* Victor Nogueira
A Igreja do antigo Mosteiro ou Convento de Jesus de Setúbal é uma edifício de estilo gótico considerado como um dos percusores do estilo manuelino, projectado em 1494 pelo arquitecto Diogo Boitaca, na sequência de voto de Justa Rodrigues Pereira, ama de D. Manuel I. Sem o bordão ou bengala de Maria, que nomes estranhos nos parecem hoje estes, na actualidade: Justa, Hermengarda, Aldegundes, Urraca, Luna, Íria, Isolda ...
A sua igreja-salão é anterior à da Igreja do Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, que também teve como autor Diogo Boitaca, a quem se deve também o risco da Torre de Belém, em Lisboa, ou do Mosteiro de Santa Maria da Vitória, na Batalha.
Em 1888, com a extinção das ordens religiosas, o edifício é convertido no Hospital da Misericórdia, que ali funcionou até 1959 e, em 1961, é nele instalado o Museu de Setúbal. Devido às obras de recuperação do edifício conventual, os 14 painéis do Retábulo da Igreja de Jesus, conhecidos por “Primitivos de Setúbal” e considerados por especialistas como um dos conjuntos mais representativos do período renascentista português estão presentemente expostos na Galeria Municipal que funciona nas antigas instalações do Banco de Portugal. (ver)
Museu de Setúbal / Convento de Jesus - Direção Geral do Património Cultural.
A re-visita é pois à Igreja, onde a simpática e afável funcionária me pergunta se me lembro dela e do nome. Digo-lhe que sim, que me recordo da cara mas não do nome, e ela vai-me dizendo como se chama e em que sectores trabalhou na autarquia, incluindo o Urbanismo. Afinal, a Câmara de Setúbal tinha entre 1200 a 1500 trabalhadores, mas já se passaram muitos anos desde que me reformei, e natural é que se lembrem de mim, que estive sempre em evidência, inicialmente na Direcção do Departamento de Recursos Humanos e posteriormente como Dirigente Sindical e representante dos Trabalhadores, após o meu saneamento por razões exclusiva, estritamente políticas, perpetrado pelo visceralmente anti-comunista PS/Mata Cáceres.
Ao entrar deparo-me com uma guia turística rodeada por numeroso grupo de visitantes e para eles perorando, enquanto alguns se contorcionam em acrobáticas poses para fotografar este ou aquele pormenor. Percorro pois a Igreja, desço à cripta, admiro e registo os painéis de azulejos, as colunas retorcidas, os pórticos manuelinos, as campas rasas com seus brasões de armas, que marcam e pretendem perpetuar para lá da morte quem por debaixo delas está sepultado, senhores transitoriamente poderosos em vida. Quem são eles ou elas? Que fizeram em vida que merecesse a dignificação após o esfarelamentos dos ossos ? Quem mais digno como Mozart ou os líderes das revoltas camponesas ou de escravos jaz sem nome nas valas comuns ou no Poço dos Negros, enredados e amortalhados com as "malhas que o Império tece" ?
Planta da Igreja de Jesus, da vila de Setúbal e do seu convento de freiras (1699-1743) por João Tomás Correia. Este desenho representa vários detalhes do edifício hoje perdidos.
Gravura na Revista Panorama (século XIX)
cruzeiro
igreja - exterior
Por debaixo do coro-alto
acesso à torre
entrada para a cripta
interior da cripta
o coro-alto visto do altar-mor
O altar-mor, sobre a cripta
fotos em 2017.09.19
VER TAMBÉM
SOBRE O EDIFÍCIO CONVENTUAL VER
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