eastman House, em Rochester (Nova Iorque), onde se encontra a maior colecção do mundo de câmaras e artigos relacionados com fotografia.
.
Além disso, está previsto que o fotógrafo Steve McCurry - conhecido pela sua fotografia da rapariga afegã de olhos verdes que 1985 foi capa da revista National Geographic, e que foi tirada com película Kodachrome - utilize algum dos últimos rolos, para que esses diapositivos sejam exibidos no museu nova-iorquino.
.
A Kodak também criou um espaço na Internet para homenagear a velha película, a mais antiga do mercado e uma das mais reconhecidas e valorizadas pelos profissionais pela sua nitidez e duração das cores, entre outros motivos.
.
Kodachrome deu inclusive nome a uma popular canção do norte-americano Paul Simon e até a um parque natural de Utah, nos Estados Unidos.
.
No entanto, já não representa nem um por cento das vendas de películas fotográficas da Kodak, que nos últimos anos procedeu a uma profunda reestruturação do seu negócio para centrar-se no mundo digital.
.
O fotojornalista Rui Coutinho contou à TSF que apesar de exigir um «processo muito complicado» para produzir e revelar, a Kodachrome «terá sido o melhor filme de diapositivo feito até hoje», pela sua «naturalidade de cor, definição, permanência e fidelidade»
Imagens tiradas por Ed Clark em 1950, ainda a actriz era pouco conhecida, ficaram inéditas na 'Life' até agora. Marilyn aparece de camisa com monograma e calções, ou então de biquíni a ler um argumento.
.
Em 1950, o fotógrafo Ed Clark enviou vários rolos fotográficos à redacção da revista Life, em Nova Iorque, contendo uma sessão fotográfica de uma bela e sensual loura de 24 anos chamada Marilyn Monroe. A resposta que obteve foi: "Marilyn Monroe? Quem diabo é Marilyn Monroe?"
.
Quase 60 anos mais tarde, esses rolos foram encontrados na redacção da revista, que agora só existe online (www.life.com), que decidiu publicar 18 delas no seu site. Tiradas no Parque Griffith, em Los Angeles, as fotos mostram Marilyn, então apenas conhecida como modelo (apesar de já ter aparecido num pequeno papel em Quando a Cidade Dorme, de John Huston), usando calções e uma camisa com o seu monograma, ou de biquíni a ler um argumento não identificado. Numa entrevista dada em 1999, Clark explicou como tirou as fotos agora tornadas públicas: "Como ela ainda era uma desconhecida, foi fácil passar muito tempo a fotografá-la. Nós íamos para o Parque Griffith e ela punha-se a ler poesia".
.
Quatro anos antes destas fotos terem sido tiradas, Marilyn Monroe era ainda Norma Jean Dougherty, operária numa fábrica de munições e mulher de um marinheiro. Dois anos mais tarde, Marilyn seria capa da Life, e uma foto tirada por Ed Clark a ela e a Jane Russell no filme Os Homens Preferem as Louras, teria também honras de primeira página.
.
Dawnie Walton, editora da edição digital da revista, assegura que não são conhecidas as razões pelas quais estas preciosas fotografias nunca foram publicadas, mas juntamente com as imagens, nos arquivos, foi encontrada uma nota dirigida ao editor de fotografia, na qual consta que a sessão é "excessiva e foi mal revelada".
29.05.2009 - 02h15Sérgio B. Gomes . Museu Colecção Berardo .
Está de regresso ao Museu Colecção Berardo, em Lisboa, a extensão do PhotoEspaña que este ano voltou a escolher Portugal para arranque do vasto programa do festival que durante a próxima semana inaugurará dezenas de exposições em Madrid e Cuenca. O Quotidiano, tema escolhido pelo comissário geral Sérgio Mah para a edição deste ano, assume abordagens muito distintas nos trabalhos de Cristóbal Hara e Mabel Palacín, os dois artistas espanhóis escolhidos para as exposições que hoje abrem ao público no Centro Cultural de Belém. . Sérgio Mah assume O Quotidiano “em sequência” e “em relação profunda” com O Lugar, o tema da edição do ano passado. A acrescentar à reflexão sobre a espacialidade, a geografia e a topografia dos lugares surge agora o confronto de fotógrafos e artistas visuais com “a experiência e a percepção da vida quotidiana”, através dos gestos comuns e das mais banais manifestações do dia-a-dia, um universo cada vez mais explorado e potenciado por suportes como a Internet, em substituição de meios mais tradicionais como a televisão. A ambição do comissário passa ainda por compreender e colocar em diálogo o crescente interesse dos artistas pelo “reconhecível” e pelo “documental” nas diferentes artes visuais. . Para explicar aquilo que mais lhe interessa registar na fotografia do quotidiano de pequenas localidades de toda a Espanha, Cristóbal Hara recorre a uma técnica que conhece bem - a construção de imagens. Muito económico nas palavras, pede apenas para imaginarmos com ele duas fotografias. Na primeira brilharia um mega-concerto com todo o tipo de efeitos de luz, som, imagem e pirotecnia. Na segunda apareceria um homem a tocar viola, sozinho, num palco apenas iluminado pelo lusco-fusco. A Cristóbal interessa-lhe a simplicidade, a crueza e a banalidade do que em potência lhe transmitiria a segunda fotografia. O conjunto de imagens que agora mostra em Lisboa traçam o seu percurso de duas décadas pelos mais obscuros lugarejos espanhóis em busca dessa “geografia vernacular” em torno da morte, do sexo, da violência, da religião e do sentido comunitário das populações minúsculas. Os animais, em particular os cavalos e o universo tauromáquico mais primitivo e pobre, são sujeitos com presença destacada. Os nomes das terras por onde passou estão longe de constar em guias turísticos: Cuéllar; Villarín de Campos; Bajo Aragón; Pinofranqueado; Zúbar. . Notam-se os resquícios da linguagem fotográfica do fotojornalismo, área da fotografia a que primeiro se dedicou, mas encontram-se em muitas imagens sinais de que quis fugir a este registo, como quando corta caras no enquadramento e as esconde na sombra. O uso de negativos de cores mais saturadas, mais perto de um género de fotografia amadora, em vez do clássico preto e branco, suporte com que trabalhou no início, ajudaram-no a “libertar-se” das amarras do discurso fotográfico do jornalismo. “Acho que consegui encontrar o meu registo quando comecei a fotografar a cores, comecei a divertir-me”, disse ao PÚBLICO durante a apresentação da mostra que inclui ainda um vídeo inédito e um documentário realizado para o canal franco-alemão Arte. . Uma das séries de fotografias mais intensas da exposição foi captada em Denia entre 1997 e 2004. Mostra bonecas de plástico semi-queimadas depois de rituais satíricos que se inspiram na actualidade. O formato de impressão escolhido, o triplo do da maioria das restantes fotografias, funciona bem não só pelo impacto do tema – bocados de corpos de plástico e cinzas flashados no alcatrão – como também pela escala real daquelas figuras que parecem saídas de um filme de terror. Enquanto folheava o livro Autobiography (Steidl), do qual fazem parte estas fotografias, Hara confessava estar orgulhoso com o resultado. “Tive muita sorte”. Mas a explicação que deu a seguir mostra que não foi só sorte: “Neste tipo de celebrações fotografam-se quase sempre as bonecas a arder e tudo o que rodeia a acção dos rituais. Ninguém fotografa os bocados que ficam depois das fogueiras”. Hara fotografou. Autobiography parte do conjunto da sua obra para um auto-retrato. As imagens da série de Denia evocam o pecado. . Embora esteja longe do ofuscamento tecnológico, as criações videográficas e fotográficas de Mabel Palacín utilizam recursos e suportes mais elaborados, muito distantes das fotografias directas e sintéticas de Hara. Os modos e as técnicas de fazer são outros, mas a experiência do quotidiano está bem presente nos vídeos Hinterland e A distância correcta e nas sequências de fotografias As Portas Espanholas. Em Hinterland (periferia), Palacín parte apenas de uma imagem fotográfica para criar uma narrativa em vídeo com mais de 11 minutos em torno de um lugar e de um conjunto de personagens. Estamos sempre a ver a mesma imagem, mas o corte e costura da montagem, com a ajuda de separadores com pistas narrativas, instalam a confusão entre o que é novo e o que já foi visto. O sentimento de repetição só não é maior porque os efeitos de zoom e os enquadramentos procuram sempre pequenas diferenças. Nos primeiros momentos da projecção ainda se pensa que são várias fotografias a compor a narrativa. A meio desconfia-se. E no fim fica-se perto da certeza. Na sala seguinte surge a única fotografia que esteve na base do vídeo. Foi captada na periferia de uma cidade do Norte da Itália, uma zona do tecido urbano híbrida e que funciona como local de passagem, de distribuição e de exploração industrial. A fealdade domina a cena (e o cenário). A composição meticulosa da imagem fotográfica que serviu como ponto de partida mostra como a partir de um momento particular se podem construir infinitas narrativas e relatos do sucedido. Uma narrativa banal – como é o caso – é só uma possibilidade. . O segundo vídeo, A distância correcta, mistura movimentos banais do dia-a-dia com excertos de clássicos do cinema e cinema de autor. Através de uma distância correcta entre um e outro universo, Palacín executa um jogo de interacção e convergência de diferentes momentos narrativos. A chave está no uso da mesma linguagem visual – aqui, a cinematográfica. Já As Portas Espanholas . A porta do PhotoEspaña em Portugal já está aberta. Falta abrir a de Espanha. partiram daquilo que a artista classifica como uma “anedota” – a conclusão de Palacín de que só em Espanha as portas não fecham apenas com o trinco, é sempre preciso uma chave. A disposição dos três conjuntos é assumidamente filmográfica e maleável. A leitura vertical de três imagens resulta em distintos começos e fins, de acordo com a disposição das molduras na parede. . in Público - 2009.05.29 . .
Intrrômpe agórra prra um momente culturral. Alto ai quê vou aprresentarr o segunde Valorr de Setúbal, aqui da nossa terra plantada à beirra da Serra d'Árrábida, empurrada pelo rio e estrragada porr muntes. Descubrri este grrande fotógrafe, o Maurrício Abrreu, desculpem a minha ingnurrância mas ê cá pensava que fetógrrafes era o Américo Ribêrre e mai nada, ma tava redondamente enganade! Este fetógrrafe tem uma coleção de retrrates só de perrsonagens de Setúbal que é um espante. O Maurrício Abrreu consegue porr a alma das perrsonagens à tóna d'água. Temes os salinêrres, o apanhadorr de pêxe, o recluse, os motarrds,o lêtêrre e muntes mais. Além desta coleção tem munte mai fotogrrafias, Vão lá darr uma voltinha ao site do arrtista em www.mauricioabreu.com e digam da vossa justiça. Apoiem o trrabalho dos Setubalenses!
"Images commandées ou photos buissonnières, depuis 50 ans Marc Riboud sillonne la planète comme un reporter, un voyageur, un promeneur qui aime prendre son temps. Les amateurs connaissent son goût pour la surprise, sa sympathie pour les êtres. Rétif à la violence, ses photos révèlent le plaisir de l’œil."
. .
Le musée de la Vie romantique présentera environ 110 photographies de Marc Riboud, dont une majorité de vintages noir et blanc inédits, notamment des variations inconnues d’images emblématiques (Le Peintre de la Tour Eiffel, 1953 ; La Jeune fille à la fleur, Washington, 1967).
Musée de la Vie romantique Hôtel Scheffer-Renan 16 rue Chaptal - 75009 Paris tél. : 01 55 31 95 67 fax. : 01 48 74 28 42 . Du 3 mars au 26 juillet 2009
Ouvert tous les jours, de 10h à 18h sauf les lundis et jours fériés
Em Novembro do ano passado, por entre a multidão de jornalistas e correspondentes que acompanharam a eleição de Barack Obama para a presidência dos Estados Unidos, estava um velho senhor de cabelos brancos, 85 anos, que não quis deixar de registar o acontecimento com a sua câmara fotográfica, como o fizera inúmeras outras vezes, ao longo do último meio século, em diferentes partes do mundo. O fotógrafo em causa é o francês Marc Riboud(n. 1923), um nome fundamental da fotografia do século XX, nomeadamente através da sua ligação à agência Magnum, de Henri Cartier-Bresson e Robert Capa. .
Uma exposição retrospectiva da obra de Marc Riboud pode ser visitada em Paris, no Musée de la Vie Romantique, até 26 de Julho. Chama-se O Instinto do Instante - 50 Anos de Fotografia e traça, em mais de uma centena de imagens, o percurso aventuroso deste autor para quem a fotografia, "mais do que uma profissão, foi sempre uma paixão muito próxima da obsessão" (diz ele, na abertura do seu site em http://www.marcriboud.com/). .
No museu parisiense estão expostas inúmeras das fotografias mais conhecidas de Riboud (verdadeiros documentos históricos), muitas delas inéditas e outras em provas vintage. Entre elas encontram-se, claro, as do pintor da torre Eiffel - que, em 1953, valeram a Riboud a entrada para o "clube" restrito de Cartier-Bresson e Capa -, e as das duas jovens, empunhando uma flor perante os militares em Washington (1967) e levantando o punho, às costas de um manifestante, nas ruas de Paris (1968), que simbolizaram os importantes movimentos sociais e políticos que marcaram esse final da década de 60, nos dois lados do Atlântico.
Mas a câmara de Marc Riboud fotografou também, antes e depois destas datas, os principais protagonistas e os grandes acontecimentos políticos verificados na China e Índia (anos 50), a descolonização da Argélia e de outros países de África, ou ainda a Guerra do Vietname, ajudando assim a fazer o retrato da segunda metade do século XX. .
Ao lado destes registos mais históricos, a exposição dá ainda a ver a faceta mais pessoal e íntima da vida deste "homem honesto e corajoso, poeta tão interessado pelo homem como pela natureza, e com uma sensibilidade sempre vigilante e vibrante de ternura e de humor", diz a escritora Sophie Nauleau, no catálogo que acompanha a exposição. .
O Instinto do Instante - 50 Anos de Fotografia, de Marc Riboud Musée de la Vie Romantique, Paris . Até 26 de Julho
Maputo - O foto-jornalista moçambicano Ricardo Rangel, 85 anos, morreu hoje em Maputo, enquanto dormia, disse à Lusa fonte familiar.
Ricardo Rangel, uma referência na área da fotografia em Moçambique, através da qual denunciou a ditadura colonial, participou em dezenas de exposições em diversos países, incluindo o Museu Guggenhheim, em Nova Yorque, e foi condecorado com o grau de Oficial das Artes e Letras pelo governo francês.
Começou a trabalhar na área da fotografia aos 17 anos, num laboratório, passou pelo jornal bi-lingue "Lourenço Marques Guardian" e depois entrou para o jornal "Notícias da Tarde", onde foi o primeiro foto-jornalista não branco.
Na década de 60 foi editor do jornal "A Tribuna" e trabalhou posteriormente noutros órgãos de comunicação social, como o "Diário de Moçambique" ou "Voz Africana", sendo co-fundador no início da década seguinte da revista "Tempo", a primeira a usar cor em Moçambique.
Já depois da independência foi editor de fotografia no jornal "Notícias" e depois do semanário "Domingo", estando na origem, em 1981, da Associação Moçambicana de Fotografia.
A partir de 1984 criou e dirigiu o primeiro Centro de Formação de Fotografia. .
Era um nome maior da fotografia em português e também da fotografia portuguesa que se fazia em Moçambique, antes da independência. Fotógrafo moçambicano antes e depois, mestiço de muitas origens, grega por parte do pai.
da série O Pão Nosso de cada Noite, anos 60/70
.
Foi o primeiro fotojornalista "de cor" na imprensa branca - desde o «Notícias da Tarde», em 1952, depois, no Notícias, 1956; A Tribuna, 1960-64; Diário de Moçambique, Beira; Notícias da Beira, 66-67; e Tempo (co-fundador em 1970); fotógrafo-chefe no Notícias em 1977; director do semanário Domingo, 1981, etc. Foi também o pilar da criação em 1983 do Centro deFormação Fotográfica em Maputo (de Documentação e Formação - a partir de 2001), que continuava a dirigir - tinha 84 anos.
.
A França concedera-lhe o grau de Oficial das Artes e Letras em 2008 e era doutor "honoris causa" pela U. Eduardo Mondlane (Outubro de 2009) - ver: http://www.jornalnoticias.co.mz/.
.
Em 2005 - http://arquivo.maputo.co.mz - publicou O Pão Nosso de Cada Noite, a sua mais famosa série de fotografas (as mulheres e os bares da Rua Araújo, imagens furtivas dos anos 60-70), num álbum que veio imprimir em Santo Tirso, mas sem distribuição em Portugal - onde tinha exposto em 1998 (no Arquivo Fotográfico de Lisboa - ver aqui ).
.
O Centre Culturel Franco-Mozambicain e Editions Findakly (Paris) editou uma 1ª monografia em 1994: Ricardo Rangel Fotógrafo de Moçambique / Photographe du Mozambique (bilingue), com textos de Zé Craveirinha ("Carta para o Ricardo sobre as suas fotografias") e Mia Couto ("Os deuses espreitaram por seus olhos"), e uma curta biografia. Fotografias de Moçambique, 1953-1993. 120 pp.
Ricardo Rangel, Pão Nosso de Cada Noite / Our Nightly Bread (bilingue), textos de Calane da Silva ("Pão de neon na rua da vida"), José Luís Cabaço ("Ao Ricardo Rangel pelois seus 80 anos"), Luís Bernado Honwana ("Ricardo Rangel e o aparecimento do fotojornalismo em Moçambique"), Nelson Saúte (Carta a Ricardo Rangel) e dois poemas de José Craveirinha ("Felismina") e Rui Nogar ("Xicuembo"). Ed. Marimbique (impresso na Norprint, Santo Tirso - 1000 ex.), 2004.
Ricardo Rangel Fotógrafo / Photographer (bilingue), texto de Calane da Silva, Col. Les Carnets de la Création, Éditions de l'Oeil, Montreuil (com a colaboração da Embaixada de França em Moçambique), 2004. 24 pp. (apenas com fotografias de crianças)
Iluminando Vidas - Ricardo Rangel e a Fotografia Moçambicana, ed. Bruno Z’Graggen e Grant Lee Neuenburg - Christoph Merian Verlag, Basel 2002. 168 pp.
. textos de Allan Porter (Perspectiva de Moçambique), Simon Njami (Saudade), António Sopa (O Fotojornalismo em Moçambique), Calane da Silva (Homenagem a R. Rangel).
. Fotografias de Ricardo Rangel e também Rui Assubuji, José Cabral, Luis Basto, Joel Chiziane, Naita Ussene, Sérgio Santimano, Ricardo Rangel, João Costa [Funcho], Alfredo Paco, Alfredo Mueche, Martinho Fernando, Ferhat Vali Momade, Albino Mahumana, Alexandre Tenias.
Auditório Municipal Augusto Cabrita até 28 de Junho
Jornal do Barreiro | 08-06-2009 .
Foi inaugurada, no passado dia 30 de Maio, no Auditório Augusto Cabrita, no Barreiro, a exposição do projecto “Olhar o Barreiro... de outro modo”.
Trata-se da apresentação dos projectos fotográficos realizados durante o Workshop “Olhar a Fotografia… de outro modo”, ministrado pelo presidente da Associação Portuguesa de Arte Fotográfica (APAF), António Lopes. .
“Olhar o Barreiro… de outro modo” conta com a participação de 20 fotógrafos que apresentam um conjunto de olhares contemporâneos sobre a cidade do Barreiro. Através das suas fotografias procuram transmitir ideias e sentimentos sobre a cidade, de onde, a maioria é oriunda.
.
Durante a inauguração, que contou com a presença da Vereadora da Câmara Municipal do Barreiro (CMB) responsável pelo Departamento de Acção Sócio-Cultural, Regina Janeiro, e do presidente da APAF, entre as mais de mais de duas centenas de presentes, foi lançado um novo desafio aos formandos do workshop: o desenvolvimento de um projecto, em colaboração com a CMB, na área do património industrial e ferroviário, a apresentar no próximo ano, no mesmo local.
.
Contactos: Auditório Municipal Augusto Cabrita, Avenida Escola de Fuzileiros Navais – Parque da Cidade, 2830-150 Barreiro. Telefone: 21 214 7400. Fax: 21214 7401. E-mail: cultura@cm-barreiro.pt. Os horários de abertura ao público desta mostra, patente até 28 de Junho, são os seguintes: de terça a sexta-feira, das 9h00 às 13h00, das 14h00 às 19h00 e das 20h00 às 22h00. Sábados, domingos e feriados, das 14h00 às 19h00 e das 20h00 às 22h00.
São apenas 12, mas o fundador da Magnum fez no desembarque da Normandia das melhores imagens da história do fotojornalismo
.
Luiz Carvalho
10:00 Sábado, 6 de Jun de 2009
.
.
As imagens de Capa fazem parte da história do fotojornalismo
.
Têm todos defeitos para serem das piores fotografias de uma reportagem. Estão tremidas, desfocadas, com uma luz difusa, e para uma reportagem completa não se pode dizer que dêem uma grande possibilidade de escolha, pois são apenas 12 fotografias. Mesmo assim são consideradas - apesar de todos estes defeitos técnicos e editoriais -, das melhores imagens da história do fotojornalismo.
Trata-se das fotografias míticas do mítico Robert Capa, o mesmo que imortalizara a morte em combate do republicano espanhol na Guerra Civil, o mesmo que dois anos depois do desembarque dos americanos na Normandia, fundou a agência fotográfica Magnum.
.
A história dessa dúzia de fotografias, também elas sobreviventes da guerra, é contada pelo então director de fotografia da delegação da "LIFE " em Londres, 24 Upper Street Wimpole, John G. Morris no seu livro "Des Hommes d`Images". Morris descreve com dramatismo e humor os dias difíceis em Londres, entre bombardeamentos persistentes e a necessidade de furar o controle da censura, o arranjar formas de fazer chegar a Nova York fotografias da luta contra o domínio nazi. A "LIFE " tinha a trabalhar para a delegação em Londres os então mais cotados fotojornalistas do mercado. Destacavam-se Bob Landry, George Rodger, Frank Scherschel e o já famoso Robert Capa.
.
A preparação da reportagem do desembarque na Normandia foi meticulosamente preparada pela "LIFE ", que fazia questão em concorrer taco-a-taco com as agências noticiosas, o que deixava algum mal estar junto destas. A "LIFE " considerava que as suas fotografias deveriam ser as melhores e as mais exclusivas. Por isso destacou seis fotógrafos, contra outros seis das outras três agências presentes.
.
Com a influência política que a "LIFE " tinha, e graças ao prestígio de fotógrafos seus junto das entidades militares (caso de David Seymour que chegou a trabalhar como sargento-fotógrafo para a Força Aérea americana), John G. Morris conseguiu que Robert Capa pudesse entrar a bordo com o 16º Regimento da 1ª divisão, designada de "Easy Red" numa operação com o código "Omaha".
.
Foi um desembarque dramático, segundo relatou Capa, e esses minutos onde havia mortos e feridos por todo o lado, foram testemunhados pela câmara fotográfica Leica de Capa em quatro filmes de 36 fotos cada um.
.
Em Londres, John G. Morris, ansiava pelas fotografias, mas naquele dia não se soube nada. Nem se havia fotografias, nem no que teria acontecido a Robert Capa. Só ao fim da tarde do dia seguinte, chegou um motociclista com um pacote à sede da "LIFE ". Havia um nervosismo enorme. Havia que revelar rápido os filmes, imprimir as fotos e ir a correr com elas à censura para depois poderem seguir para a sede de "LIFE " em Nova York.
.
Os filmes começam a ser revelados por um assistente (diz-se que seria o estagiário David Burnett, hoje um decano do fotojornalismo) que decide fechar a porta do laboratório enquanto a estufa secava os filmes. Passados minutos, o estagiário corre para Morris e diz-lhe apavorado que os filmes derreteram com o excessivo calor da estufa. Morris constata que três dos filmes estão esturricados mas que no quarto se conseguem salvar 12 fotografias, aquelas que hoje conhecemos.
.
A cena é tão desagradável que Robert Capa nunca quis comentar com John G. Morris este acidente. Estas fotos ficaram para a História como testemunhos de um momento extraordinário. Há outras fotografias de outros fotógrafos de agência e mesmo da "LIFE ", fotografias tecnicamente perfeitas e que até mostram bem todo o aparato militar mas que não têm a emoção nem o sentido da história das de Capa.
.
Clique para ver no site da revista LIFE as imagens de Robert Capa