Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

sábado, 28 de abril de 2018

Entre Paço de Arcos e a Estrela

* Victor Nogueira


“Então? É hoje que vamos ao caril?”

Já andávamos há algumas semanas a falar disto, ir almoçar ao caril. Eu não conhecia mas fiquei com curiosidade. “Mas é um indiano?!” pareceu-me uma pergunta legítima. “Não, é tipo uma tasca que se chama O Queque. Mas tem sempre caril e é um espectáculo!” Ok, gosto de tascas, gosto de caril, gosto de descobrir coisas novas. “Bora lá!”
Então O Queque é mesmo uma tasca, que enche completamente ao almoço por causa do dito caril. Todos os dias há um diferente, fomos no dia do frango e do camarão. Os donos [que vieram de Moçambique] são extremamente atenciosos connosco, talvez por não nos conhecerem (ao contrário do que acontece com quase todas as outras pessoas, a quem já tratam pelo nome). “Está tudo bem por aqui?” “Estão a gostar?” “Querem mais alguma coisa?”… gosto de ser bem tratado e de simpatia genuína.


Foto e texto in http://www.ondevamosjantar.com/o-queque/
***


O Queque -  não confundir com Os Queques da Linha, mais abaixo - fica  ali em Paço de Arcos, numa rua muito íngreme, em que é preciso comer um bife para subi-la e meter travões aos pés para descê-la, ali na Rua Instituto Conde de Agrolongo 3C.

Foi pois este o restaurante de  clientela maioritariamente habitual escolhido para o almoço, já meu conhecido dos tempos em que lá íamos almoçar comida africana com os meus pais e posteriormente com outras pessoas, como o meu filho Rui Pedro ou as minhas tias Lili e Chicolateira ou pessoas amigas. O dono é sempre  superatencioso, com um Yah na conversação como a minha mana Clarisse, também moçambicana, embora não esteja bem certo que ainda se recordasse de mim após uma ausência de alguns anos.  No entanto desta vez a escolha não foi o caril ou outra iguaria africana mas apenas entrecosto assado.

O tempo instável, ora quente e abafado, ora frio e negramente nublado, malogrou mais um passeio ao longo do paredão em Paço de Arcos pelo que o rumo foi reorientado  mais para nascente, para Belém, junto aos Museus de Arte, Arquitectura e Tecnologia e o da Electricidade, que não visitámos, culminando numa breve visita à Basílica da Estrela e um café numa esplanada junto ao lago onde evolucionam patos reais com suas crias, no aprazível jardim fronteiro, onde ia muitas vezes nos meus tempos de estudante em Económicas, para deambular, ler ou estudar. Penélope diz que nunca vira o Jardim com os olhos de hoje, desta tarde. Por fotografar ficou o quiosque Arte Nova, junto à Basílica.

O Jardim da Estrela ou de Guerra Junqueiro, um dos passeios públicos da burguesia oitocentista e subsequente, com o  seu coreto, tem espalhadas por ele vários conjuntos escultóricos.

Em Belém o sossego da tarde era quebrado pelo movimento contínuo de aviões com origem ou destino no Aeroporto General Humberto Delgado.


Guitarra na Proa -Homenagem a Amália Rodrigues, ao Fado e a Lisboa, da autoria de Domingos de Oliveira, inaugurada em 14 de Abril de 2000, na Av. Brasília, junto ao rio e frente à Cordoaria.


Ponte 25 de Abril e Monumento a Cristo-Rei, em Almada







À sombra do Museu de Arte, Arquitectura e Tecnologia


Ao fundo o Museu da Electricidade





Jardim da Estrela









De autoria desconhecida, seria talvez uma de duas estátuas que representam os rios e que foram cedidas à Câmara, em 1876, pela Real Academia de Belas Artes.








O elegante coreto foi construído em 1884 e colocado neste espaço verde em 1936. Anteriormente situava-se na Avenida da Liberdade


Ao Jardim da Estrela se refere António Gedeão no seu poema "Saudades da terra"

(...)

E também gostei muito do Jardim da Estrela
com os velhos sentados nos bancos ao sol
e a mãe da pequenita a aconchegá-la no carrinho
e a adormecê-la
e as meninas a correrem atrás das pombas
e os meninos a jogarem ao futebol.
A porta do Jardim, no inverno, ao entardecer,
à hora em que as árvores começam a tomar formas estranhas,
gostei muito de ver
erguer-se a névoa azul do fumo das castanhas.

(...)

Texto integral do poema em https://jardimdaestrela.wordpress.com/2015/06/12/antonio-gedeao/



Basílica da Estrela




A Basílica da Estrela (ou Real Basílica e Convento do Santíssimo Coração de Jesus) são um templo e um antigo convento de freiras carmelitas edificado  num local conhecido por Casal da Estrela, propriedade da Casa do Infantado, conjunto erguido em cumprimento duma promessa. Com efeito, na segunda metade do século XVIII, D. Maria I e D. Pedro III  prometeram construir uma igreja se tivessem um filho para herdar o trono. A criança nasceu mas veio a falecer antes da conclusão das obras deste monumental conjunto arquitectónico, similar ao Convento de Mafra.


Fotos em 2018.04.27

Sobre a estatuária do Jardim poderá ver os verbetes 
em https://jardimdaestrela.wordpress.com/:


terça-feira, 10 de abril de 2018

Azulejaria civil (16) em Setúbal - cazza de commercio de fazendas e de lã

* Victor Nogueira

Na esquina da Rua Serpa Pinto com o Largo da Ribeira Velha esta foi uma "cazza de commercio de fazendas e de lã, linho, algodão e seda, nacionaes e estrangeiras, por atacado e a retalho, e um variado sortimento  de bijoterias e fato feito", entretanto substituído por um restaurante, De pedra e sal. Produzido pela Casa do  Ferreira das Tabuletas, de Lisboa (1) e da  Fábrica de Cerâmica da Viúva Lamego, neste painel de azulejos estão representados a Industria e o Commercio, como se figuras de convite fossem.

(1) http://www.cm-lisboa.pt/equipamentos/equipamento/info/casa-do-ferreira-das-tabuletas
https://pt.wikipedia.org/wiki/Casa_do_Ferreira_das_Tabuletas
http://www.patrimoniocultural.gov.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/74474/
https://pt.wikipedia.org/wiki/F%C3%A1brica_de_Cer%C3%A2mica_da_Vi%C3%BAva_Lamego




Commercio






fotos em 2018.03.24



Indústria


Commercio


Commercio


Commercio


Indústria


Commercio



fotos em 2017.05.02

Guto Carneiro - Marca d’água realmente assegura direito autoral?

Fotografia DG - Referência em Dicas de Fotografia


* Guto Carneiro

20/04/2013 

Vejo muitas discussões acerca do uso de marca d’água em fotografias como forma de assegurar o direito autoral sobre a imagem. Em minha humilde opinião pessoal, não acho bacana usar marca d’água. Primeiro porque corrompe a foto, violando a integridade da imagem. E depois porque a marca d’água não nos assegura necessariamente contra o uso indevido de nossa fotografia, tampouco preserva a autoria, a não ser que façamos uma marca imensa bem no meio da foto, o que não me parece uma boa ideia, por cobrir e poluir informações essenciais à qualidade da imagem.

Uma das opções para evitar este tipo de poluição visual é a utilização de uma marca pequena num canto da imagem, em local onde há menos ou nenhuma informação, o que não prejudicaria o resultado final.

No entanto, analisemos que, se o local onde a marca foi inserida é dispensável à foto, o que impediria um usuário com má-fé de simplesmente recortá-lo, retirando aquele pedacinho da borda ou cobri-lo em algum programa de edição, usando todo o restante da imagem?

O que fazer então para proteger nosso trabalho fotográfico? Deixo uma dica pra quem, assim como eu, não nutre muita simpatia com a marca d’água: PUBLIQUE! Atualmente, a grande maioria dos sites – senão todos – mantém o registro da data e horário da publicação. Sem falar que há uma infinidade de sites que permite a publicação sem cobrar nada por isto.

Grande parte das pessoas ainda acredita que, excetuando-se a ostentação do nome do autor gravado na própria obra, o registro em órgão específico será a única forma plausível de proteção dos direitos autorais que sobre ela recaem. Neste caso, é preciso desembaralhar alguns conceitos, lembrando que o registro é importante sim e assegura de forma bastante eficaz não a proteção, mas a comprovação da autoria. Ou seja, a finalidade precípua do registro é fazer prova, o que significa que para você ser considerado o criador da imagem, não estará obrigado a registrá-la, desde que possa comprovar esta titularidade através de outros meios.

Este tema é regulamentado no Brasil pelos artigos 18 e 19 da Lei nº 9.610/98 (Lei de Direitos Autorais) e em Portugal pelo artigo 12º do Código do Direito do Autor e dos Direitos Conexos, os quais afirmam que o direito do autor será reconhecido, independentemente de registro, sendo este último uma faculdade do autor da obra, não constituindo uma obrigação.

Desta forma, a mera publicação assegura minha titularidade, desde que eu o faça antes que qualquer pessoa o tenha feito. Assim, se o site que eu utilizo mostrar o dia e a hora da minha publicação, isto será o bastante. Imagine uma situação na qual acabei de chegar de uma sessão fotográfica e tratei de publicar imediatamente as imagens que produzi.  Considerando que num intervalo curto, digamos, de uma hora depois, algum usuário mal intencionado copia minha fotografia e publica em seu site como se fosse sua, ambas as publicações – a minha e a dele – guardarão o registro do dia e da hora da postagem. Ao tomar conhecimento de que minha fotografia está sendo indevidamente creditada a outro titular, posso processá-lo para reaver minha titularidade e comprovar minha autoria. Bastará comprovar em juízo a hora da minha publicação e será fácil perceber que antes de mim ninguém havia publicado aquela imagem, lembrando que o outro usuário somente o fez depois de mim. Isto aponta para o fato de que ele – ou quem quer que fosse – não teve acesso à foto antes da minha publicação.

Logicamente, a publicação em algum site ou outra forma de mídia envolve uma série de outros fatores que deverão ser levados em consideração de acordo com o interesse do autor. Digamos que o fotógrafo não queira expor sua foto, ou não queira arriscar tê-la baixada, etc. Vale lembrar que uma vez que você jogue seu arquivo publicamente na Internet, estará sujeito que qualquer usuário faça cópia e se utilize indevidamente. Daí, evidentemente será difícil controlar em quantas mãos aquela foto irá chegar. Mas, este é outro assunto e este artigo singelo jamais terá a pretensão de esgotar todas as possibilidades a que o tema conduz. O que importa é que, se por um acaso, você puder identificar o abuso ao seu direito autoral através da divulgação não autorizada de uma foto sua, poderá comprovar sua autoria demonstrando a data em que foi publicada, sem necessariamente ter que fazer uso de marca d’água, caso você compartilhe o pensamento de que isto irá poluir o visual da fotografia que lhe deu tanto trabalho obter.

Por fim, lembro que a publicação não é a única forma, além do registro, para proteger o direito autoral, mas apenas mais uma, haja vista que os ordenamentos jurídicos brasileiro e português não consideram o registro como requisito obrigatório à comprovação de autoria da obra. Da mesma forma, marca d’água não assegura proteção, bastando imaginar que o mesmo sujeito que se apropriar indevidamente da minha fotografia e apagar ou cobrir qualquer marca d’água ali inserida poderá substituí-la por outra se este for o limite de sua má-fé.

https://www.fotografia-dg.com/marca-d-agua-direito-autoral/


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Cómo poner marcas de agua a mis fotos fácil y rápido