Escrevivendo e Photoandarilhando por ali e por aqui

“O que a fotografia reproduz no infinito aconteceu apenas uma vez: ela repete mecanicamente o que não poderá nunca mais se repetir existencialmente”.(Roland Barthes)

«Todo o filme é uma construção irreal do real e isto tanto mais quanto mais "real" o cinema parecer. Por paradoxal que seja! Todo o filme, como toda a obra humana, tem significados vários, podendo ser objecto de várias leituras. O filme, como toda a realidade, não tem um único significado, antes vários, conforme quem o tenta compreender. Tal compreensão depende da experiência de cada um. É do concurso de várias experiências, das várias leituras (dum filme ou, mais amplamente, do real) que permite ter deles uma compreensão ou percepção, de serem (tendencialmente) tal qual são. (Victor Nogueira - excerto do Boletim do Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, Janeiro 1973

quinta-feira, 21 de setembro de 2017

ao entardecer no Parque dos Poetas, em Oeiras, sem musa nem música

* Victor Nogueira

Pare evitar entrar no pára-arranca na travessia do Tejo rumo ao Sado, havia que preencher o tempo até às 20 horas,  Descartada a sugestão de ir sozinho contemplar a paisagem para a beira-rio afastado o sentar-me num café a ler, decidi-me por nova visita ao Parque dos Poetas. Alguma da estatuária é figurativa, outra abstracta, e pelas aleas, no lajedo, "pétalas" contêm versos de vários autores. Junto a cada escultura uma lápide faz uma breve descrição do homenageado, contendo também informação sobre o escultor. Lá no cimo da encosta, em posição dominante, o chamado Templo da Poesia.

O entardecer estava descolorido e frio, com uma desagradável aragem varrendo as áleas, a luminosidade deficiente. Fica o registo das minhas "contemplações" no Parque dos Poetas,  sem musa nem música



Marquesa de Alorna 



José Anastácio da Cunha Pinheiro Manso

Copado, alto, gentil Pinheiro Manso; 
Debaixo cujos ramos debruçados 
Do sol ou lua nunca penetrados, 
Já gozei, já gozei mais que descanso... 

Quando para onde estás os olhos lanço, 
Tantos gostos ao pé de ti passados 
Vejo na fantasia retratados, 
Tão vivos, que jàmais de ver-te canso! 

Ah! deixa o outono vir; de um jasmineiro 
te hei-de cobrir, terás cópia crescida 
De flores, serás honra dêste outeiro. 

E para te dar glória mais subida, 
No meu tronco feliz, alto Pinheiro, 
O teu nome escreverei de Margarida.    



Correia Garção





Filinto Elísio - soneto

Estende o manto, estende, ó noite escura,
enluta de horror feio o alegre prado;
molda-o bem c’o pesar dum desgraçado
a quem nem feições lembram da ventura.
-
Nubla as estrelas, céu, que esta amargura
em que se agora ceva o meu cuidado,
gostará de ver tudo assim trajado
da negra cor da minha desventura.
-
Ronquem roucos trovões, rasguem-se os ares,
rebente o mar em vão n’ocos rochedos,
solte-se o céu em grossas lanças de água.
-
Consolar-me só podem já pesares;
quero nutrir-me de arriscados medos,
quero saciar de mágoa a minha mágoa!






Nicolau Tolentino





Manuel Maria Barbosa du Bocage


António Feliciano de Castilho



Templo da Poesia






poema de Alexandre Herculano

Arrábida (Excerto)

    III

    Oh, como surge majestosa e bela, 
    Com viço da criação, a natureza 
    No solitário vale! E o leve insecto 
    E a relva e os matos e a fragância pura 
    Das boninas da encosta estão contando 
    Mil saudades de Deus, que os há lançado, 
    Com mão profusa, no regaço ameno 
    Da solidão, onde se esconde o justo. 
(texto integral em Alexandre Herculano - Arrábida)




fotos em 2017.09.20

VER TAMBÉM

Parque dos Poetas, em Oeiras

sobre a 1ª fase do Parque dos Poetas ver 

entre oeiras e lisboa, na primavera

https://www.facebook.com/vicnog.na.rede/media_set?set=a.10200406860679474.1073741826.1394553665&type=3

também pode ver

Oeiras - O Parque dos Poetas, pelo meu tio Castro Ferreira

http://osabordolhar.blogspot.pt/2007/09/jj-castro-ferreira-2.html


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